quinze

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Existia um pensamento que sempre passava por minha mente, e principalmente depois que eu assinei os papéis do casamento há anos atrás; como seria minha primeira vez! Claro que eu nunca pensei que isso fosse acontecer com José Ricardo, eu sabia bem os termos do nosso casamento, mas, eu pensava que, após o divórcio, após meu vigésimo primeiro aniversário, eu encontraria alguém, me apaixonaria loucamente e me casaria... De novo! E então, a tão esperada noite de núpcias, onde eu me entregaria de corpo e alma ao meu marido.

Planos, sonhos...

Sempre fui uma romântica nata. A moda antiga que sonhava em amar e ser amada, e em casar virgem. Isso mesmo! Sempre tive essa certeza dentro de mim, que eu iria esperar até o casamento. Entretanto, eu nunca imaginei que realmente, esse meu plano, esse meu sonho iria se realizar da forma como eu desejei só que, com 5 anos de atraso. Ao menos era com meu marido!

E naquela manhã de outono, eu acordei me sentindo realizada. Se era assim que um casamento de verdade era, naquela manhã descobri que ficaria casada pelo o resto da minha vida.

Ao voltar para o meu quarto deixando um José Ricardo adormecido para trás, e ao entrar embaixo do chuveiro, sinto meu centro dolorido. E então, me lembrei de algo importante: Não havíamos usado preservativo! Imediatamente, acelero meu banho e troco de roupa, escrevi um bilhete para José Ricardo e coloco sob o travesseiro de sua cama onde eu havia dormido. E então, antes mesmo de Glória chegar, saio rumo ao consultório da minha ginecologista.

- Então você teve a sua primeira relação sexual?! Isso é muito bom, como se sente? - Dra. Sandra me pergunta.

Ela era minha ginecologista desse antes de eu menstruar, mamãe me levou até seu consultório pela a primeira vez para que Dra. Sandra me auxiliasse com todas as dúvidas que eu teria sobre o assunto, e desde então eu não a larguei mais.

- Um pouco dolorida, mas feliz! - digo com um meio sorriso. Para mim era um tanto novo, Dra. Sandra era a primeira pessoa que estava sabendo da minha atual situação, ex-virgem.

- Hum... Me diga Alessandra, como foi o ato em si? Preciso saber porque por mais que a primeira relação sexual de uma mulher seja dolorosa por si só, afinal, o hímen  foi rompido, preciso te dizer que, certas posições, podem até dar prazer no momento do ato, mas, não é nada saudável para seu corpo, e com isso, a dor vem. Nossa vagina tem bastante elasticidade mas isso não significa que devemos abusar de certas posições!

- Ah, não, não abusamos das posições! - garanto.
- Bom, o ato foi, como eu imaginei que fosse, José Ricardo foi atencioso, carinhoso, e respeitou minhas limitações.

- Que bom, fico feliz por você! - ela diz gentilmente.
- E vocês se cuidaram certo?

- Bom, é justamente sobre isso que vim falar com você. Nós, esquecemos! - digo constrangida.

- Entendo! Alessandra, você sabe que isso é perigoso não sabe? Nunca tenha relação sexual com alguém sem se proteger. Não estou falando apenas de uma gravidez indesejada.

- Eu sei dra. E, sei que José Ricardo está limpo! - garanto.

- Ótimo! - ela diz.

- Mas, ainda tenho o risco de engravidar!

- Sim, isso é verdade. E nesse caso, você só tem uma opção, a pílula do dia seguinte! Não aconselho a tomar essa pílula sempre, ela é muito forte, contém muitos hormônios em sua fórmula. É apenas para caso como este, emergência. Por isso, aconselho a você que só tome ela agora, e, podemos conversar sobre contraceptivos!

- Tudo bem dra. Mas, sobre contraceptivos, eu não quero tomar nada. Sei bem o que esses remédios fazem com nosso organismo! Vou ficar com a camisinha mesmo!

- Tudo bem, só não esqueça mais! - faço que sim com a cabeça.

E após mais alguns conselhos, saio do consultório rumo a farmácia, e de lá, faculdade. Eu precisava estudar. Se bem que, eu tinha certeza que não iria me concentrar em mais nada durante aquele dia.

*******

Para minha frustrada as aulas demoraram um século para acabar. E quando enfim acabou, corri pra casa. Eu esperava encontrar José Ricardo lá embora ele não tivesse me dado nenhuma dica de que estaria em casa.

A porta do elevador se abre, e a cena que vejo no hall de entrada me tira do eixo.

Um caminho de pétalas de rosas vermelhas se fazia adentrando pelo o apartamento. Seguindo a trilha, chego até a sala de estar e então o vejo. José Ricardo estava em pé, parado no meio da sala dentro de um coração desenhado pelas as pétalas. E então meu lado romântico aflorou. Com as duas mãos nos bolsos da calça ele sorrio ao me ver. E logo meus lábios também sorriram. Em seguida, José Ricardo retira algo de dentro do seu bolso, uma pequena caixinha vermelha. E então levo uma mão a boca. Ele se agacha e se ajoelha, uma perna ajoelhada e a outra erguida e um de seus braços apoiado nela. E então ele abre a caixa. Um par de alianças grossas.

- Alessandra Lacerda, você aceita ser minha esposa de verdade? - ele pergunta me olhando.

Nesse momento, sinto uma adrenalina me dominar. Meu coração acelera, lágrimas brotam em meus olhos mas elas não caem. Eu simplesmente não estava acreditando no que os meus olhos viam. Tudo estava perfeito.

- Claro que aceito! - digo esbanjando o sorriso mais satisfatório que eu tinha.

E então, José Ricardo se levanta, vem em minha direção, e coloca a aliança menor em meu dedo anelar esquerdo junto ao solitário de mamãe.

- Comprei apenas as alianças porque vi que você já usa o solitário de sua mãe! - ele diz ao beijar o dorso de minha mão suavemente.

- Sim, é uma forma de tê-la junto a mim! - digo. Ele sorri.

E então é a minha vez.

Coloco a aliança em seu dedo e então José Ricardo me beija na testa.


- Tem certeza disso? - pergunto olhando em seus olhos. Ele me olha atentamente.

- Não tenho certeza de mais nada! - ele diz repetindo a mesma frase que eu disse a ele antes de nossa primeira vez. Sorrio em resposta.
- Mas, a única coisa que tenho certeza é que, você é minha! E é assim que será!

- E você é meu! E é assim que será! - digo.

E então o beijo.

Suave, lento, intenso. O melhor beijo que já dei sem dúvidas. Pois aquele tinha um significado especial; era o primeiro beijo do nosso casamento de verdade. O primeiro de muitos que virá para reforçar o que eu já sabia. Estávamos ligados desde que nos vimos pela a primeira vez, quando eu ainda era um bebê e José Ricardo uma criança. Ali, nosso destino já havia sido traçado, iríamos ser um do outro, um cuidando do outro. E era assim que seria.

Para sempre!

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