IMAGINES DO MALUMA|+18

1|Herança V

Clara Silva Bennet

Levo alguns momentos para entender onde estou quando acordo na manhã seguinte.

Assim que abro os olhos vejo Juan, já vestido, de pé ao lado da cama, com um copo de suco na mão.

- Bom dia cariño - diz com um sorriso terno.

- Poderia muito bem me acostumar com esse tratamento - penso.

- Trouxe um suco - diz estendendo o mesmo em minha direção.

Ele se senta na beira da cama, do meu lado, me entregando o copo.
Me sento e tomo alguns goles.

- Estava pensando no que poderíamos fazer hoje, passei o último ano e meio na Colômbia e adoraria sair por aí e explorar - diz após alguns segundos de silêncio;

- Eu topo uma aventura - respondo bem-disposta, o que não é habitual, meu humor matinal é uma merda.

Mas com Juan é diferente, com ele sempre é diferente.

- Então e o que quer fazer - pergunta se levantando da cama;

- Posso escolher? - pergunto já pensando no que fazer.

Ele apenas assente com a cabeça, em forma de sim, tirando uma mecha de cabelo da minha cara, colocando-a atrás de minha orelha.

Seu toque, mesmo que breve, me faz bem.
Me acalma com sua suavidade.

- Podemos ir em uma pista de gelo - sugiro;

- Perfeito, vou começar os preparativos para a viagem - diz e sai.

Suspiro enquanto o observo sair.

Por dentro, desejo que ele tivesse me tocado, de qualquer jeito.

- Ontem à noite partilhamos momentos de ternura. Será que é coisa da minha cabeça, ou ele também sente isso? - pergunto para mim.

Mas não há tempo para refletir a respeito pois preciso me arrumar para passar um dia maravilhoso na pista de gelo com Juan.

[...]

A atmosfera na pista é alegre.
Cantores natalinos estão proferindo músicas festivas, enquanto os patinadores exibem suas habilidades com entusiasmo.

Alguns mais que outros...

- Então é verdade! - digo entusiasmada.

Juan sorri antes de patinar habilidosamente até mim.

- O quê? - pergunta curioso e confuso;

- Que todos que vão na Rússia aprendem a patinar no gelo - respondo;

Ele balança a cabeça, seu lindo sorriso parecendo brilhar mais que o sol.

- Nada disso, aprendi sozinho mi amor - responde sorrindo abertamente;

- Seu sorriso é bonito - digo aleatoriamente.

Logo, me apercebo da borrada que fiz.
Fico surpreendida de como isso saiu tão natural e automático.

Juan também parece surpreso com meu elogio.
Ele obviamente não está acostumado a eu ser tão carinhosa com ele, normalmente é ele que me elogia.

- Bom, eu joguei hóquei no gelo desde muito pequeno. Sabe qual o lado bom? Todos os meus dentes de leite eram saudáveis, ou ausentes - responde risonho.

A piada dele tem o efeito contrário em mim, e uma tristeza me domina de repente.

- Será que um dia o que temos irá além desse desejo ou desses flertes um com o outro? Será que um dia conseguiremos aprofundar nossa conexão e realmente nos permitiremos ser vulneráveis um com o outro? - essas ideias tomam meus pensamentos.