Cap. 17

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Minhas têmporas latejavam, enquanto minhas pálpebras pareciam pesar uma tonelada.

Eu me esforcei, abrindo os olhos e conseguindo, agora, ouvir nitidamente uma voz que antes parecia me chamar de tão distante. Assim que recobrei a consciência percebi que na verdade, estava bem ao meu lado. E era a Sandra.

- Hayley? - ela batia no vidro do carro, fechado, na tentativa de me acordar.

Não parecia que eu estava ali por muito tempo.
Eu olhei em volta, tentando recobrar a consciência do que havia acontecido.
Jan estava desmaiada ao meu lado no banco e o pára-brisa coberto de tudo que ela havia bebido naquela noite.

- Hayley, você se machucou? - Sandra continuava gritando do outro lado do vidro e cada palavra que saia de sua boca, ecoava dentro da minha cabeça como o ruir de uma banda desafinada, me causando ainda mais dor.

- Eu to bem... - murmurei com a voz fraca, quase inaudível.

- Hayley abre a porta! - Dessa vez era a voz de outra pessoa e meu estômago se contorceu, parecendo identificar antes mesmo de mim. - Abre a porta! - Andy repetiu, impaciente do outro lado.

Antes que mais alguém gritasse qualquer outra coisa e meu cérebro explodisse, eu estiquei a mão, só tendo forças para destravar a porta e foi o que eu fiz.
E no imediato instante em que o "click" do destravamento se deu, a porta foi aberta, violentamente.

- Calma, ela tá bem! - Sandra murmurou colocando as mãos no meu rosto, delicadamente. - Sente alguma dor Hayley?

- Ainda não sei... só sinto enjoo e o meu cérebro pulsando...

- "Ainda"? - Sandra repetiu o que eu havia dito achando graça. - Escuta, preciso que você fique acordada, consegue? - Ela pediu gentilmente e eu concordei com a cabeça. Sandra me segurou, tentando me ajudar a sair do carro, mas era como se eu não tivesse mais controle sobre o meu próprio corpo. - Não consegue se levantar?

- Deixa comigo, vê se consegue acordar a loirinha. - Andy resmungou, no mesmo instante, me retirando do banco e me erguendo em seu colo.

Naquele momento, eu só conseguia ouvir as vozes curiosas e aflitas, ao meu redor, enquanto sentia meu corpo mole, sendo carregado escada acima, completamente sem forças para abrir os olhos ou dizer alguma coisa.

Não demorou muito, Andy parou e me desceu, me sentando de costas para uma superfície gelada e úmida, e antes que eu pudesse identificar onde eu estava, um jato de água fria me acertou, me despertando a força de qualquer confusão que eu pudesse estar tendo até agora.

A água caia sobre mim como pequenas agulhas entrando na minha pele.

Eu suspirei fundo, reagindo àquele choque térmico e abri os olhos.
Dessa vez, encontrando um Andy encharcado, do cabelo as roupas, me segurando os ombros e me encarando com preocupação, agachado bem na minha frente, junto comigo embaixo do chuveiro.

- O que aconteceu com você? - eu murmurei rindo assim que consegui dizer algumas palavras, mas quase sem forças e ele sorriu.

- Não era eu quem devia estar te perguntando isso? - ele questionou respirando aliviado e se levantando para alcançar uma toalha e desligar o chuveiro. - Olha, não sei se já devia estar te falando isso ou vai ser muito informação, mas de quem quer que seja o carro que vocês estavam, o dono não vai ficar muito feliz. - ele comentou me cobrindo com a toalha e me olhando de cima.

- Carro? O carro... - minha cabeça que parecia latejar ainda mais, tentando assimilar os fatos, começou a lembrar tudo que meu cérebro parecia tentar esquecer de propósito. - Essa não... O que aconteceu com o carro? - eu murmurei.

A DANGEROUS PASSION (versão adaptada)Onde histórias criam vida. Descubra agora