Capítulo 1

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Olá. Bem vindo ao que eu chamo carinhosamente de minha "acid trip", haha. Eu já tinha esse plot na minha cabeça faz um tempo sem personagens específicos em mente, mas depois de ver algumas brincadeiras no twitter sobre rosattaz e as irmãs kudiess a estória  foi se desenvolvendo pegando essa roupagem emprestada. Obviamente, isso é uma Estória, com E, ou seja: é algo completamente fictício e não tem qualquer relação com a realidade. Apesar de dividirem os nomes e descrições físicas, as personagem aqui retratadas não passam disso - personagens. É sempre bom fazer essa diferenciação.

Dito isso, existe um ponto - um spoiler na verdade - importante a ser avisado antes que vocês possam iniciar a leitura: uma das personagens é transgenero.

Aviso isso por dois motivos: primeiro, para que ninguém leia algo que não se sinta confortável por acidente. A fic não é G!P, mas eu entendo que mesmo assim algumas pessoas possam não gostar da temática; e segundo - e mais importe - porque, apesar da personagem ser trans, a autora que vos fala é Cisgenero. O que significa que mesmo com toda a pesquisa e cuidado ao tentar escrever, pode ocorrer de na minha escrita eu colocar alguma coisa acidentalmente transfóbica. Eu debati muito sobre postar ou não essa fic por causa disso, mas, visto que resolvi arriscar, me coloco a disposição para mudar qualquer coisa que seja vista como ofensiva e conto com a ajuda e a paciência de vocês caso isso aconteça - a ultima coisa que desejo é ferir ou desinformar sobre essa comunidade, então sintam-se livres para me chamar a atenção.

Com esse disclaimer, se você quis continuar até aqui, posso apenas te desejar uma boa leitura e que me conte o que achou . :)




"Laura, para de puxar o cadarço da sua irmã"

Laura a olhou com a expressão culpada de quem havia sido pega fazendo o que não devia e Gattaz suspirou. Com quase 7 anos, ela era uma cópia fiel de Caroline na mesma idade - exceto pelos olhos e o queixo com maxilar marcado - e possuía o rosto tão transparente quanto. Geralmente isso facilitava a vida de Carol na hora de corrigi-la e não havia sido diferente: Laura parou de dar nós no cadarço de Júlia, de três anos, que estava adormecida no colo de Carol com os pézinhos cobertos pelo tênis voltados na direção da irmã. Entediada, ela sentou sobre as próprias mãos e passou a balançar os pés com velocidade, arrastando o bico do tênis contra a cerâmica reluzente do piso da clínica a cada volta.

Apesar de saber que aquilo iria acabar danificando a borracha do sapato, Carol não teve coração para mandá-la parar. Já estavam ali tomando o famoso "chá de cadeira" havia mais de uma hora, e ela mal havia feito nada além de entregar sua documentação e a de Julia enquanto esperava a burocracia ser terminada. Se ela já estava impaciente, imagina Laura. As meninas deveriam ter ficado na casa da tia, mas Carol havia se atrasado e não podia arriscar perder o horário marcado, então acabou tendo que arrastar as duas crianças com ela ao invés de deixá-las brincando com os primos. Brincando e, no caso de Julia, dormindo - ela não fazia muito além de dormir esses dias, e o pensamento provocou um aperto no coração de Caroline, que procurou aliviá-lo correndo uma das mãos pelo cabelo fino da filha adormecida enquanto observava seu rosto a dormir. Havia olheiras roxas na pele pálida que destoavam do seu rostinho infantil, mas tirando os sinais óbvios da doença ela parecia perfeitamente em paz. Ao contrário de Laura, Júlia não havia herdado muita coisa de Carol - algumas expressões e talvez alguns trejeitos, mas seus traços únicos não lembravam ninguém da família além da própria irmã: ambas possuíam os mesmos olhos grandes e claros e o queixo forte, suas características mais marcantes.

Antes que ela pudesse refletir muito sobre o assunto, a atendente que havia desaparecido com sua documentação por uma das portas de vidro tornou a chamá-la, e ela ajustou o aperto em Julia antes de se levantar e agarrar uma das mãos de Laura para que ela lhe acompanhasse. Ela parecia distraída o suficiente enquanto depredava um dos copinhos descartáveis da recepção, cantarolando baixinho a música-tema de algum desenho, mas aceitou de bom grado que a mãe a guiasse com uma mão cuidadosa atrás da cabeça. Carol entrou por uma das portas de vidro que revelava um corredor e caminhou pois mais alguns metros, somente o som dos saltos da atendente e o cantarolar da criança ecoando pelas paredes claras e elegantemente decoradas da clínica. Quando chegaram a uma grande e moderna porta de madeira, a atendente a abriu com um sorriso simpático que beirava a pena ao olhá-la com a criança nos braços. O mesmo olhar que já estava se tornando familiar nas últimas semanas, o que lhe causou uma pontada de irritação, e Caroline tratou logo de cruzar o batente da porta para que a mulher em questão pudesse se retirar.

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