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- Ali, acorda por favor! - diz minha irmã, Liah

Então abri os olhos e vi os gêmeos parados do lado da minha cama.

- Você prometeu que nos levaria pra tomar sorvete às seis. Já são cinco e meia. O que acha de ir se arrumar? - pergunta Liam

- Tá bom, já tô indo me trocar, depois vou na casa da Susannah rapidinho. Podem me esperar lá embaixo, não vou demorar. - digo, em seguida os dois concordam com a cabeça e saem do quarto

Troquei de roupa e arrumei meu cabelo. Peguei o moletom de Jeremiah pra devolvê-lo e, quem sabe, conversarmos.

Entrei na casa dos Fishers pelos fundos. Steven e Conrad estavam jogando vídeo game.

- Ei, vocês viram o Jeremiah? - pergunto

- Hum, não tenho certeza, mas acho que ele tá no quarto dele. - responde Conrad

- Tá, valeu.

Subo as escadas e caminho pelo corredor até o quarto de Jeremiah. Bato na porta. Ele a abre, então vejo, sentada em uma poltrona, Layla Harris. Parece que o que rolou ontem a noite não foi tão significante pra ele como foi pra mim, afinal. Me senti uma idiota.

Joguei o casaco nos braços dele e sai andando pelo corredor. Então ouvi a porta fechando e os passos de Jeremiah se aproximando de mim.

- Ei, Ali, espera. Vamos conversar? - pergunta

Eu paro e viro pra ele.

- Não. - digo

- Por que? Não vai demorar, prometo. Me ouve.

- Eu tenho compromisso, e também porque não quero te ouvir.

- Ah, verdade! Você tem que sair com Noah Jones. Aproveite o tempo com ele.

- Leu minhas mensagens?! Não acredito.

- No restaurante, quando você foi ao banheiro, sua mãe pediu pra eu tirar uma foto dos gêmeos com seu telefone, porque eles estavam sentados em minha frente, na mesa. As mensagens tavam lá. Não foi de propósito, eu juro.

- Eu não tô nem aí pro que você diz. Aproveite o tempo com a Layla. Volta pro quarto, ela tá te esperando.

Então desci as escadas correndo pra que não desse tempo de me perguntarem nada.

Eu mantive minha promessa e fui levar meus irmão na sorveteria, porque eles estavam muito contentes com a ideia e eu não queria desaponta-los. Eu fiquei o tempo todo pensando no que tinha acontecido. Não esperava isso de Jeremiah, não mesmo. Eu acredito que ele realmente não tenha lido as mensagens de propósito, mas o que me chateia mesmo é o fato dele ter chamado a Layla pra dar o troco ou sei lá! Pensando por outro lado, talvez o que aconteceu ontem à noite não tenha significado nada, mas então por que ele me chamou pra conversar? Se não significou nada, era melhor nem dizer nada. Que merda, eu odeio essa sensação. Só não queria mais pensar nisso.

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Fazem dois dias desde a discussão com Jeremiah. Eu fiz o máximo pra evitá-lo. Ontem foi dia quatro de julho, ou seja, os pais estiveram aqui. Meu pai disse que vai voltar antes do verão acabar, pra passar uns dias. Eu fiquei contente, embora duvide.

Hoje pela manhã, eu estava lendo em meu quarto quando ouvi uma batida na porta. Então fui até ela e a abri. Era Conrad.

- Oi, Cony! - digo

- Oi! - ele responde - As mães pediram pra eu comprar algumas coisas no mercado. Como o Jeremiah e o Steven tão trabalhando no clube e a Belly foi em mais um desses eventos de debutante, sobrou pra mim. Queria saber se você quer vir comigo.

- Ah, claro. Vamos.

Ontem à noite Belly e Conrad quase se beijaram, mas foram interrompidos por Steven. A Belly já tinha me dito ontem, mas hoje, quando Conrad me contou, fingi que ainda não estava sabendo. Ele estava tão contente, no carro, quando me explicou o que tinha acontecido, que parecia o antigo Conrad. Estou tão feliz por eles dois, sei que Cony tá contente e sei que a Belly também tá, porque ela gosta dele faz muito tempo.

Nós aumentamos o volume do som do carro e fomos cantando até chegar no mercado. É, ele realmente tava parecendo o antigo Conrad.

- Ei, o que acha de pegarmos umas cervejas? - pergunto

- Acho uma boa, mas as mães iam reclamar se bebêssemos em casa, porque tá de manhã. - ele responde

- Então a gente para e bebe no píer, aquele que fica no caminho de casa.

- Boa.

Depois disso, pegamos tudo que tava na lista de compras e pagamos.

O píer tava vazio, então ficamos lá conversado sobre uma porção de coisas.

- Ali, posso te perguntar mais uma coisa?

- Pode ué - faço um movimento com os ombros

- Promete que não vai ficar brava?

- Tá.

- O que rolou com o Jeremiah naquele dia, lá em casa? Ele não quis falar sobre.

- Eu respondo se você responder uma pergunta minha, com sinceridade.

- Tá bom então.

Eu realmente não queria tocar no assunto, mas contei a ele tudo que tinha acontecido. Pedi pra que ele esquecesse e não comentasse nada com Jeremiah.

- Agora minha é minha vez de perguntar. - digo

- Manda.

- Vai dar uma chance pra você e pra Belly, não vai? Porque você realmente deveria.

- Eu não sei, Ali. É complicado.

- Por favor, Cony. Eu já disse, tem que acreditar em você mesmo.

- Não dá, eu sei que estragaria tudo.

- Se ignorar o que aconteceu, aí sim vai estragar tudo.

- Eu vou pensar nisso.

- Eu não entendo.

- Não entende o que?

- O que houve com você, Cony? Por que tá agindo assim? Você não é assim. Eu sei que aconteceu alguma coisa.

- É, aconteceu. - Conrad diz e começa a chorar, então eu o abraço, ele me abraça de volta - É a minha mãe. Ela - ele faz uma pausa - ela tá com câncer.

Não! Não pode ser! Naquele momento, senti como se nada fosse real. Não sabia o que fazer, eu não queria acreditar nisso, não podia. Porque se eu acreditasse, então seria real, significaria que a Susannah tá doente. 

- Sinto muito, Conrad. - digo, começando a chorar muito. Ainda estava o abraçando. - Sinto muito mesmo.

- Desculpa jogar isso em você, Ali. - ele continuou chorando. Muito. E eu também. - Eu descobri faz um tempo e não queria estragar o verão de vocês, por isso não contei. Minha mãe não sabe que descobri.

- Tudo bem, Cony. Não precisa se desculpar por isso. Sempre pode contar comigo. - não conseguia parar de chorar

- Eu não queria estragar seu verão, mas eu não tava mais aguentando isso sozinho.

- Eu entendo. Sinto muito.

Então ficamos lá, chorando abraçados por um tampão. Até conseguimos voltar pra casa, sabendo que teríamos que fingir que não sabíamos.

Algo mudou nesse verão - Jeremiah FisherOnde histórias criam vida. Descubra agora