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Eu havia passado o dia inteiro pensando no que eu estava fazendo da minha vida e onde eu estava com a cabeça quando aceitei a ideia de Maraisa. Eu precisava me afastar e não me aproximar mais ainda dela.

Assim que eu cheguei em casa, rezei para que Maraisa tivesse saído, ou pelo menos que tivesse deixado essa ideia de assistir um filme de lado, quem sabe até esquecido. Qualquer coisa que me fizesse manter distância dela, mas assim que a vi sentada no sofa escolhendo algum filme na Netflix, eu sabia que estava ferradíssima.

--Oi, Lila.- Ela disse animada ao me ver.

--Oi, Isa.- Sorri.

--Nós vamos assistir filme hoje?- Ela perguntou.

Não, Maraisa. Não vamos.

--Vamos sim.- sorri-- Só preciso tomar um banho antes, já desço.

--Tá bom.

Subi até meu quarto e pegeui o primeiro pijama que achei no meu guarda-roupa. Eu estava torcendo para que o tempo passasse rápido, e eu já havia decidido que após o filme eu já diria que estava com sono e correria para o meu quarto, o mais longe possível dela.

Eu não sei exatamente do que eu tinha medo, porque eu sabia que não iria acontecer nada entre nós, até porque ela era completamente apaixonada por meu pai e isso me deixava confusa. Será que meu medo era de eu tentar algo? Eu não faria isso!

Ou faria? Que merda, Marília. Sossega.

Fiquei uns vinte minutos debaixo do chuveiro pensando nos momentos seguintes, eu estava realmente tensa e me perguntava se não era drama demais da minha parte. Pois, se Maraisa era apaixonada por meu pai, todas suas ações eram inocentes, até mesmo no provador. Ela não via maldade da minha parte, ela só queria ter uma relação de amigas comigo, e eu estava sendo suja o suficiente para deseja-la, mas a pergunta é:

Quem não sentiria vontade de agarra-la?

Ela era linda, gostosa, tinha um jeito todo meigo de ser e era adorável. Ficava difícil assim.

Após esta devidamente vestida e cheirosa, prendi meu cabelo em um coque bagunçado e desci para a sala, já sentindo o cheiro de pipoca. Era 20:37 ainda, e eu tinha certeza que esse filme seria longo.

--Marília- Ouvi a voz de Maraisa da cozinha e girei meus calcanhares para ir até onde ela estava.

--Sim?- perguntei, assim que passei pela porta da cozinha.

--Me ajuda com isso aqui.- Ela disse me entregando o balde "gigante" de pipoca, e pegando os dois copos cheios de coca-cola.

Ela estava realmente empenhada em fazer com que nós ficássemos próximas. E eu realmente entendo o lado dela, morar com uma pessoa que não gosta de você deve ser horrível.

Puxei o sofá para que ele ficasse maior e deitamos nele, com o balde de pipoca entre nós. Ela colocou o filme Coincidências do Amor.

Eu já havia assistido ele, mas ela parecia bem empolgada com a sinopse, então eu deixei que ela colocasse, eu não iria prestar atenção de qualquer jeito mesmo, e se fosse um filme que eu não conhecia e ela comentasse algo eu certamente não saberia o que falar.

Ela olhava a TV atentamente, enquanto comia a pipoca. E eu encarei a TV pensando até no que eu faria  no dia seguinte.

--Não acredito que ele fez isso!- Ela gritou indignada e eu prestei atenção no filme para saber do que ela estava falando-- Ele é burro?- Eu ri, observando-a enquanto ela estava com os olhos vidrados na TV-- Oh, meu Deus! Ele vai se masturbar para ela não saber de nada!

--Se ela souber, com certeza mataria ele.- Eu disse.

--Ele está completamente bêbado, será que irá lembrar?

--Não sei, Isa.- Menti

Ela voltou a prestar atenção no filme enquanto eu olhava para algum ponto fixo e comia minha pipoca calmamente, até quase engasgar quando ela gritou.

--Ela vai embora, como assim? Por que ele não diz que ama ela logo?

--Por que se ele disser o filme acaba?- Perguntei e ela deu de ombros.

--Meu Deus, será que ele não percebe que o menino é a cara dele?- Ela continuava indignada o que só me fazia rir mais.

--Ele vai perceber, até porque vão falar isso para ele.- Eu disse e ela me olhou com os olhares semicerrados.

--Você já assistiu esse filme!- Ela disse.

--Que? Eu? Não, claro que não.

--Mentirosa!- Ela começou a me dar uns tapas fraquinhos enquanto riamos.

Segurei sua mão e a deitei no sofá, ficando por cima dela. Enquanto segurava suas mãos com uma mão só e outra eu lhe enchia de cócegas, enquanto ela gritava implorando que eu parasse. Sua risada era tão gostosa.

Parei com as cócegas e a encarei. Ela estava totalmente descabelada e ofegante, ainda se recuperando dos risos.

--Eu acho que vou fazer mais- Ameacei-a e ela soltou um grito.

--Por favor, não!- Ela implorou, fazendo-me rir.

--Como você ousa me bater assim e me chamar de mentirosa, hein? Não tem amor a vida não?

--Eu prometo que não faço mais isso, me desculpa- Ela disse desesperada, mas ainda ria-- Mas cócegas não, por favor!

--Cócegas sim!- Fiz mais um pouco de cócegas nela que gritava cada vez mais, me fazendo rir. Quando parei, ela me olhou raivosa e eu mandei um beijo para ela.

--Você me paga, Mendonça.- Ela dizia rindo.

--Eu não tenho medo de você, Pereira- E aproximei meu rosto do dela-- Nem um pouquinho.- Eu senti sua respiração em meu rosto e só então percebi o quanto eu estava perto.

Droga, eu estava perto demais. Encarei seis lábios enquanto ela me encarava em silêncio.

Ok, Marília, essa é a hora que você se afasta.

Merda, eu não conseguia. Eu estava paralisada e ela também não se mexia, não saía nenhuma palavra de sua boca e se não fosse pelo filme a sala estaria em quase um completo silêncio, exceto por sua respiração  ofegante e agora a minha também.

Eu me aproximei um pouco mais, se é que era possível. Eu não tinha mais controle de meus atos, e eu por mais que minha cabeça pedisse para se afastar, meu corpo se recusava. Que merda, Marília.

Eu finalmente fechei os olhos, ainda tendo os olhos arregalados de Maraisa sobre mim, e eu teria a beijado, se não fosse pelo seu celular tocar exatamente no momento que nossos lábios estavam prestes a se encostar.

Merda.

Lavantei-me rapidamente e ela também. Maraisa olhou para seu celular e depois me olhou com os olhos arregalados, talvez pensando a mesma coisa que eu.

Que porra havia acontecido ali?

--Oi, meu amor- Ela disse baixinho e um sentimento de culpa acertou minha cara como se fosse um soco.

Eu estava prestes a beijar a namorada do meu pai...

Que merda foi essa?

Minha Querida Madrasta Onde histórias criam vida. Descubra agora