Conjuração

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Mais umas semanas se passaram, por volta de umas 5 semanas, quase dois meses. Dois meses que Wong se recuperou totalmente, recebia visitas de Wanda algumas vezes perdida nesse tempo, mas depois que ele saiu do hospital, ele não soube mais dela.

Stephen, coitado. Não dorme bem, não come bem, a mais ou menos 2 meses. Ele havia adquirido profundas olheiras e sua pele agora empalideceu, suas mãos tremiam como se fosse a anos atrás. Era o mesmo sentimento. Sem rumo.

Wanda de outro lugar, estava cada dia pior. Suas náuseas aumentaram e ela passava a noite sem conseguir dormir, as vezes pensava se ela fosse para o quarto de Stephen só para vê-lo dormir e cessar a vontade de ver ele. Essa abstinência estava matando eles, mas eles não tinham coragem de invadir o espaço do outro. Isso deixava Wong furioso, nada que ele falava os amigos faziam, não sabia o que dizer. Stephen cada dia se conformava com viver sem a Wanda, mesmo nesse estado doentio, e Wanda tinha medo de destruir tudo novamente.

Por que o amor é tão complicado? Por que tem que fazer ser complicado?  Quanto tempo perdido por puro orgulho e egoísmo. Agora estavam eles, a quilômetros de distância, mas com pensamentos tão próximos que podiam dividir o mesmo quarto.

Era manhã, mais uma cinza manhã. Stephen olhou pro lado da sua cama e viu um espaço onde devia está preenchido. Suspirou fundo e balbuciou palavras consigo mesmo.  Era impiedoso o quanto era teimoso, e teimava em arranjar o que fazer para esquecer alguém que estava ligado a ele. Se arrumou para começar os treinos rápidos e fazer sua mente focar em outra coisa o mais rápido possível, não tinha condições para treinar os magos novatos, então, pediu a Wong que fizesse seu papel até ele se recuperar. Stephen passará a maior parte do tempo observando, pois não conseguia fazer algo diferente.

Wanda acordou tremendo mais uma vez, deitada na sua cama um pouco destruída do chalé. Sentia o frio percorrer seu corpo. Sua cabeça doía e as náuseas eram constantes. Estava doente? Não sabia, não tinha se dado ao luxo de procurar um médico. Ela queria ficar mais um tempo na cama, se remexeu para todos os lados até desistir. Se levantou devagar da cama e foi preparar sua comida. Estava comendo pouco, e não estava tomando seus remédios, uma combinação de abstinência mortal, mas ela suportava.

Suportava?

Depois de colher algumas frutas para fazer uma vitamina e alguns legumes para o almoço, retornou para casa para tomar um banho. Depois de tomar, foi se vestir, abriu o guarda roupa e procurou algo que lhe servisse nesse momento, passou o olho e viu o que não queria ver. O vestido vermelho sangue que Stephen comprou pra ela, o mesmo vestido que ele tirou do corpo dela, o mesmo vestido que foi entregado a ela quando fugiu com Visão. Parou, encarou a vestimenta por alguns segundos. Estava emotiva e chorou. Não sabia agora o porquê, mas estava.

Enxugou as lágrimas e decidiu que visitaria Wong. Não Stephen, mas o amigo que também sentia falta, não saberia encarar Stephen, nunca soube... mas agora era diferente.
Abriu um portal escarlate para a biblioteca, entrou nele e se viu na biblioteca do Kamar-Taj. Ali tinha história. Se apoiou numa cadeira e passou o olho para encontrar Wong. Ela se soltou e passou por meio das prateleiras, escutou próximo dela, numas prateleiras a frente, um som. Alguém lendo. Se aproximou sorrateiramente e viu Wong ler um livro enquanto escutava Beyonce no fone, estava completamente distraído. Isso a agradou, ela saiu de trás da prateleira e se prostrou na frente dele. Ele levantou a cabeça um pouco e foi subindo o olhar até ficar boquiaberto com a presença dela ali. Ficou uns longos segundos encarando ela sem ter o que falar. Mas a única coisa que ele conseguia pronunciar era:
— Voltou de vez?
Wanda comprimiu os lábios e levantou os ombros indecisa.
Wong colocou o livro no lugar e desligou a música dos seus fones, encarou Wanda por mais uns segundos e puxou ela pra abraçar. Os braços do amigo eram quentes, ela se sentiu confortável. Ele apertava ela, sabia que ele chorava.
— Garota, eu fiquei tão preocupado com você.
— Me perdoa.
Ela falou com a boca abafada nos braços dele.
— Me perdoa por ter te colocado em risco, você estava no hospital por minha causa.
Wong afastou seu corpo do dela.
— Garota, eu nunca vou perdoar você ter fugido. Você sabe que aqui é sua casa. Mas tirando isso, você sabe que eu perdoou.

Wong riu, Wanda se viu obrigada a fazer o mesmo.
— Você tá sentindo quais sintomas?
Ele perguntou pra ela. Ela franziu o cenho.
— Como?
— Sua pele está tão pálida quanto a dele, e as olheiras são idênticas. Ele não come e não dorme desde que você foi embora. Não é tão difícil presumir o mesmo de você.
— Ele está doente?
— Tão visível quanto você.
Ele aferiu a temperatura colocando o dorso da mão na sua cabeça e pescoço.
— Devia visitá-lo. Vai fazer tão bem pra vocês.
— Vocês sabiam onde eu estava, por que não foram lá?
— Eu na verdade, não sei onde fica seu chalé. Stephen nunca me disse, mas ele não queria desrespeitar sua vontade de ficar longe.
Ela sentiu um arrepio.
— Mas ele disse que não aguenta mais ficar só. Ele está angustiado.
— Pensei que ele não queria me ver.
Wong riu, passando por ela até outra prateleira.
— Ele fala de você todo dia, pelo menos quando eu vou visitá-lo no Sanctum, por que é difícil ele aparecer no Kamar-Taj. Ele está tão mal quanto você.
Ela o seguiu.
— Mas ele não quis desrespeitar você.
— Eu senti que tinha traído a todos vocês, mas eu vim te visitar no hospital porquê eu não tinha vindo com Stephen pra aqui. Eu me sentia culpada, e você seria a primeira pessoa com quem eu conseguiria conversar.
Wong se virou pra mesma.
— E por que não o Stephen?
— Ele é tão arrogante, embora nunca comigo. Ele estava irado com tudo o que aconteceu. Ele não conseguiria me escutar
Wong parou tudo e olhou pra frente, como se buscasse algo na memória.
— Nossa.
Ele falou.
— O que?
— Você realmente não o reconheceria.
Ela franziu o cenho.
— Como as--
Um mago, Heitor. Aquele que Stephen havia jogado ele numa realidade de vampiros. Ele entrou na sala, dava pra ver pequenas cicatrizes nos braços dele, ele chegou relutante e meio nervoso.
— Heitor?
— Wanda...
Wong interviu.
— Se Stephen estiver aqui no Kamar-Taj, não diga a ele que Wanda está aqui.
Heitor enrugou a testa.
— Ma-mas... Ele me pediu que chamasse a senhorita Maximoff para falar com ela na sala dele.
Wong encarou Wanda, ela não tirava os olhos de Heitor.
— Ele me chamou assim?
— O que?
— "senhorita Maximoff"?
— Não me recordo. Mas foi assim que ele me pediu pra me referir a senhorita, quando ele me colocou de volta no Kamar-Taj.
Sorriu nervoso.

— Você deveria ir.
Wong falou.
— Eu não consigo. Como ele sabe que eu estou aqui?
— Com sua licença...
Heitor interrompeu.
— Ele falou que se a senhorita perguntasse isso, era pra falar: a conjuração está se restaurando. Com licença.
Ele falou saindo as pressas.
— Eu não sei...
Ela cerrou os punhos.
— Eu deveria?
Wong assentiu com a cabeça.
— Coloque um ponto final. Seja ele qual for. Stephen vai entender e vai respeitar.
— Tenho medo.
— E sinal de estar fazendo a coisa certa.
Ele deu tapinhas em seu ombro.
— Do que adianta se esconder, se estar tudo nítido para Stephen Strange?
Ela o encarou.
— então deixarei nítido pra mim também.
Ela abraçou o amigo.
— Obrigada Wong.
O asiático sorriu.
— Que dê tudo certo.
Wanda saiu da biblioteca, foi em direção a sala de Stephen no Kamar-Taj. Como alguém que ela tanto amava, causava tanto pavor agora? Ela sentia que quanto mais chegava perto dele, o destino era mais longo, seus sentidos estavam abalados, e tomariam um choque de realidade quando o visse.

Estava ela, e a entrada da sala. Ela encarou aquele local. Coragem Wanda, a voz soava no seu ouvido.
— Coragem.
Ela repetiu, e entrou.

ScarlatStrange || The true love storyOnde histórias criam vida. Descubra agora