"It's an Upside Down World"

{ Chapter Three }

Luke olhou-me e sorriu, passando depois uma das suas mãos pelos seus cabelos loiros. Um tique que quase nenhum rapaz não tinha e que na verdade, eu achava bastante querido.
" Não me lembro da última vez que vieste a um concerto nosso... O Calum fez-te um favor assim tão grande? "
Murmurou, num tom de voz brincalhão, fazendo-me sorrir.
" Não, não fez nada de especial. Sei lá... Talvez deixar-me ficar a assistir ao concerto sozinha nos bastidores me tenha convencido. Deve ser o suficiente para mim. "
Respondi, num tom de voz meio tímido. Quase não o conhecia, mesmo sendo um dos melhores amigos do meu irmão. Não lhes dava muita atenção, talvez por fazerem coisas que propriamente, não me agradavam. Mas talvez fossemos um pouco parecidos. Talvez Luke fosse o mais "ajuizado". Era um rapaz doce, romântico, inteligente e divertido. E eu tinha de admitir. Era profundamente atraente. Até um cego iria conseguir vê-lo.
" Não gostas da multidão? Ou da música? "
" Eu adoro a vossa música. Só não me identifico com aqueles que a ouvem e vão aos concertos, sei lá, prefiro ficar sozinha a um canto, não gosto da confusão... "
Luke apenas assentiu, e olhou em redor, sentado no palco, com os cotovelos apoiados nos joelhos.
" O Calum ia adorar que viesses mais vezes. E se queres ficar nos bastidores, estás à vontade. Ele só quer que cá estejas, isso é o mais importante. "
Acrescentou, desviando devagar os seus olhos azuis para mim. Fiz o mesmo que ele teria feito à segundos atrás, limitando-me apenas a assentir com a cabeça ao que dissera. Minutos depois, Calum voltou. Dentro de dez minutos, Michael e Ashton chegavam com o jantar. Enquanto isso, Calum e Luke acabavam de arranjar tudo no palco. Os testes de som seriam feitos apenas quando todos os membros da banda cá estivessem. Pouco tempo depois, ouviu-se a porta do clube abrir e logo o cheiro de pizzas quentes e acabadas de fazer invadiu o espaço. Para falar verdade, estava a morrer de fome. E de certeza que não era a única. Michael aproximou-se de nós quase que a correr. E logo atrás dele veio Ashton. Michael era mais velho que eu, assim como todo o resto da banda. Era "famoso" por pintar o cabelo de várias cores. Várias vezes. Das poucas vezes que estivera com ele tinha sempre cores de cabelo diferentes. Mas sempre o achara simpático, divertido. E naquilo em que mais reparara nele fora o incrível sentido de humor. Ashton era diferente. O mais velho da banda. E o mais misterioso, a meus olhos. Alto, de olhos esverdeados, cabelos loiros talvez demasiado compridos, que de momento estavam presos por um prqueno elástico preto na nuca. Tinha uns braços enormes, e podia ver-lhe os abdominais através da t-shirt justa que vestia. Sentia arrepios só de olhar para ele. Ashton tocava bateria. Pelo que Calum me dizia era bem capaz de tocar outros instrumentos, como guitarra ou piano, o que era meio estranho de imaginar, um rapaz como ele tocar um instrumento tão delicado como o piano.
" Vamos comer , antes que arrefeçam! "
Michael sentou-se e logo a seguir, Luke, Ashton, o meu irmão e eu, na ponta, meio afastada de todos. Em pouco tempo já as caixas pareciam esvaziar, num instante. Não falava muito à mesa, enquanto Calum e os amigos conversavam enquanto comiam. Era isto que não me agradava de todo. O facto de não me conseguir encaixar no grupo de amigos do meu irmão quando estavam todos juntos. Era a única rapariga ali, era verdade, mas mesmo assim, devia sentir-me à vontade com o meu irmão, mas nem isso parecia acontecer agora. O tempo ia passando. E agora que todos tinhamos jantado, Calum e o resto da banda preparavam-se agora para verificar se tudo estava no lugar, e fazerem um pequeno ensaio. Enquanto estavam agora no palco a fazer os últimos testes de som, e a testar os microfones, fiquei sentada onde anteriormente estiveramos a jantar, limitando-me a observá-los. Admirava a dedicação que todos eles tinham por isto. Sabiam que não eram uma banda imensamente conhecida. Mas continuavam com esperanças de que um dia teriam um contrato com alguma produtora e iriam subir na carreira. Concretizar os seus sonhos. Tocavam e cantavam com paixão. E admirava-os por isso, em especial o meu irmão.