Capítulo 10 - Tetsuya

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→ Quem é vivo sempre aparece né kkkkkk

→ Capítulo importante para vocês entenderem um pouco da Hyura e dos traumas que ela tinha no passado. 

→ Eu não sei se podem ser gatilhos, mas aqui estão os avisos: possivel gatilho de bullying, xingamentos, traços de depressão.

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𝐻𝓎𝓊𝓇𝒶

Finalmente...

Ir embora desse lugar que me sufocava de todas as maneiras possíveis.

O Japão é maravilhoso, mas eu tive que estragar tudo. Abandonei o homem que eu amo, o cara por quem eu tenho certeza que me apaixonei, minhas colegas de time - uma segunda vez para ser sincera, mas em todos casos, quando vim para cá, tive tempo de ficar e curtir com elas o suficiente para não ser um abandono.

Nem meus pais estavam ali naquele momento, eu pedi para apenas me deixarem ali e irem. Quando estivesse pronta, voltaria para os braços deles e além do mais eu não estava morrendo... Em dois anos também temos a copa do mundo que meu pai insiste tanto em ver e eles sempre poderiam vir me visitar também.

As vezes... Eu queria ter dezoito anos como qualquer pessoa.

Queria poder namorar e sorrir.

Sair de noite e me divertir com minhas amigas.

Estudar para passar num vestibular.

Mas acho que tiraram isso de mim antes mesmo dos dezoito.

He... Eu não deveria ficar pensando nessas coisas...

E no final das contas, eu estava indo embora do Japão sem saber quem me escreveu uma carta anônima. No meio de todo o caos e confusão de sentimentos entre mim e Ushijima, aquele papel tinha ficado enfiada no fundo junto com as provas e alguns papéis inúteis e só quando estava me arrumando que encontrei.

Parando para pensar, é só mais alguém para me confundir com palavras e sentimentos que eu visivelmente não sei quais são. E mesmo que fosse amor, seria só mais um para acabar de coração partido.

Rodando o papel roxo nos dedos, me levantei e joguei na lixeira mais próxima, deixando de ver como uma pendência e antes que eu pudesse me sentar para curtir o tempo livre antes do embarque, uma voz conhecida me travou no lugar.

"Hyura!!" - o que diabos aquele desgraçado estava fazendo aqui?

"Que merda você está fazendo aqui?" - o sotaque português saiu tão familiar aos meus ouvidos, e eu sabia que deveria me acostumar de volta com a sonoridade que as palavras tinham, mas o foco agora era o desgraçado do meu ex namorado na minha frente. O mesmo desgraçado que ficou no Brasil e que eu fazia questão de evitar a pelo menos uns três anos.

Era um namoro de adolescente, eu deveria ter meus quatorze anos quando o conheci na escola. Um carinha bonito, loiro de olhos azuis, mais alto do que a maioria dos garotos da sua idade e para mim naquela época, alguém muito charmoso. E pela nossa idade, você já deve imaginar o que aconteceu...

Tayrone... Ele não apoiava meu ingresso nos times de base da seleção brasileira de vôlei nem em qualquer liga semi-profissional que me aceitasse pela minha idade. Achava que eu deveria me focar em estudar e me divertir naquela idade e acabou me convencendo a matar muitos treinos para sair com ele, éramos quase o casal preferido da escola, e teríamos sido se todos não rissem da minha cara e do fato de eu levar chifres constantemente.

Eu descobri uns meses depois que tudo aquilo era apenas uma brincadeira de mau gosto. Ele não me amava ou sentia qualquer coisa por mim, eu não passava de uma esquisita jogadora e desprovida de curvas - mesmo não estando perto da puberdade. Brincadeiras e mais brincadeiras surgiram comigo nessa época e daí eu fiz a única coisa que amava, me afundei no volêi até ser chamada para ser reserva na seleção brasileira e jogadora de um time profissional novo que surgia na superliga feminina.

Esse idiota continuou me mandando mensagens e insitindo para que nós saissemos de novo e voltassemos a namorar, ele só não contava que eu o odiava e já tinha dado de bandeija meu coração para outro.

"Hyura..." - o loiro tentou se aproximar de mim e me desviei de qualquer toque ou avanço que ele pensava em fazer.

"Que merda você está fazendo aqui Tayrone?" - questionei já nervosa.

"Eu vim atrás de você! Vamos reatar Hyura. Eu tenho certeza que recebeu minha carta, tinha um codinome de Tetsuya, mas eu tenho certeza que você saberia que se trata de mim." - alguns pontos foram ligando na minha cabeça, principalmente pelo envelope ser roxo, mas as palavras me deixaram confusa.

[Você é mais do que uma garota bonita, e eu não consigo conter meus sentimentos. Eu sou completamente e unicamente apaixonado por você, não há lugar para nenhuma outra garota que não seja a Imperatriz da quadra. É claro que você não sente o mesmo por mim, por agora, mas se disponibilizaria para tentar?

Apenas me diga. Você me amaria como eu amo você?]

"Some da minha frente." - sentenciei.

"Hyura! Eu vim até aqui para a gente ficar junto, mas eu não consegui entrar naquela escola sua... Você tem que ser minha namorada de novo." - se antes de saber de quem era a carta, eu estava preocupada, agora estou com ódio.

"Você ficou maluco? Insano? Doido? Você me magoou para um inferno, eu tenho a porra de traumas por sua causa seu babaca egocentrico de merda. Eu magoei duas pessoas incríveis e perdi elas para sempre por culpa das merdas que você fez comigo e eu não soube lidar. EU QUERO QUE VOCÊ VÁ PARA O INFERNO!"

"Hyu..."

"VAI SE FODER! INFERNO! Eu acho bom você me deixar em paz antes que eu cometa um crime de ódio. Nunca mais apareça na minha frente, ou eu juro que te mato." - perdi completamente a compostura e via alguns olhares julgativos em minha direção. Não perdi um minuto sequer em pegar minhas malas e ir até a área que me levava para o embarque. Eu não iria perder meu tempo com um idiota como ele. Desgraçado!

Pelo menos os xingamentos sempre sairiam com a melhor entonação no português.

Que aquele desgraçado vá queimar no inferno!

Eu preciso que a minha vida entre de novo nos trilhos... Não tem um dia que eu serei verdadeiramente feliz e livre para poder amar sem me perder?

Sinto saudades de casa. 

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