Acordo com a esperança de que tudo não tenha passado de um pesadelo mas logo cai a ficha e o vazio me invade, esse vazio tem feito parte de mim desde que acordei do coma, daqui uma semana vai fazer um mês que perdi meus pais mas parece que já faz tanto tempo.
—aninha? - ouço minha vó dizer do outro lado da porta -já acordou meu amor?
fico em silêncio na esperança de que ela vá embora, o que não demora muito. As pessoas ficam em cima de mim com medo de que eu faça algo mas ao contrário de me sentir segura, eu me sinto sufocada, porem a pesar de tudo tenho medo, medo do que vai sobrar quando as pessoas pararem de se preocupar e seguirem com suas vidas.
—Pirralha? - ouço Hugo -sei que está acordada mas se não quiser abrir a porta pra mim tudo bem, eu vou embora.
Hugo além de primo é meu melhor amigo, me conhece como ninguém, não conseguiria mentir pra ele nem se quisesse. me levanto e abro a porta.
—o que é isso? tá parecendo um cadáver em decomposição - ele diz entrando no quarto.
—obrigada, ajudou muito - forço um sorriso.
ele para e me olha como se tivesse me analisando.
—se arruma, a gente vai dar um rolê - ele se vira e abre a cortina me fazendo fechar os olhos já que se faziam dias que eu não via a luz do dia.
—Muito obrigada pelo convite mas não - me jogo na cama.
—Você sabe que não tem escolha, a gente só vai tomar açaí e se você não sentir bem a gente volta pra casa, beleza? - concordo pelo fato de amar açaí.
—Tá bom, eu vou mas quando eu pedir a gente volta né? - ele concorda com a cabeça.
—Mas antes vai tomar um banho né minha filha, parece que morreu um gamba aqui - ele ri da própria piada.
fuço a minha mala na tentando achar alguma coisa pra usar, escolho usar um shorts jeans e uma camiseta azul da lacoste que provavelmente caberia no Hugo de tão grande. Entro no chuveiro e fico parada por alguns segundos enquanto a agua desce pelo meu corpo, lavo meu cabelo e logo após faço uma hidratação e por fim me depilo, saio do banho e vejo que já são três horas e já aproveito e vejo uma mensagem do Hugo dizendo que passaria as quatro pra me buscar então corro pra me aprontar, finalizo meu cabelo e assim que acabo de me vestir ouço meu telefone tocar.
Hugo: Tá pronta pirralha? - ele diz assim que atendo.
:To sim, pode vir me buscar - falo me olhando no espelho.
Hugo: To subindo, marca dois - ele diz antes de desligar.
Coloco alguns acessórios e assim que termino de passar creme de pele ouço uma buzina, olho pela janela e vejo Hugo em uma Kawasaki ninja, ele sempre disse que teria uma bmw só não pensei que fosse tão rápido, sou arrancada dos meus pensamentos com outra buzina o que me faz sair do quarto correndo.
—Que motão em - falo fechando o portão -É sua? - paro na frente da moto analisando de roda a roda.
—Claro que é minha - ele diz todo sorridente —sobe ai - ele dá dois tapinha no banco.
Subo e ele sai, sinto olhares sobre a gente o caminho todo, confesso que amo ser o centro das atenções, leonina que fala né. logo chegamos em uma lojinha com uma outdoor escrito "açaí da tia neide", o lugar é bem bonitinho até.
—Hugo meu filho, quanto tempo - uma senhora que aparenta ter uns quarenta e pouco vem na nossa direção. —E quem é essa moça bonita? Sua namorada?
—Essa é a ayanna tia, minha prima que morava em são paulo. - ele diz e passa seu braço pelo meu pescoço.
—Nome diferente, achei lindo - eu sorrio em agradecimento —Vocês vão querer oque?
—Dois açaí de vinte tia - ele tira uma nota de cinquenta e dá pra senhora.
—Vou pedir pra aline anotar o pedido de vocês, já trago o seu troco meu filho.
—Pode ficar com o troco tia - ela já ia recusar mas Hugo insistiu então ela entrou pra dentro do salão.
Hugo escolhe uma mesa do lado de fora do salão, a gente senta e eu começo a observar o lugar. As mesas são brancas e tem duas dentro e fora do salão, as paredes externas são pintadas de roxo e as internas de branco. uma garota de cabelo cacheado que aparenta ter minha idade faz nosso pedido e logo trás pra gente.
—Qual foi a dela? - pergunto assim que ela sai.
A garota ficou com a cara toda emburrada quando me viu e tratou o Hugo na maior ignorância.
—Essa mina é louca, tá doida pra sentar pra mim - ele diz e eu dou risada.
—Muito convencido cara, não dá - falo e dou uma colherada no açaí.
Hugo começa a olhar um ponto fixo atrás de mim e vejo um cara vindo na nossa direção, ele é simplesmente o cara mais gostoso que eu já vi em toda minha vida.
—Boa chefe - o homem diz assim que alcança nossa mesa.
Ele é alto, tem varias tatuagens e seu cabelo é um loiro de farmacia.
—Que qui ta pegando Coronel? senta ai - eles fazem um toque e o tal do coronel senta.
—Diz você, vai colar no baile amanhã? - ele diz e logo sua atenção vai pra mim.
—Acho que esse final de semana vou dar um descanso - Hugo responde.
ele me olha dos pés a cabeça, seu olhar me penetra fazendo minha barriga congelar, ele parece ler minha alma só com um olhar.
—Coe não sabia que tava casado - ele diz me fazendo engasgar com o açaí.
—Essa é minha prima, ayanna - Hugo diz rindo de mim.
—Nunca vi ela por aqui - ele diz ainda me olhando.
—Sou nova aqui, me mudei faz umas semanas - respondo sem nem perceber.
—Que bom, você fala - ele solta uma risada -Sou o coronel - ele estende a mão e eu aperto.
—Coronel? desde quando isso é nome gente? - falo e ele ri.
—A maioria gosta - ele diz em um tom malicioso. —Vai colar no baile?
—Provavelmente não, não costumo ir pra essas festas - como mais do meu açaí.
—Mas nesse você vai, não é Hugo?! - ele diz todo convencido o que me faz rir.
—Vou pensar no caso - sorrio.
—Ela vai pensar, já é um começo. Já já é meu turno, vamo? - Hugo diz e eu apenas faço que sim com a cabeça.
Levanto e eles vem logo atrás.
—Vai encostar na boca hoje? - Hugo diz pro coronel.
—Vou dar uma passada mais tarde pra ver como tá o movimento - ele fazem um toque com a mão.
—Foi um prazer te conhecer, Morena - ele diz olhando pra mim.
—Não sei se posso dizer o mesmo, Coronel - brinco e ele finge ter se ofendido.
me aproximo e beijo sua bochecha pra me despedir, logo após subo na moto e logo chego em casa.
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atração perigosa - ☆
عشوائيapós perder os pais em um acidente de carro, ayanna se vê perdida em uma realidade totalmente diferente da qual está acostumada. agora morando no rio de janeiro a garota paulista vai ter que lidar com diversos desafios e um deles se chama o coronel...