Love In The Dark. (L.S)

Capítulo 16.

PASSADO.

Faz um mês que Harry foi embora. Simples, rápido e como se fosse a coisa mais fácil desistir de nós dois. Sempre que vejo os olhos lembro como se estivesse no seu apartamento, de joelhos, aos prantos implorando para ele ficar. Pedindo a todas as santidades possíveis que ele ficasse, pedindo para ele, a pessoa que até então eu acreditava ser o amor da minha vida, que continuasse me amando.

Lavo o meu rosto no banheiro pequeno do apartamento dos meus pais. Fecho os olhos, pois não quero me olhar no espelho e tenho mais um flashback. Estou no apartamento de Harry sozinho, no dia seguinte deitado na cama que era nossa dormindo com a única peça de roupa que ele deixou. Uma blusa antiga da banda The Police, a mesma blusa que estou usando nesse momento e em todos os últimos 30 dias que se sucederam desde que ele foi embora. O seu cheiro está saindo, um perfume caro da Gucci que não me lembro o nome agora, talvez seja melhor, se eu soubesse iria para a loja mais próxima e compraria o estoque.

Abro os olhos querendo afastar a memória, mas o que vejo no espelho me deixa ainda mais triste. As maçãs do meu rosto estão ainda mais evidentes, as olheiras profundas e escuras fazem parecer como se eu estivesse há dias sem viver adequadamente como um ser humano normal.

Escuto a voz do meu papa me chamando e seco meus rosto rapidamente, saindo do banheiro vejo o mesmo colocando a mesa de jantar com um sorriso grandioso, mas seus olhos demonstram a mais pura preocupação.

"Mon prince, vamos comer um pouco." Ele me pede andando na minha direção e fazendo um carinho no meu cabelo.

"Estou sem fome." Não é mentira, realmente não sinto fome nesse último mês. Meu papa me olha com os olhos perdidos e por menos de um segundo vejo raiva em seu olhar, mas ele apenas acena e volta à cozinha.

Pego meu celular e entro mais uma vez nas mensagens vendo que Harry visualizou a última que o mandei nesta manhã, mas continua sem resposta. Tem dias que me declaro, dias que o xingo, mas hoje enviei um texto que prometi que seria o último, se ele não me respondesse iria bloqueá-lo e esquecê-lo de uma vez por todas.

"Sempre pensei em liberdade com ideia de ficar sozinho, sem ninguém ao meu lado, mas agora que estou assim me sinto solitário. Quando não tenho você para me acordar de manhã ou me esperar a noite. Quando você não aparece nos meus banhos diurnos me dando beijos molhados enquanto diz repetidas vezes como sou bonito, como você desde da primeira vez que me viu queria se afogar no meu olhar. Queria se afogar em mim. Penso se apenas eu tenho essas memórias, se você as tivesse teria ido embora? É uma pergunta que me faço todos os dias desde que você partiu.

É sufocante você estar em todos os lugares menos ao meu lado. Você está no café gelado que me ensinou a tomar, está na playlist do meu celular especificamente na música 5, aquela que escutamos quando fizemos amor pela primeira vez. Está na cicatriz do meu joelho esquerdo quando corríamos felizes depois que foi aprovado no seu tcc e eu infelizmente cai. Me olhar no espelho é como se estivesse olhando nossa história.

Eu estou escrevendo esta carta aberta com sinceridade. Quando comecei a escrevê-la queria não ter o intuito de te convencer a voltar, porque na verdade queria que você tivesse ficado, queria que você mesmo sendo livre tivesse escolhido estar ao meu lado. Mas não adianta estar aqui te escrevendo, com um desejo mesmo que inconsciente de querer ser consolado por você que me fez chorar.

Prometo que se não me responder nunca mais te escrevo, irei seguir em frente como você fez um mês atrás. Prometo que finalmente aceitarei o fim do nosso ciclo."

Lágrimas começam a cair do meu rosto quando releio a última mensagem que lhe enviei há mais de doze horas. Vejo os os dois pontos azuis, mostrando que a mesma foi visualizada por ele. Mensagem enviada às 09h00, aperto e vejo que Harry a visualizou às 09h05. Deixo o telefone cair e me curvo gritando de dor, uma dor que nunca senti antes no meu coração, nem quando ele foi embora doeu tanto. Meu papá vem até mim gritando e se abaixando, me abraçando fortemente, escuto a porta de entrada e ouço o grito estridente da minha maman, mas é minha irmã que segura meu rosto me forçando abrir os olhos.