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Quando cheguei em casa, naquele dia, não tinha vontade de fazer absolutamente nada. Eu só fui pro meu quarto, tranquei a porta e fiquei chorando em minha cama. Não me lembro o momento exato, mas acabei pegando no sono e só acordei por volta das três da tarde. Por mais que parecesse impossível, eu tinha que agir como se tudo estivesse numa boa. Honestamente, não sei como Conrad conseguiu guardar isso por todo esse tempo, mas se é o que a Susannah quer, então farei isso por ela. 

Eu tinha que fingir que estava tudo bem, mas não sei se conseguiria segurar o choro em todo momento, então preferi ficar só. Se eu ficasse dentro do meu quarto o resto da tarde, minha mãe acharia estranho, por isso decidi ir surfar. Ninguém me incomodaria e, se eu chorasse do nada, ninguém veria. Então o fiz.

Depois de um tempo, fui pra casa tomar um banho e me trocar, porque o jantar seria na casa dos Fishers. Quando entrei lá, mil lembranças com Sussanah surgiram em minha cabeça, como o dia que ela tentou me ensinar a pintar em telas, ou quando ela tentou me ensinar a fazer cookies. Eu fui um desastre nas duas coisas. Susannah sempre foi tão boa e atenciosa comigo, não acredito no que está acontecendo. Ela estava colocando os pratos na mesa de jantar, eu senti meus olhos começando a lacrimejar, mas não podia chorar, não agora, não aqui. Ela me viu parada.

- Oi, Ali! Você é tão linda, nunca vou cansar de te falar isso, sabia? - ela abre um sorriso - Os meninos tão lá na sala, o jantar tá quase pronto. 

Abro o maior sorriso que posso, agradeço e vou até a sala. Não podia mais ficar ali parada.

- Ali, ei! Vem jogar. - diz Steven, então eu vou. Precisava me distrair. 

Depois do jantar, nós voltamos pra sala e ficamos um tempão conversando. Mas ficou muito tarde, então me despedi deles e fui em direção a cerca. Quando cheguei lá fora, ouvi a voz de Jeremiah.

- Ali, será que nós podemos conversar? - ele pergunta

- Aham - respondo - mas não dá agora, tô muito cansada. Pode ser amanhã?

- Sim, mas - ele faz uma pausa - saiba que eu nunca faria nada pra te magoar.

Acontece que ele já tinha feito isso. Dei um pequeno sorriso, no canto da boca, e continuei andando. Jeremiah ainda é muito importante pra mim, sempre foi. Somos amigos desde crianças. Consigo me lembrar de nossos planos pra entrar na mesma faculdade, de todas as vezes que fui até Boston no aniversário aniversário dele e de todas as vezes que ele foi até minha casa pro meu, lembro de todas as idas a festas mesmo quando nossas mães não deixavam, de todas as tardes surfando, de todas as loucuras que só ele topava fazer, do colar da sorte que ele me deu, o qual eu uso até hoje e, por último, lembro do nosso beijo. Tudo isso significa algo, eu preciso escutar o que ele quer me dizer, preciso conversar com ele. Não estou disposta a jogar tudo o que vivemos, tudo o que construímos, no lixo, mas não me sinto em condição de conversar hoje, não depois daquela noticia que mexeu tanto comigo.

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Fazem dois dias desde quando Conrad me contou sobre Susannah. Ontem foi o dia do baile de debutante da Belly, Conrad a acompanhou, mas, infelizmente, a noite não acabou bem. Jeremiah descobriu tudo e, em seguida, todos ficaram sabendo. Minha mãe e Laurel já sabiam, claro, mas aquilo atingiu todos nós com a maior força, por mais que alguns, inclusive eu, já soubessem. 

Hoje de manhã fomos tomar café na casa dos Fishers. Conrad me falou que Susannah resolveu fazer o tratamento, o que me deixou muito feliz. Por mais que o caso dela seja complicado, não vou deixar de acreditar e torcer para o melhor. Depois do café, fui sozinha até a praia olhar o mar, mas quando eu estava quase voltando pra casa, Jeremiah apareceu. 

- Oi, Ali. - ele diz

- Oi, Jere. - respondo

- Será que é uma boa hora pra conversarmos?

- Ah, sim.

- Olha, eu só preciso que você saiba, eu não chamei a Layla lá em casa pra te magoar e nem nada do tipo. Eu só a chamei pra dizer que não podíamos ter mais nada, não achei legal fazer isso por mensagem. Mas quando você disse que tinha um compromisso, imaginei que seria com Noah, fiquei chateado e não te contei o motivo dela estar lá. Sinto muito por isso.

- Eu também sinto muito, porque eu não ia sair com o Noah, eu disse não a ele sem pensar duas vezes. Eu só ia sair com meus irmãos, mas quando a vi lá, desisti de te contar a verdade. 

Ele segura minhas duas mãos

- Você tem que saber que eu amo você, sempre amei, mas, agora, não só como amigo, eu tô apaixonado por você. Só consegui pensar em você durante o verão inteiro. Quando você está por perto, tudo fica bem. Eu tive medo de fazer algo e acabar estragando tudo.

- Eu também amo você, aquele beijo só me fez ter mais certeza. Você me faz sentir diferente de como eu jamais me senti e agora eu sei que gosto disso. Eu quero estar com você.

- Meu Deus - ele diz e entrelaça seus dedos nos meus - eu quero tanto isso.

- Eu também. Muito. - digo

Então ele me beija. Foi diferente de tudo, diferente do outro beijo. Não só parecia que aquilo era certo, eu tinha a certeza de que era. Agora entendo o que sinto por ele, sei o motivo de Jeremiah Fisher causar tudo isso em mim. É porque eu realmente estou apaixonada por ele, eu o amo, não só como um amigo. Eu o amo muito. Eu quero algo que vá muito além dos dias em Cousins.

Depois do beijo, ele segura no meu rosto com uma das mãos, com a outra ele me abraça pela cintura. Eu também o abraço. Então nos olhamos.

- Você não tem ideia do que me faz sentir - ele diz e sorri, eu também sorrio - Eu amo você, Alice Miller.

- Eu também amo você, Jeremiah Fisher.

Então nos beijamos de novo. Depois nós ficamos lá, abraçados. Aquilo foi, definitivamente, o que eu mais precisava ouvir, o que eu mais precisava dizer e o que eu mais precisava sentir. 

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Oii, gente! Eu acho que esse é o último capítulo, mas não tenho certeza. Espero muito que tenham gostado!



Algo mudou nesse verão - Jeremiah FisherOnde histórias criam vida. Descubra agora