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Silêncio. Era a única coisa que acontecia ali. Maraisa me encarava com os olhos arregalados e eu simplesmente estava paralisada.

Abri a boca diversas vezes, mas nada saía. Eu estava completamente muda, eu não sabia como explicar e nem sabia se tinha um jeito leve de fazer isso.

--Ninguém vai dizer o que está acontecendo?- Cesar falou --Cadê o Mário?

--Papai - Maraisa disse baixo --Nós estamos juntas.

Almira arregalou os olhos e me olhou, depois encarou Maraisa e então olhou para Cesar.

--Vocês estão brincando comigo, não é? - Almira disse forçando uma risada.

--Não estamos, dona Almira. Eu e Maraisa estamos juntas.

--E Mário?

--Ele viajou. Meu pai sabe sobre nós. Está chateado, mas aceitou.

--Mas isso é inaceitável!- Almira disse --Meu Deus, ela é a filha do seu ex-noivo, Maraisa!

--Eu sei, mamãe. Você acha que eu escolhi me apaixonar por Marília? Nem eu e nem ela queríamos isso, mas aconteceu.

--Aconteceu... - Ela repetiu a última palavra forçando o riso --Não acho que se apaixonar pela filha do seu noivo é algo que aconteça. Quando isso começou?

--Assim que eu cheguei, na primeira vez que Mário foi viajar.

--Meu Deus! — Ela gritou — Você só pode estar de brincadeira, Maraisa. Você repetia para Deus e o mundo o quanto era apaixonada por Mário, que ele era o homem da sua vida e que você nunca amou tanto alguém daquele jeito.

--E eu realmente acreditava nisso. Todas as vezes que eu disse que era apaixonada por ele eu realmente acreditava em minhas palavras, não era da boca pra fora. Entretanto, quando eu conheci a Marília, mais precisamente na primeira noite que ficamos sozinhas, eu senti algo diferente dentro de mim, como se tivesse um imã nela que me atraísse.- Cesar a interrompeu.

--Chega, Maraisa. Eu já vi essa história antes.

--Eu sei bem, Cesar - Eu disse e ele me olhou surpreso.

--Eu não consigo aceitar isso. Maraisa, você nunca me disse que gostava de mulheres.- Ela estava visivelmente irritada e eu não sabia se era pela situação ou por eu ser uma mulher.

--Nunca disse porque nunca tive algo sério, já havia ficado com uma, mas não passou disso. E, Marília não foi questão de gênero, mas sim o jeito dela.

--Isso é demais pra minha cabeça processar. - Almira disse --Vamos embora por favor. Eu volto amanhã.

--Mamãe.- Maraisa chamou Almira que a olhou negando com a cabeça.

Maiara que estava quieta até agora, se levantou e os seguiu para fora da casa, mas antes parou em minha frente e sussurrou.

--Vou conversar com ela.

--Obrigada - Sorri e ela saiu.

Fechei a porta e Maraisa estava sentada no sofá chorando, fui até ela e a abracei.

--Vai ficar tudo bem, meu amor - Eu disse beijando o topo da sua cabeça.

--Eu tenho medo dela não aceitar, nunca conversei com ela sobre esse assunto, Lila, não sei o que ela pensa sobre.

--Calma, meu amor. Ela vai se acalmar e eu tenho certeza que vocês terão a chance de conversar, tá bom?

--Eu espero que sim, amor - Ela me olhou e eu a beijei. Precisava que ela sentisse que independentemente do que acontecesse eu sempre estaria ao seu lado, porque eu a amo.

--Eu te amo - Ela sussurrou.

--Eu também amo você. - Sorri.

--Vem, vamos deitar.- Puxei-a, e subimos para o meu quarto. Em dois dias iriamos nos mudar e logo meu pai estaria de volta - era o que eu esperava pelo menos.

***

-Mama! Mama! - Gritei enquanto corria até a cozinha.

-Meu amor, mama já pediu para que você não corra pela casa, vai que você se machuca.

-Eu fiz esse desenho para você. - Entreguei a folha com o desenho da nossa família. Eu, mama, papa e os milhares de cachorrinhos que eu queria ter.

- Está lindo, meu amor. Parabéns! Mama amou! — Ela me encheu de beijos, fazendo-me rir.

-Mama, a senhora sabia que eu vou ser uma grande médica veterinária? — Eu disse animada e seu sorriso aumentou.

- Mama fica tão feliz em saber que você ama ajudar os animaizinhos. Qualquer decisão que você tome, terá o meu apoio, amor. Eu te amo.

-Eu também te amo, mama. — Pulei em seu colo e beijei seu rosto.

Acordei com uma estranha sensação de paz que eu nunca havia sentido em sonho algum com mama. Eu pude senti-la perto de mim, apesar de ser bem pequena no sonho.

"Qualquer decisão que você tome, terá meu apoio"

Ela estava me apoiando, ela estava do meu lado como sempre esteve e sempre vai estar. Isso me deixava tão feliz, senti-la tão perto de mim quando parecia que ela estava tão longe era incrível.

Senti meus olhos marejarem e me permiti chorar. Encarei Maraisa e sorri, não poderia estar mais feliz, mesmo sabendo que nem tudo estava bem e que ainda precisava me resolver com meu pai. Entretanto, eu sabia que no final tudo daria certo.

--Está chorando, amor?- Maraisa disse, sonolenta. A olhei e sorri.

–Estou, mas é de felicidade, meu amor. Eu amo você. - Beijei sua testa e a abracei forte.

Independente da situação, eu sabia que eu e Maraisa iríamos continuar juntas.

Minha Querida Madrasta Onde histórias criam vida. Descubra agora