O arrependimento bate a porta

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Wanda acordou, novamente no chão frio da mansão abandonada dos seus sonhos. Ela se levantou procurando Mordo, sabia que ele estava ali.
— Eu realmente sou seu fã.
Ele falou a 2 metros de distancia dela, em pé de mãos cruzadas.
— Por que está dizendo isso?
Mordo riu de canto.
— Você fez a pessoa mais arrogante que eu conheço se engasgar nos próprios soluços. Eu acho isso uma conquista.
Wanda franziu o cenho.
— Como?
— Você fez exatamente o que eu disse pra você fazer, você se esforçou tanto para não falhar... Mas isso já é costume, né? Falhar...
— O que?
Mordo se aproximou mais da ruiva, que parecia estar presa por um campo de força invisível que a impediu de se mover quando tentou se afastar do homem.
— Você despedaçou o coração dele em pedacinhos... Pedacinhos que eu não sei se ele vai ter coragem de remontar.
Wanda suou frio com aquelas palavras a cada passo que Mordo se aproximara.
— Para...
— O que? Já está na hora de alguém te tirar desse mundinho. De alguém te salvar dessa vida de fantasias... Mas acho que Stephen não arriscaria mais nada para te salvar... Te ajudar... E o Visão não sabe nem que eu existo. Né?
Ele tocou no rosto de Wanda. Ela tentava se afastar do toque dele.
— Você tá sozinha... Comigo. Eu disse que você seria minha. Eu disse que você partiria o coração dele, só não esperava que tanto...
Wanda tentava se mexer mas seu corpo não se movia por nada, as palavras dele pareciam facas dando pequenos cortes no seu corpo.
— Sai de perto de mim...
— Por que eu faria isso? Por que eu teria medo de você??? Assim, desse jeito? Acha que me assusta?
Ele desceu a mão dele para o pescoço de Wanda, depois para entre os seios e chegou na sua barriga.
— Ninguém pode te salvar mais, Wanda. Obrigado por ter me dado de presente tudo isso...
— O que--
Mordo fez um símbolo sobre sua barriga que começou a retirar magia dela, puxava com força de dentro dela, ela podia sentir metade do seu ser se desvairando de si. Ela gritava de dor, de medo, de desespero, sentia seu corpo apodrecendo por dentro, sentia se morrendo aos poucos, sua energia estava saindo, sua vontade de viver. A Conjuração foi rompida, como uma corda se partindo, dessa vez, rasgando de dentro dela. Era uma dor insuportável, era mortal, não sabia se iria morrer ali, ou ia deixar de existir, gritava, chorava, doía, doía muito. E ninguém estava ali. Depois de longos minutos, Mordo a jogou no chão, ela não tinha forças para ficar sentada. Seu corpo doía por inteiro, sua alma. TUDO.
— Obrigado Wanda, obrigada por esse presente. Prometo que nunca mais me verá... Se não vier me procurar, ou se você viver pra isso.
Ele sorriu e estalou os dedos. Não podia ser real, não podia, mas era.

— Wanda, fala comigo.
Visão tocava em seu rosto desesperado.
— Wanda... fica comigo, por favor.
Wanda não tinha forças para falar...
— Ste--phen...
Ela gaguejou.
Ele segurou ela nos braços e voou com ela o mais rápido possível para o Sanctum.

[...]

— Você não vai atrás dela?

Wong falou pegando uma xícara para colocar o café, estavam comendo pães quentinhos para o café da manhã, eles estavam na cozinha comendo, não tinham comentado nada mais desde a noite passada.

— Wong, eu não tenho essa resposta no momento. Não sei se quero ver ela tão cedo assim... Não sei se quero ver ela mais.
— Você sente ela?
Stephen parou por um minuto, tentando sentir a presença de Wanda na sua íntima aura, mas estranhamente não sentira ela.
— Estranho.. não sinto...
Ele bebeu o café.
— Deveria se preocupar?
— Não sei...
Eles ficaram quietos até um barulho estranho e alto vir do salão principal. Os dois deixaram os pratos na mesa e correram para o local aonde o som vira. Um androide acabara de destruir o teto do local e estava com um corpo feminino nos braços. Stephen e Wong olharam sem entender.
— Wanda!!
Wong correu em sua direção.
Visão ainda segurava ela no braços.
Stephen olhou aquela cena de cima da escada, Wanda desacordada nos braços de outro humano... humano? Seja lá o que fizeram a ela, ele não conseguia se mexer, sentiu dor, ódio, amor, compaixão.
— Ela destruiu todo o chalé dela no meio da madrugada, e ela começou a hiperventilar e está fraca, ela só falou uma coisa desde que ficou um pouco consciente.
Visão olhou nos olhos de Stephen.
— Stephen.
Wong se virou para o amigo.
— Venha ajudar ela, Stephen.
Ele continuou parado no mesmo local.
— A Wanda...
Ele hesitou.
— Não é problema meu. 
Ele engoliu seco após falar isso. Algo tinha matado ele por dentro, e esse algo estava morrendo na sua frente também.
— Por favor Stephen.
Wong o chamou.
Wong levitou o corpo de Wanda e a pôs envolta de uma banheira de magia mística. Ela não abrira os olhos e respirava com dificuldade. Stephen desceu as escadas devagar e ficou do lado de Wong.
— Eu vou ajudar ela... Mas sem você aqui.
Stephen abriu outro buraco no chão e Visão caiu.

Ali, somente os três, Stephen conjurou alguns símbolos e uma aureola em volta dele e de Wanda. A tentativa de encontrar em Wanda alguma resposta, mas parecia que não tinha nem perguntas dentro dela.
— O que aconteceu com você?
Stephen sussurrou.
Wanda tinha uma feição morta, isso era perturbado. Ela abriu um pouco os olhos e olhou para Stephen de canto e mexeu os lábios devagar.
— Mor--do.
Ela mexeu os dedos devagar o chamando para perto dela.
— Não Wanda...
Stephen disse.
— Não me queira mais perto que isso.
Stephen levantou o corpo de Wanda e ele ficou em pé na sua frente, sem forças para ficar de pé de verdade, o pescoço de Wanda pendia para baixo como se tivesse desacordada.
— O que o Mordo fez?
Ele falava na mente de Wanda, a voz dela saia fraca até em pensamentos.
— Ele... tirou de mim...
Ela abrira os olhos devagar ao encontro do Stephen e ela se jogou em sua direção, mas no susto Stephen a derrubou no chão sem nenhuma proteção.
—O que...
Stephen se negava a ajudar ela, a estar com ela novamente, estava confuso demais e ela que estava de joelhos buscando força para os músculos.
— Ajude ela Stephen. Ajude.
Wong falava incessantemente, Wanda levantou a face e olhou para Stephen com olhos marejados.
— Eu não sinto você...
Stephen engoliu seco. Mais que ninguém ele sabia que a Conjuração era algo perigoso e mortal até para ele e Wanda... mas Mordo? O que ele faria com tanto poder? Stephen mexeu as mãos e colocou Wanda no ar novamente. Ela não tinha forças para falar que aqueles movimentos doíam.
— Deixe-me tocar, por favor. Preciso senti-lo de novo.
Wanda ecoou na cabeça de Stephen.
— Não vou cometer esse erro de novo.
Ele respondeu.
— Wong, leve ela para a ala médica no Kamar-Taj e alimente ela, ela está fraca, depois me encontre aqui para irmos atrás de Mordo.
Ele flutuou até o primeiro andar e abriu um portal de onde Visão caiu novamente no mesmo lugar onde estava antes.
— Eu fiquei lá por 15 minutos...
Visão encarou para Stephen que o ignorou e saiu do salão. Wong abriu um portal e chamou alguns magos para levar a Wanda para o hospital dos magos e Visão acompanhou eles.
Wong por mais que entendesse o lado de Stephen, não conseguia deixar de se preocupar com ela. Coisa que Stephen escondia muito bem...

Stephen foi para a sala de feitiços do Sanctum e se apoiou na mesa, olhou fixamente para a velha madeira um pouco empoeirada e se perdeu em pensamentos que fizeram as lágrimas molharem o móvel.
— Foi minha culpa... Eu não estava lá pra proteger ela... Como eu também não fiz com a Donna... É a porra da minha culpa.

ScarlatStrange || The true love storyOnde histórias criam vida. Descubra agora