Capítulo 4

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Pov Maraisa

Durante toda a semana, eu e minha irmã nos dedicamos as nossas músicas, pois decidimos procurar alguém que queira nos contratar. Então, aqui estamos, andando pelo centro da cidade. Eu, com meu violão nas costas e a Mai com uma mochila com o nosso material. 

Mai: irmã, onde vamos agora? 

Mara: tem uma gravadora ali, quer tentar? 

Mai: vai que dá certo, né? 

Chegando lá, fomos até a recepção. 

Mai: olá, moça! 

Re: olá, meninas! O que desejam? 

Mara: a gente quer saber se...você querem contratar a gente...

Mai: por favor, moça...

Re: é...qual o estilo musical de vocês? 

M1/M2: sertanejo! 

Re: sinto muito, mas o mercado é masculino, entendem? Esse estilo não é muito feminino...

Mai: tudo bem, desculpe o incômodo. Vamos, irmã...

Saímos de lá desanimadas e em silêncio, até que ouço uma risada sarcástica vindo da loja ao lado. 

Mara: você tá rindo da gente, é? 

XX: de quem mais seria? Que vergonha  passaram, hein? Acham mesmo que alguém vai querer investir em uma dupla feminina? 

Mai: achamos sim! A gente já tem até CD! 

Mara: vem, Mai, não adianta discutir. - digo arrastando minha irmã - 

Caminhamos por mais algumas horas, mas não conseguimos nada. Cansadas e com fome, sentamos na praça, e dividimos o sanduíche que trouxemos. 

Mai: a gente vai mesmo voltar pra casa de mãos vazias? 

Mara: é a nossa única opção...

Mai: a mamãe vai ficar decepcionada...

Mara: só espero que um dia a gente dê algo pra ela além da decepção...

5 Anos depois...

Pov Maiara

Eu e Maraisa completamos 19 anos, e nossa caminhada até aqui foi bem complicada. Terminamos os estudos e nosso pai nunca mais falou com a gente e se recusou a pagar pensão desde aquele dia que mamãe brigou com a namorada dele. Só o dinheiro do trabalho da mamãe não está sendo suficiente pra ela sustentar 3 filhos. Então, depois do nosso aniversário, mamãe pegou todas as economias que tinha no banco e comprou passagens pra que eu e minha irmã fôssemos pra Goiânia tentar realizar nosso sonho. E cá estamos, nos despedindo da família. 

Cesar F: vocês vão me abandonar igual o papai? - nosso irmãozinho pergunta, com uma cara triste - 

Eu e Maraisa nos abaixamos, ficando da altura dele. 

Mai: pirralho, a gente nunca vai te abandonar, ok? 

Mara: a gente vai ficar lá só por um tempinho e depois vamos voltar, entendeu? 

Cesar F: por que vocês tem que ir pra longe? 

Mara: pra ter uma oportunidade de dar uma vida melhor pra você e pra mamãe, irmão...

Mai: olha, não fica triste, a gente vai ligar sempre que possível! 

Ele nos abraça forte e corre pro carro da nossa tia, que nos trouxe pra rodoviária. Agora, estamos a sós com nossa mãe. 

Mara: tem certeza disso, mãe? 

Alm: é o melhor pra vocês. 

Mai: eu tô com medo... - digo já chorando e  a abraçando - A gente não vai conseguir, mãe...

Alm: minha princesa, o que é que eu te ensinei? 

Mai: manter a cabeça erguida, não desanimar e não desistir, por mais difícil que seja... - sorrio levemente - 

Alm: siga o seu coração, tá bom? Não dê ouvidos a tudo que as pessoas falarem e o mais importante, Maiara, seja você mesma. - ela diz secando minhas lágrimas -

Mai: pode deixar, mãe. Eu vou fazer tudo direitinho! 

Mamãe sorri e se aproxima da Maraisa , lhe dando um beijo na testa.

Alm: minha menina forte, não se esqueça do que te ensinei. 

Mara: eu tenho medo de decepcionar você... - minha irmã diz abaixando a cabeça - 

Alm: filha, você nunca vai decepcionar a mim e nem a ninguém. Maraisa, você tem muita força e braveza dentro de você, use-as com sabedoria. O que mamãe sempre fala pra você?

Mara: eu sou a menina mais forte e brava que você conhece...

Alm: isso mesmo. Vá, minha princesa, e nunca se esqueça disso. 

minha metade abraça a mamãe e volta pro meu lado. 

Alm: cuidem uma da outra sempre, meninas! 

M1/M2: pode deixar! Tchau, mãe!

Eu e minha irmã nos despedimos da mamãe e entramos no ônibus, rumo à Goiânia.


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