Capítulo quatro
Dia 09
Regra número cinco-Voce sabe que não é o fim do mundo não passar em uma entrevista. - diz minha mãe.
Ponho o celular no viva voz e me jogo em meu sofá com uma taça de vinho em mãos.
Um vinho não tão bom.
-Sei, mas é frustante no mesmo nível. Você está a uma entrevista de perder a sua filha.
-Maya! Não seja tão dramática.
-Não estou sendo - respondo, rindo. - Estou sendo realista, essa vida não está sendo fácil. Por que você não pode ser uma daquelas mães podres de ricas que deixam herança para suas proles?
A ouço rir do outro lado da linha.
-Eu sou rica, mas não deixaria você se tornar uma garota mimada sem antes experimentar as dores da vida. Que tipo de mãe eu seria se não te desse essa experiência.
-Uma péssima mãe.
-Exatamente! Então, aproveite a experiência caladinha.
Mamãe ri.
-E como andam as coisas na agitada New York? - O tom de desprezo é evidente em sua voz.
Ela nunca se adaptou a ideia de eu me mudar para Nova Iorque. Ainda mais quando era só nós duas contra o mundo.
Droga. Vendo por esse lado parece que sou uma pessoa horrível por abandonar minha mãe.
Mas não é de total verdade. Como todo jovem em busca de autoconhecimento e oportunidades, eu não fui diferente. Sair da minha antiga cidade para vir morar aqui, foi uma decisão difícil e ao mesmo tempo libertadora. Vamos supor que eu achei o meu propósito e assim acaba a minha jornada de autoconhecimento (por enquanto).
-Ela está do mesmo jeito que ontem, e antes de ontem, quando você pergunto. - respondo.
-Sabia! Os meus instinto de mãe nunca falham.
- O quê isso deveria significar?
-Que você não está aproveitando a sua juventude como se deve.
-Estou sim. - retruco, mesmo sabendo que ela tem razão.
-Qual foi a última vez em que você saiu com alguém que não esteja fundido ao seu sofá. Ou em um livro de romance?
-Você não devia duvidar de mim. - Eu me levanto na busca do meu consolo alcoólico que já está pela metade. - Só não estou no clima para ter uma conversa com alguém que, obviamente, não vai estar interessado no que tenho para falar, e sim para estar dentro de mim como um parasita.
-A sua ideia de sexo casual é tão nojenta.
- Você devia dar graças a Deus, por ter uma filha como eu. Te livrei de ser avó na sua idade. Alem do mais, a minha vida está ótima do jeito que está, não precisou de alguém me enchendo dia e noite.
Imagino que ela vai rir e dizer que a minha ideia de diversão é chata assim como todos os livros que leio. Ou que ela está tentando me provar seu ponto de vista sobre a adulta idosa que me tornei, provar que mesmo longe continuo sendo a mesma menina solitária e sem imaginação. Ou que vai me dizer para sair e me divertir como uma jovem baranga de New York (baranga, isso soou tão anos 80), que veste roupas que não cobrem mais que um terço dos seu corpo. Enfim, tudo isso são possibilidades, e todas passam pela minha cabeça ao mesmo tempo. Não posso dizer que de todas aja uma errada, porque todas são verídicas.
A única coisa que estão esperando é a sua resposta de mãe legal.
Mas, mjnhas palavras fazem ela soltar uma risada estridente e feia. Eu amo sua risada.
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Sob a nossa verdade
FanfictionE assim como chegou ele se levanta com uma calma e determinação. Não me dando tempo para perguntar quem é. Ele simplesmente se vai. Me deixando com a minha confusão e normalidade. sozinha, sem mais perguntas idiotas. Sem mais olhares de piedade. S...