07 | Caminhos

793 63 191
                                    

[+18]
*

— Tchau Sra. Dissaya. Tem certeza que não quer que a gente vá com você?

— Não meninos, está tudo bem! Estou com pouca bagagem.

— Tudo bem, tchau . — Dá um abraço mais apertado do que todos os outros das duas últimas semanas, enquanto cheira o topo de sua cabeça.

— Te amo filho. — Ela diz, segurando o rosto de Pran com as duas mãos. Olha para Pat e retira uma mão do rosto do filho, a colocando na bochecha do genro. — Se comportem!

— Mé! — Pran protesta, desviando do olhar suspeito de Dissaya, enquanto gira o corpo dela em direção à porta do carro. — Depois dessa, já pode ir.

— Sra. Dissaya! — Pat chama urgente e a abraça sem pressa para soltar. — Obrigada por tudo.

Ela olha para o filho que ganhou e assente. Entra no táxi e se despede pelo vidro da janela. Pat e Pran, agora, sozinhos na rua de Singapura, acenam por tempo demais para o carro que se vai, até que suas mãos soltas se encostam. Pran olha para Pat, que assiste aquelas duas mãos juntas e como se fosse a única coisa possível a se fazer, enlaça seus dedos nos do outro e aperta forte. A mão do seu namorado. Que está com ele em Singapura. Ele não vai dormir sozinho hoje a noite. Nem pelas próximas duas semanas, segundo Pat o informou.

— Podemos andar de mãos dadas na rua por mais um tempinho, baby.

Eles entram no elevador e Pran se solta das mãos do outro, as colocando para trás, se posicionando na frente de Pat dentro do cubículo, reduzindo o espaço distante entre seus corpos, como no dia do "manjericão" na praia, em toda aquela situação, com olhares firmes e o gelo que ele dava no Pat, mas sem ignorá-lo dessa vez, inciando um jogo de provocação na própria mente — que, claro, Pat entendeu. Eles não dizem nada. E ficam cada vez mais perto. Respiram cada vez mais perto. E se olham. Diferente de como se olhavam quando Dissaya estava ocupando a sala. Eles se observam, agora, como dois homens que não vão se privar da vontade que sentem. E eles sentem muita vontade. E bastou que o elevador sinalizasse que havia chegado ao vigésimo sexto andar, para que Pat o beijasse imediatamente.

E de repente, eles eram dois corpos bagunçados se batendo pelas paredes do corredor, rezando para que nenhum vizinho aparecesse, até que eles atravessassem todo o caminho para chegar à porta de Pran. E chegam, enfim. E Pran não tem cuidado algum com a mobília. Ou com a porta. Ele quer incomodar e vai deixar que Pat bagunce o que quiser. Mas assim que Pran tira a própria camisa e pressiona o corpo de Pat contra a parede, se sente ser erguido pelo outro que o segura no colo, abraçado pelas pernas compridas e os encaminha para o quarto, como se quisesse preservar o resto do apartamento. Ou guardar para depois. A segunda opção. Mas, na verdade, Pat pensa que ainda existe muito que aquele quarto não conhece. Como o gemido arranhado que Pran profere, quando Pat enfia seus dedos fundo e sem avisar, e o outro concorda, pedindo por mais; ou o corpo solto do Pran quando se arrasta preguiçoso sobre o membro de Pat, e vai acelerando, pouco a pouco, até estar pulando descompassado sobre ele, com a cabeça jogada para trás, e a mão no próprio membro, e o cabelo grudado na testa pelo suor, e os olhos sustentados nos seus, e essa é uma cena da qual Pat nunca consegue desviar; ou até quando Pran desacelera, e seus gemidos são mais doces e Pat se mexe manso, ofegante, impulsionando sua cintura para cima, incentivando aquele corpo solto; ou também, quando Pran se retira do pau do outro, apenas para se colocar de novo, devagar, e de novo, fazendo o quadril de Pat tremer, até que entrasse no ritmo, encaixando com mais força para que Pran entrasse no ritmo também. Acelerado. Sacudindo seus corpos na cama. Apresentando ao quarto esse novo Pran. O som que ele faz. Um gemido alto, como se lamentasse por algo, mas em seu olhar, é pura satisfação que se vê, e que se confirma com a marca da covinha se formando naquele sorriso presunçoso do prazer de ter Pat se desfazendo dentro dele mais uma vez naquele dia. Então, se abaixa e aproxima seu rosto do outro para que se assistam. E se admirem. Se escutem. E mesmo com os movimentos duros de Pran, o tempo para e tudo que eles vêem são os olhos marejados e a pele nua amassada, iluminando aquele quarto mais do que a luz de toda manhã. Com o polegar, Pran captura uma gotícula de suor que estava prestes a escorrer pelo nariz do outro e desenha com seu dedo o formato de meio coração. Enquanto tenta se equilibrar em meio às investidas de Pat, ao som da pele espalmada de seu quadril no do outro, traça com o indicador a outra metade no rosto, passando a palma de sua mão por cima da cabeça de Pat, completando o coração, guiando o dedo para seus lábios assim que chega no queixo. Suas testas se encostam. Seus corpos balançam. Suas bocas se abrem e emitem os sons mais lindos que aquele quarto jamais ouvira, e passou a conhecer. E que o resto da casa também conheceria.

[04] • ENFIM • [ BadBuddy | PatPran ] ):)Onde histórias criam vida. Descubra agora