Capítulo 5 - Gracioso balé

17 1 1
                                    

(Esse capítulo contém cenas de morte, sangue e violência explícita!!)

      O CÉU ESCURECE, e de longe, escutamos sons de trovões:

- Vamos logo! - Diz Lucy, pegando 2 gizes pretos e me entregando um deles.

Nós andamos até o centro do parque, no chão cinza e liso. Uma ventania bate de repente, e já consigo ver as árvores se debatendo. Me sinto ofegante, meu coração acelera.

Ela coloca o livro com o símbolo no chão, e começa a desenhá-lo.

- Ele tem que ser grande para cabermos nós duas, Glory. Me ajude!

Eu desenho junto a ela, há muitos pequenos detalhes em espirais, parecem vinhas de árvores. Vamos o mais rápido que pudemos, antes de começar a chover. Lucy está ansiosa assim como eu, ela respira de maneira profunda, normalmente estaria se divertindo se aventurando dessa forma. Mas não a questiono, e continuo a desenhar.

Após acabar o grande círculo, Lucy pega o vidro ensanguentado que ela havia tacado no chão, pega minha mão e fez um pequeno corte em minha palma. A chuva começa e o vento aumenta. O céu neblina.

Vejo o cabelo longo de Lucy ficando molhado rapidamente, a chuva é forte, mas não o suficiente para tirar a beleza de Lucy. Sua maquiagem escorre.

- Glory, me perdoa. Mas vamos, se sente. - Ela retira o diário de Elijah de seu bolso, é um livro pequeno, com a capa de couro. Ela o bota no meio do círculo. - O que foi que eu fiz? - Ela sussurra, ao meio dos trovões.

Nós nos sentamos, e ela me pede: 

- Lucy, precisamos manter a calma, se ficarmos ansiosas não irá funcionar. - Lucy está tremendo, e cada vez mais ofegante.

A sua ansiedade me afeta, e tremo junto a ela. Ela agarra a minha mão, suas mãos estão extremamente geladas, nos encaramos e ela diz quase sem ar:

- Respire junto a mim. - Aceno com a cabeça. -Inspira... - A repito. - Expira... - Eu expiro... - Inspira... Expira...

Aos poucos sinto-me calma, sinto um frio abundante, mas paro de tremer:

- Inspira...

Sinto a chuva, mas paro de ouvi-la.

- Expira...

Escuto os trovões, mas não me assusta:

- Inspira... Expira... - Lucy fecha seus olhos. - Inspira... Expira... - Fecho os meus sem sequer notar. - Inspira... Expira... - Repetimos isso até não escutar mais nada. Só sinto as gotas de água batendo em minha pele...

______

Abro meus olhos, e me vejo em um teatro, estou no palco, sentada ao meio de uma multidão. Há uma bailarina dançando, e de cenário tem algumas árvores e arbustos feitos de papelão. Toca uma música agitada e meio assustadora de fundo.

Não sei onde estou, nunca vim aqui antes. O lugar é enorme, há mais pessoas do que consigo ver, tudo é feito de madeira, até as cadeiras. A bailarina dança graciosamente ao ritmo da dança, mas me sinto um alvo ali no meio, minha espinha gela. Um homem, de aproximadamente 40 anos, do nada, sussurra para mim:

- Não é lindo? - Eu o olho ligeiramente confusa, vejo que no seu rosto há uma máscara de teatro. Quando noto, vejo que todos usam a mesma máscara, algumas felizes e outras chorando. - Ela dança com tanta emoção...

- Sim... - Digo, para não parecer rude.

Olho para a bailarina novamente, a peça certamente é de drama. Ela parece fingir chorar enquanto dança, é belo, mas não entendo.

Aos olhos pertubadoresOnde histórias criam vida. Descubra agora