Capítulo 13

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Pov Maiara

Gritei a plenos pulmões, implorando pra que ela não tivesse feito o que pensei. Mamãe e Cesinha correram pro quarto e contei tudo, mostrando a carta. Nós três começamos a procurar minha irmã por toda a casa. Bruno e Paulinha chegam e começam a procurar também. Na tentativa de encontrar alguma pista, começo a revirar o quarto, quando percebo a porta do banheiro dela entreaberta. Me aproximo e entro, me deparando com a pior imagem que eu poderia ver. Peças de roupa jogadas no chão e minha irmã inconsciente na banheira, com sangue misturado a água. Corro e a tiro de lá, vendo cortes profundos em seus pulsos e coxas. Sento no chão, a colocando em meu colo. Com a visão embaçada pelas lágrimas, afasto algumas mechas de seu cabelo negro do rosto, admirando suas feições. Seu corpo todo está gelado devido a baixa temperatura. Levo a mão a sua bochecha delicadamente. 

Mai: irmã, não me deixa... - minha voz começa a embargar - você é minha metade, eu preciso de você aqui comigo...Por favor, Maraisa... - começo a chorar - Fica comigo...

Um filme das nossas vidas começa a passar em minha cabeça. Desde as brincadeiras na casa da nossa vó até as aulas de música, primeiros shows, escola, todas as vezes que andávamos de mãos dadas pelo centro da nossa cidade natal procurando realizar nosso sonho...Não há nenhuma lembrança da minha vida em que ela não esteja envolvida. Minhas lágrimas se intensificam quando lembro de como ela cuidava de mim e como ela se importava com aqueles 5 minutos. O medo de perder tudo isso toma conta de mim, me fazendo entrar em desespero. Meu coração acelera, quase saindo pela boca.

Mai: SOCORRO! 

Em menos de 5 minutos todos entram no banheiro e levamos minha irmã pro hospital, onde os médicos a atendem com urgência. Eu me sentei na sala de espera, onde continuo estática, inerte em meus pensamentos.

Cesar F: irmã...

Mai: eu não quero conversar 

Cesar F: é difícil pra mim também, eu tô sofrendo tanto quanto você...

Mai: não, não tá. Ela é minha gêmea, a nossa conexão é diferente...somos a metade uma da outra...

Cesar F: desculpa, eu me expressei mal. O que eu posso fazer pra você ficar melhor? 

Mai: faz nossa irmã ficar bem...

Abraço meu irmão mais novo e fecho os olhos. Ficamos assim por algum tempo, até que passos ecoam pelo corredor. Meu último resquício de paciência se vai quando vejo papai e a noiva dele passando pela recepção e se aproximando de nós. Meu irmão se solta de mim e vai consolar a mamãe, que não tá com cabeça pra brigar com ninguém agora. Bruno e Paulinha se aproximam de mim, temendo o que eu faria. 

Bru: sinto muito pelo ocorrido com a sua irmã, querida...

Sinto uma raiva imensa dentro de mim, olho pra ela com ódio e dou um tapa naquela cara imunda. 

Mai: deixa de ser falsa! Você é a culpada de tudo isso, sua vagabunda. A minha irmã só fez o que fez por que ela tá cansada desse inferno que estamos vivendo! É tudo por sua culpa, sua cachorra imunda! 

Marco: mais respeito, filha! 

Mai: não me chama de filha! Você me abandonou quando eu tinha 15 ANOS! Você nunca amou nada além de você mesmo! Some das nossas vidas e leva essa cobra junto! - me aproximo dela com os olhos cheios de lágrimas - você destruiu a minha vida! VAI PRO INFERNO! SUA IMUNDA! 

puxo os cabelos dela e lhe dou bofetadas. A Paulinha me agarra e afasta, impedindo que eu continue quebrando a cara dela no meio do hospital. Com o rosto vermelho e  banhado em lágrimas, olho pra ela com raiva. 

Mai: aqui não! Eu sou baixinha, mas tenho muito mais corpo que você! 

a cobra vai embora bufando, acompanhada do papai. A Paulinha fica comigo e o Bruno pega uma água pra me acalmar. A pedido da minha mãe, eles me levam pra casa. Depois de um banho gelado, já mais calma, como o lanche que a Paulinha fez pra mim.

Pau: devo admitir, você foi bem corajosa, pequena. 

Mai: eu tô cansada dela, amiga...

Pau: o que é dela tá guardado, cê vai ver. 

Bru: meninas, tia Almira acabou de ligar. 

Mai: a minha irmã tá bem? 

Bru: então...ela falou que a Maraisa ainda não acordou, ainda não sabem se ela tá totalmente fora de perigo. 

Me levanto já pegando minha bolsa, obrigando o Bruno a me levar de volta pro hospital. Chegando lá, Cesinha me abraça e chama o médico responsável pela minha metade. 

Mai: doutor, como a minha irmã tá? 

Do: bem, a paciente Carla Maraisa já teve a hipotermia regulada, controlamos o sangramento e suturamos os cortes, mas ainda há algo que está preocupando a equipe médica.

Mai: o que? 

Do: ela perdeu muito sangue e o corpo não tá conseguindo repor, estávamos esperando você chegar pra fazer a transfusão. Temos pouco tempo... 

Mai: então vamos logo! 

Sou encaminhada pra uma sala enquanto minha mãe ajeita a papelada. Depois de encherem duas bolsas com o meu sangue, os enfermeiros fazem um curativo no meu braço. Em menos de cinco minutos, minha irmã já estava fora de perigo. 

tudo por nós • Maiara & MaraisaOnde histórias criam vida. Descubra agora