Aos olhos pertubadores

Capítulo 2 - Melhor amiga

(Esse capítulo contém cenas de sangue e violência!!!)

SAINDO DO orfanato, eu vejo todas aquelas plantas e árvores na frente como sempre, não sei ao certo onde iremos fazer o piquenique. Mas não vai ser longe, já que nós vivemos no meio de um bosque. Então todo lugar é propício para fazer um piquenique. Eu escuto a voz de Isla novamente, tento achar ela. Quando eu a acho, vejo que está conversando com Elijah e suspiro de alívio.

Nós caminhamos um pouco em direção das árvores, e chegamos em um piquenique já montado. Há algumas mesas, cestas com comida e algumas coisas para beber. Eu vejo Lucy segurando um livro, e sua mãe esperando todo mundo, elas estão sentadas em uma das toalhas que está no chão.

A Lucy é a minha melhor amiga, a única pessoa que considero amiga. E a mãe dela é a dona do orfanato. Então, Lucy vem visitar a sua mãe de vez em quando. Ela me disse que só vem para me ver, mas não tenho certeza disso.

Não consigo não reparar na beleza de Lucy, ela está bem preparada para hoje. Os seus cabelos loiros, seu nariz avantajado e sua boca machucada, fazem com que seu vestido amarelo fique ainda mais chamativo.

Lucy acena para mim. Então, aceno para ela de volta. Me questiono o porquê ela estar tão preparada para uma comemoração tão simples quanto essa. Quando chego perto dela, me sento e logo pergunto:

- Por que está tão bem vestida?

- Acordei confiante hoje! - Ela exclama, enquanto balança a sua perna. Ela parece que vai explodir, um leve sorriso em seu rosto cresce aos poucos. Eu a encaro. Espero ela falar algo, mas não vai até eu questionar.

- Ah! Fala logo. - Digo em um tom de brincadeira.

- Você se lembra desse livro? - Ela puxa um livro de suas costas, é um livro sem nome, com a capa dura e velha. Lucy o achou na nossa biblioteca, ela me mostrou a um dia desses. O livro diz especificamente sobre símbolos, que, no livro, são chamados de "feitiços", e alguns contos de terror. - Então, eu estava tentando entender um desses feitiços. E anotei as ideias que eu tive.

- Ideias? Você quis dizer, as doidices que você tem, não é? - Levanto uma sobrancelha, e me inclino para frente.

Ela solta uma risada. Eu adoro a sua risada, ela coloca a mão sob sua boca e fica com uma carinha de tonsa, com os olhos espremidos e tentando não fazer barulho.

- É, as doidices que eu tenho. Principalmente de madrugada. Mas bem, eu tentei entender especificamente este trecho. - Ela abre o livro, e tenta achar a página correta. Então, ela me dá o livro para ler, há várias coisas em uma única página. Ela aponta a qual devo ler.

Há um símbolo, provavelmente algum "feitiço". E logo abaixo há um pequeno texto:

"O seu sangue em formato de símbolo, me faz entrar em transe. Ao tocá-lo, iremos compartilhar do mesmo sangue, mas não dividiremos igualmente a nossa mente. Enquanto tu me controlas por dentro, te corroerás por fora."

- O que você acha? - Pergunta Lucy.

- Não sei te dizer, certamente isso envolve duas pessoas. Mas de resto, não sei ao certo.

Me pergunto se ela realmente acredita nas coisas desse livro. Aliás, como ele chegou na nossa biblioteca? Não sei se algum funcionário, principalmente as irmãs, aceitariam algo tão estranho quanto esse no orfanato.

- Então, eu fiz algumas anotações. - Ela tira um bloco de notas, de dentro de uma das cestas. - E bem, eu queria... - Ela olha pro lado, contraindo os lábios. - Queria testar em você.

- O que?! - Digo, quase gritando. Afastando-me dela. - Quer dizer, o que? - Sussurro.

- Você aceita? Seria de grande agrado pra mim. - Ela solta um leve sorriso, e olha pra mim com uma carinha de "Por favorzinho", piscando rapidamente.