08 | Enfim

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E ai, cara de bunda. Está fazendo o que aí em Singapura?

Iiiiink, sempre tão carinhosa. — Pat diz, sorrindo sarcástico para a tela. — Pa, como você aguenta?

— Ela é carinhosa de verdade comigo.

— Mas nem sempre, né? — Ink sugere, enquanto cutuca Pa, a olhando com malícia.

Ink! — Pat e Pa falam juntos, apesar do delay. Pa está timida e Pat, constrangido.

Shia, estou brincando! — Ink sibila.

hm. Estão tomando conta do meu apartamento?

Olha, enquanto estivermos pagando aluguel, ele é meu e da Pa!

— E o seu aluguel está me ajudando a pagar as parcelas. Então, teoricamente, vocês estão comprando um apartamento para eu e Pran. HÁ! — Pat provoca e Ink lhe mostra o dedo do meio.

— Já que tocou no assunto, Pat... — Pa se posiciona em frente à tela e caminha pela sala tão familiar para o rapaz. Ela intercala para a câmera traseira. — É realmente muito fofo esse seu painel da sala, mas ele é um tanto grande... e é de vocês. Vou levar para casa dos nossos pais.

— Pa! Nosso pai está bonzinho, sim, mas ainda não sei se confiaria isso a ele. — Pa revira os olhos.

Não quero saber, dêem um jeito de tirar isso daqui!

— Ok, Ok. — Concorda, fazendo bico. — Ligaram para me desejar feliz aniversário?

— Ah, é hoje? — Ink dá de ombros.

Ink! Você não me dá um descanso. — Diz, aparentando estar realmente desapontado.

— Estou brincando, Pat, não seja um bebê chorão. — Pat enxuga lágrimas fingidas. — Feliz aniversário, cabeçudo.

— Foi Pran que te ensinou isso, não foi?

— Ei, o que estão falando sobre mim? — Pran entra na varanda segurando um pequeno bolo de aniversário, com duas velinhas representando os vinte e sete anos de Pat, que aparentemente não sabia o que estava acontecendo. Seu celular apita anunciando uma solicitação do Korn para entrar na chamada de vídeo.

Cheguei atrasado para a surpresa? — Korn pergunta assim que aparece na tela e vê Pran segurando o bolo atrás de Pat.

— Falei para você não ir tomar banho aquela hora. — Wai o repreende e dá um empurrão no namorado.

— Não é culpa minha que você sempre quer tomar banho comigo!

— Ei, hoje o dia é sobre Pat! Parem de desviar do objetivo, seus pervertidos. — Pran se senta ao lado do namorado na nova mesa que compraram para a varanda deles. Havia sido o presente que Pat quis dar a si mesmo como boas vindas à casa nova.

— Isso, Pran! Pelo menos tenho um namorado que me defende e faz bolo pra mim.

— Não abuse da minha paciência, Pat! — Fala lhe deixando um tapinha na nuca.

— Baby! Doeu!

E de repente nada mais se entendia naquela ligação. Eram apenas risadas e pirraças de Wai e Korn e Ink e Pa se chamando de baby durante toda a video chamada, mesmo após cantarem o parabéns virtual mais demorado que já presenciaram e dos milhares de beijos que Pat deixava nas covinhas de Pran sempre que Wai falava algo com o amigo. Passaram quase duas horas conversando como se estivessem reunidos na mesa de um bar em Bangkok, rindo e falando besteiras, lembrando dos anos que passaram e dos antigos planos para o futuro — e também, das confusões em que se meteram, mas que os trouxeram essa amizade tão valiosa. E todo esse amor.

E mesmo depois do fim da chamada, continuam os dois na varanda, tomando vinho, comendo bolo e conversando, ou apenas calados admirando as linhas e luzes de Singapura, até que o sol da tarde é encoberto por uma nuvem pesada, os convidando a entrar.

— Leva as taças, que eu pego o resto. — Diz Pran, apressado para sair da varanda que era coberta por uma laje, mas o vento trazia toda chuva para dentro.

— Pran, espera. — Pat captura Pran em seus braços e o segura firme.

— Pat, me solta, vai molhar tudo!

— Pran!

(Sugestão de música: Summer Rain | Brian Look )

Pat insiste, e Pran presta atenção. E acha que entendeu. A chuva era evidência, não era? Mais uma lembrança de todas as vezes em que choveu nas cidades distintas, escancarando a distância entre os dois. Olhe Pran, a chuva está nos molhando, Pat diz, e Pran entende como "veja, eu estou aqui com você". E cada gota que lhes tocava a pele, era a prova. Como as bolhinhas de espuma no banho; como a vasilha sobre a mesa do escritório; como as cartas e bilhetes para lembrar; como as coisas espalhadas pela mobília da sala e do quarto e da cozinha e da varanda; como o cheiro esparramado em seu colchão; como o pequeno sofá; como o mês que passou e os tantos outros que virão; como a bagunça e toda assimetria; como o símbolo do chaveiro que curou o passado; como a mesa que não era utilizada, e passou a ser, e também, como a nova só dos dois; como os vincos e dobras no tapete; e como as lágrimas e todos os abraços. Como a vida realmente deve ser.

E a mesma chuva, que lava cada lágrima de saudade — que não mais se fará —, sela o passado, o presente e o futuro de dois rapazes que deveriam se odiar, mas encontraram o amor. E mesmo hesitantes e inseguros, fizeram desse amor, a maior luz — que ilumina toda vida —, e o maior som — que preenche todo lugar. E que faz de qualquer casa, vida. E de qualquer espaço, lugar.

E eles estão juntos — na mesma casa e no mesmo lugar, enfim.

— Você vai mesmo ficar? — Pran o olha de perto, sendo abraçado forte por Pat.

— Eu vou ficar. — Diz, e lhe deixa um beijo na testa, molhada pela chuva.

— Você vai ficar. — Pran sorri e encosta a cabeça no peito do outro.

— Eu já estou aqui, baby.

— Você já está aqui. — Diz, admirando os lábio desenhados de Pat que escorrem a água da chuva, sem acredita no que sai de sua própria boca. — Pra ficar.

— Sim, eu estou aqui, e não vou sair do seu lado nunca mais.

*

MariJoopter

Postei uma história bônus [+18] chamada: TEMPO

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[04] • ENFIM • [ BadBuddy | PatPran ] ):)Onde histórias criam vida. Descubra agora