quatorze

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Vocês me pedirão, aqui está. A versão de José Ricardo. ❤️


Acordar para mim nunca foi tão prazeroso. Eu havia passado a noite com Alessandra. Nós havíamos nos amado loucamente e eu não poderia estar de melhor humor. Mas, ao passar a mão no lado em que ela dormiu, o sinto vazio. Abro os olhos e vejo ao meu lado um pequeno pedaço de papel que estava escrito.

Bom dia!

Precisei me levantar mais cedo, antes de ir pra faculdade vou passar no consultório da minha médica, acredito que preciso tomar certas medidas depois de ontem...
Nos vemos mais tarde?

Alê.

Sim, com certeza nos veríamos mais tarde.

E foi aí que a ficha caiu.

Droga!

Não usei preservativo.

Me levanto da cama e sigo para o banheiro, eu precisava de um banho gelado para acordar.

Enquanto a água caía em meu corpo, as lembranças da noite passada não saíam da minha mente. O corpo de Alessandra, seu cheiro, seu gosto...
Era inacreditável como eu já me sentia familiarizado a ela. Nunca fui do tipo que acreditava em destino, ou acaso, ou finais felizes. No entanto, depois de tudo o que vivi com Alessandra, depois da entrega, depois do que fizemos, comecei a acreditar que talvez sim, tudo o que estava acontecendo não fosse apenas obra do acaso.

Minha gratidão.

O acordo.

O casamento.

O testamento.

Eram as únicas coisas que me prendiam a ela. Nunca houve nada entre nós, nunca houve sentimentos nem nada parecido. Alessandra para mim sempre foi como uma irmã, sempre foi a irmã mais nova que nunca tive. Eu sempre a via como alguém em que eu tinha que proteger, ajudar. E principalmente depois que seus pais se foram, e principalmente depois do testamento.

Mas depois que voltei ao país, depois que a vi naquela boate, depois do nosso primeiro beijo, depois de toda aquela rebeldia dela, depois da nossa pegação na sala; senti que eu estava perdendo o controle da situação.

O casamento é apenas de fachada, estou apenas cumprindo o desejo do meu segundo pai, estou apenas ajudando a quem um dia foi uma família pra mim.

Meu cérebro dizia, meu coração não aceitava.

E cada vez mais Alessandra foi deixando bem claro suas intenções, seus sentimentos.

E o que eu poderia fazer?

Eu era casado há 5 anos com uma mulher linda, incrível, decidida, e que, nunca foi tocada.

Logo, meu ego aumentou, confesso. Alessandra era só minha, apenas minha. Mesmo estando casada comigo, mesmo nós não tendo uma vida conjugal, mesmo ela vivendo sozinha no Brasil enquanto eu estava na Inglaterra, ela permaneceu intacta. Que mulher nos dias de hoje faria isso? E no entanto, ela me escolheu. Para ser o seu primeiro. E isso não saía da minha cabeça. Mas claro, me senti mal. Eu não agi com ela da mesma forma que ela agiu comigo. Tive meus casos, minhas aventuras. A verdade era que eu nunca imaginei que Alessandra estivesse levando a sério nosso casamento.

Mas nada disso importava mais.

Eu estava com ela, e ela comigo. Sei que temos um acordo. 6 meses. Mas, do que depender de mim, esses 6 meses serão eternos.

- Glória! Que susto! - digo ao sair do banheiro com a toalha enrolada no meu quadril.

Glória parecia seria.

- Susto tive eu José Ricardo! - ela disse me encarando.
- Imagine o susto que tive ao arrumar sua cama e encontrar isso no chão! - ela exibiu a coberta creme suja de sangue. Do sangue de Alessandra, da prova do que fizemos.

Engoli em seco.

- Sabe, apesar de ser velha, já fui nova, já fui moça, já dormi fora do meu quarto, e já tirei minha virgindade com um idiota que me largou depois! - seu olhar era sério.
- Eu sei muito bem o que aconteceu aqui José Ricardo! Eu ajudei a criar você, eu vi Alessandra nascer e ajudei a criar ela também. Os pais de vocês não estão mais aqui, mas eu estou! Nunca concordei com esse casamento de mentira, nunca gostei dessa ideia. Mas, foi um desejo do dr. Alex, e os desejos dos mortos devemos cumprir! E então, aqui estamos nós... Eu conheço você José Ricardo, e conheço ela. Apesar de ser uma menina mimada, as vezes fútil e sem noção, Alessandra é uma boa menina. Eu sabia que ela era virgem porque ela sempre me falou que só faria isso... - ela estende o lençol novamente.
- Depois de casada, com seu marido! E ela cumpriu sua palavra. Alessandra é ingênua ainda, não conhece a vida, não sabe o que é sofrer nem se decepcionar... Já você, é mais velho, vivido, experiente. Não a magoe, não a faça sofrer. Se vê que não vai conseguir levar esse casamento a diante, pare por aqui... Eu amo vocês dois como amo meus filhos, mas, já estive no lugar dela antes, já me entreguei e sofri e por isso José Ricardo, como mãe e mulher eu peço, tome cuidado! Só faça esse casamento de mentira se tornar um casamento de verdade, se você realmente estiver disposto a isso. Vocês são diferentes, embora foram criados juntos, vêem a vida de outra forma. Pense bem, e não decepcione seu pai e os pais dela no túmulo!

E depois de falar todo esse discurso, Glória saiu, levando consigo o lençol sujo.

Nem preciso dizer que precisei tomar outro banho, eu estava completamente suado de nervoso.

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