Chapter 05

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Acordei sobressaltado pelo choro alto de Jisung. O relógio ao lado da cama marcava 1:12 da manhã. O que poderia estar acontecendo a essa hora?

Levantei rapidamente, o coração batendo forte no peito, e fui até o quarto dele. Abri a porta e liguei a luz, na esperança de acordá-lo. Mas ele estava preso em um pesadelo. Ofegava e chorava, gemendo palavras desconexas, agarrando os lençóis com força, como se estivesse implorando para que algo parasse.

— Hey, Jinie, eu estou aqui — sussurrei, enquanto o abraçava e encostava sua cabeça em meu peito. — O hyung está aqui, por favor, acorde!

Passei a mão pelos seus cabelos, tentando acalmá-lo, enquanto murmurava uma canção de ninar que ele adorava. Ele não acordou, mas aos poucos se acalmou, soltando o lençol e envolvendo minha cintura com os braços. Eu fiquei ali, segurando-o, até que ele adormeceu novamente. Não sei ao certo quando, mas acabei pegando no sono ao lado dele.

Na escola, tudo me deixava à flor da pele. A dor de cabeça era intensa, e eu não queria estar ali. Han parecia estar bem, ele nem se lembrava do que aconteceu na noite passada, e eu não fiz questão de lembrá-lo.

— Boo! — uma voz irritante soou, me fazendo olhar para o Pica-Pau dos infernos, encostado no armário.

— O quê? — perguntei, com um tom entediado.

— Nada, você só não tá com uma cara muito boa — ele reprimiu os lábios. — Você está bem?

— Ótimo, Hwang! — exclamei, com sarcasmo. — Ótimo.

Dei meia volta, caminhando em direção à sala de aula, mas ele me seguiu.

— Eu te vi na arquibancada — ele se colocou na minha frente, me impedindo de continuar. — Você fica muito atraente de regata — disse, mordendo o lábio.

Ele se esqueceu da mensagem que me mandou? Como alguém pode ser tão burro a esse nível? Seus olhos me encaravam com tanta intensidade que parecia que ele sabia de todos os meus segredos.

— Cala a boca, Hyunjin! — bufei, pisando em seu pé e dando meia volta.

— Coelhinho! — ele retrucou, se escorando nos armários.

Claro que não demorou nem dois minutos para ele voltar a me encher o saco.

— Hey, coelhinho, por que você me trata assim? — perguntou enquanto andávamos.

— Motivo 1, você me chama de "coelhinho" — respondi.

— Você me chama de Pica-Pau toda hora e eu não falo nada — ele reclamou.

— Verdade — concordei. — Mas não importa, eu só não vou com a sua cara.

— Hum — ele fez biquinho.

Fomos para a sala em silêncio, e eu agradeci mentalmente por ele não continuar aquela conversa. Minha cabeça estava explodindo, provavelmente por causa do jejum desde a manhã.

Senti uma pontada aguda na cabeça e me apoiei na parede para não cair. Minha visão ficou turva e senti meu corpo fraquejar, como se fosse desmaiar a qualquer momento.

— Hey, você está bem? — Hyunjin me segurou firmemente para eu não cair. — Tá mais pálido que um vampiro.

Vacilei e ele me segurou ainda mais forte, seu braço envolvendo minha cintura. Por alguns instantes, senti-me minúsculo em seus braços.

— Vamos para a enfermaria — disse, e com dificuldade, fomos devagar até o local mencionado.

— Enfermeiro Park? — Hyunjin chamou ao entrarmos.

— Aqui! — um loiro de óculos e jaleco branco apareceu rapidamente. — Sente-se aqui.

Me sentei na maca conforme solicitado, segurando-me para não desmaiar. Tudo girava e parecia em câmera lenta. Senti a mão de Hyunjin em cima da minha, minha respiração ficou mais ofegante, e jurei que estava alucinando.

— Você está queimando! — o enfermeiro tirou a mão da minha testa e saiu da minha vista.

— Hey, Hwang... — chamei o ruivo, que me olhou com atenção. — Obrigado.

Sussurrei a última parte antes de desmaiar por completo.

Meu sonho começou na praia, Miami Beach para ser mais exato. Por algum milagre, o lugar estava vazio e o sol já ia embora. Risadas em conjunto atraíram minha atenção, e lá estavam Jisung, Felix, Jeongin e Yuna, todos brincando na beira do mar, jogando pega-pega.

Sorri com a cena.

Sentia a areia quente entre meus dedos e a brisa morna me abraçando confortavelmente. Um som suave de música se tornou cada vez mais claro, e procurei de onde estava vindo.

Quando encontrei quem estava tocando o instrumento, meu queixo quase caiu. Seus cabelos como fogo se escondiam embaixo de um boné surrado. Ele vestia uma camiseta estampada e bermuda preta.

Tocava algo animado no ukulele e, notando minha presença a alguns metros, levantou a cabeça e sorriu de orelha a orelha. Acho que nunca vi um sorriso tão encantador assim.

Ele acenou, e eu senti meu estômago embrulhar, junto com o rubor em minhas bochechas. Iria responder quando alguém me agarrou por trás, me levantando e, por fim, me jogando na água fria do mar.

Abri meus olhos devagar na tentativa de me acostumar com a claridade. Eu estava na enfermaria, coberto por um lençol fino. O enfermeiro se aproximou.

— Como está se sentindo? — perguntou.

— Com fome — respondi, e ele riu nasalmente.

— Vou pegar algo para você comer — respondeu, saindo da sala.

Levantei-me, sentando na cama, e notei a cabeça de Hyunjin apoiada na beirada, com um braço sobre ela e o outro segurando um pano úmido.

— Ele ficou aqui o tempo todo — Sr. Park respondeu, como se lesse meus pensamentos. — Mesmo eu brigando para ele sair e ir para a aula, menino teimoso.

Suspirei, pegando a bandeja.

Por que ele ficou aqui? Não me lembro de ter pedido para ele ficar.

Mordi um pedaço do meu sanduíche, pensativo. Era bem melhor conviver com ele dormindo, parecia até suportável desse jeito.

Seu cabelo era tão vermelho. Afastei uma pequena mecha que caía sobre seu rosto e observei. Até que ele não era de todo mal. Mas, como sempre dizem, as aparências enganam.

Ele começou a se mexer, e eu afastei minha mão rapidamente. Ele ficou quieto logo em seguida, ainda em seu sono profundo. Como alguém pode dormir em uma posição tão horrível dessa?

Suspirei, voltando ao meu sanduíche. Era quase hora de ir embora, então não me preocupei em voltar para as aulas. Havia uma mensagem de Jisung perguntando se eu estava bem e que não podia vir, pois estavam fazendo prova.

 𝐎 𝐈𝐃𝐈𝐎𝐓𝐀 𝐃𝐄 𝐂𝐀𝐁𝐄𝐋𝐎 𝐕𝐄𝐑𝐌𝐄𝐋𝐇𝐎 - hyunho.Onde histórias criam vida. Descubra agora