Cap. 08

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Já era sábado, lá pelas nove horas da manhã.
E como todos os sábados, quase como um ritual, eu me levantava cedo, para tomar uma caneca grande de leite com café e assistir aos desenhos animados, que passavam na programação infantil, deitada no sofá.
Apenas eu, minha caneca do "estranho mundo de Jack" e o silêncio.

Quer dizer, "silêncio".

Já que também, quase como um ritual, meu pai se levantava cedo aos sábados, para lavar seu carro e sempre fazia questão de ligar suas músicas preferidas dos anos 90, em alto e bom som.
Mas aquilo não me incomodava, contanto que a porta da frente estivesse sempre fechada.

Ouvi o ranger da escada e olhei para cima, percebendo a presença inocente, de quem nem imaginava o que estava por vir, de Connor.

- Bom dia! - eu disse assim que ele passou por mim, sem conseguir esconder a felicidade no meu ser. - Como foi o encontro?

- Uh... Ué não te interessa... - ele respondeu me olhando, estranhando meu bom humor. Eu não costumava ser tão gentil com ele assim tão de repente. - E você? Entregou o negócio que eu te pedi? - ele perguntou dando de ombros, indo para a cozinha.

- Entreguei... - respondi, saboreando meu café com leite.
Meu pai apareceu na janela da sala assim que viu meu irmão já de pé.

- Ei Connor, você precisa lavar o seu carro, aquilo está imundo. - ele resmungou e Connor deu de ombros.

- Eu lavo mais tarde. - respondeu de costas para ele, mais preocupado com o que iria comer.

Eu permanecia ali sentada, apenas esperando a bomba estourar. De um lado meu pai, bastante irritado e do outro, um Connor sem dar a mínima.

- Bom, se quiser sair com ele hoje, vai lavá-lo. - meu pai respondeu em tom de ameaça e Connor se virou, revirando os olhos.

- Eu já falei que depois eu lavo pai... - ele resmungou fechando a geladeira e vindo para a sala com uma caixa de suco de laranja nas mãos. Meu pai cruzou os braços e o encarou sério.

- No nome de quem esta aquele carro? - ele perguntou e Connor revirou os olhos, novamente, antes de responder.

- No seu...

- Exatamente, lave aquele carro se quiser continuar tendo um. - meu pai ordenou e deu as costas, voltando para o que estava fazendo.

Eu que permaneci quieta, quase como se não existisse, assim que vi a expressão na cara do meu irmão, não consegui controlar e comecei a rir.
Ele me encarou e se fosse possível matar alguém com apenas um olhar, eu estaria morta.

Mas de forma inesperada, sua expressão mudou de mortal para sorridente em questão de segundos, com um enorme sorriso suspeito estampado no rosto.

- Hayley... - eu o encarei confusa. - Quer fazer um favorzinho para seu irmão? - ele perguntou com aquele sorriso no rosto e eu arqueei a sobrancelha, sem conseguir acreditar na audácia daquele filho da...

- Ah cê jura...? - eu resmunguei e ele riu vindo até mim.

- Que tal lavar meu carro. - ele sugeriu e eu revirei os olhos.

- Sinto muito, você ouviu o papai, ele falou pra você lavar o seu carro. - respondi me levantando para levar minha caneca para a cozinha e Connor veio atrás de mim.

- Hum... Bom, pelo que eu sei você não está em condições de me negar nada. - ele rebateu e eu me virei para encará-lo.

- É mesmo? Se eu me negar você vai fazer o que? - respondi cruzando os braços.

- Não sei, talvez expor aquele nosso segredinho... - ele respondeu, com aquele sorriso convencido.

- É?... Olha, eu não me ameaçaria se eu fosse você.- disse rindo e passei por ele. - Pelo menos não antes de ter certeza de que nada importante tenha desaparecido, "misteriosamente", do meu quarto... - eu mordi o lábio, esperando para ver sua reação.
Connor me olhou confuso, e sua expressão começou a mudar gradativamente, finalmente começando a entender o que eu estava querendo dizer.

A DANGEROUS PASSION (versão adaptada)Onde histórias criam vida. Descubra agora