APÊNDICE II - Ao longo do texto

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A DATA

Os três mosqueteiros foi publicado em Le Siècle, de 11 de março a 11 de julho de 1844. O romance foi impresso no mesmo ano. Vê-se, portanto, que a impressão em volume acompanha bem de perto o aparecimento da obra em folhetim. O êxito imenso deste coloca o nome de Dumas entre os maiores.

Esse ano de 1844 é um dos mais fecundos do romancista, que publica, entre outros, Os irmãos corsos, Uma filha do regente, e principia a escrever A rainha Margot (de 5 de dezembro a 5 de abril de 1845, em La Presse), e O conde de Monte Cristo (de 28 de agosto a 15 de janeiro de 1846, no Journal des débats). Por outro lado, acaba de começar um estudo histórico que servirá de introdução ao ciclo dos Mosqueteiros: Luís XIV e seu século (que concluirá em 1845).


POLÍTICA E SOCIEDADE

Desde 1830, a França vive sob o reinado burguês de Luís Filipe. Algumas perturbações sociais, porém, anunciam a revolução de 1848. Explode um conflito entre a França e o Marrocos: bombardeio de Tânger (1º de agosto) e batalha de l'Isly (14 de agosto). O emir Abd el-Kader, cuja família acaba de ser presa (16 de maio de 1843), arrastara ao conflito o reino de Marrocos que, após a derrota, assina o Tratado de Tânger.


CIÊNCIAS E TÉCNICAS

Morse instala o primeiro telégrafo elétrico, de Baltimore a Washington.


ARTES E CULTURA

O drama romântico, ilustrado por Ruy Blas (1838), naufragou em 1843 com Os burgraves do mesmo Victor Hugo, acadêmico desde 1841. Em 1845, Chateaubriand terminará as suas Memórias de além-túmulo, Eugène Sue acaba de fazer triunfar o romance-folhetim graças aos Mistérios de Paris (1842). Falecido em 1842, Stendhal praticamente não conheceu o sucesso com A Cartuxa de Parma (1838). A poesia de Victor Hugo (Os clarões e as sombras, 1840) e a de Vigny (A casa do pastor, 1844) concorrem com os Recolhimentos poéticos de Lamartine (1839). Balzac publica regularmente os volumes da Comédia Humana desde 1842.


O TÍTULO

Já foi assinalado, com frequência, o paradoxo de que os três mosqueteiros são quatro! Quer dizer então que d'Artagnan não passa de sombra de seus três amigos, a menos que se trate do contrário? Pensemos na famosa divisa: "Todos por um, um por todos". É preferível imaginar que d'Artagnan — como escreve Dumas muitas vezes, notadamente no começo de Vinte anos depois — só se desenvolve ao contato de seus três amigos, tomando emprestado a cada um deles aquilo que lhe falta e tornando-se, assim, uma criatura superior.


COMPOSIÇÃO

O PONTO DE VISTA DO AUTOR

Contrariamente à opinião tolamente espalhada a respeito de seus conhecimentos históricos, Dumas conhecia perfeitamente o seu assunto. De fato, ele compunha, paralelamente ao romance, Luís XIV e seu século. Não obstante, foi a leitura de Memórias de d'Artagnan, de Gatien Courtilz de Sandras, que lhe forneceu o assunto do livro. Sem dúvida, essa descoberta foi feita em Marselha, em 1843. Dumas tomou emprestado o volume à biblioteca municipal, e certamente nunca o devolveu...


ESTRUTURA DA OBRA

Sessenta e sete capítulos seguidos de um epílogo. O romance inteiro gira em torno da história das agulhetas (joias) da rainha Ana de Áustria que d'Artagnan, apesar dos obstáculos opostos pelo cardeal de Richelieu, deve trazer da Inglaterra. Mas por detrás dessa intriga existe, em filigrana, uma tragédia, a do casamento de Athos com uma mulher indigna, Milady, que se revela agente secreta do cardeal.

Quanto aos personagens, o próprio título do romance convida a colocar algumas perguntas. De fato, os três mosqueteiros, Athos, Porthos e Aramis (aliás por que esta ordem de denominação?) formam um bloco e se opõem a d'Artagnan. O destino deles não é o seu. A eles, uma vida fora do exército, que deixarão no fim do romance; a d'Artagnan, uma carreira militar. Aliás, todos os três são simbolizados por atitudes, objetos e segredos de que revelam a natureza profunda. A sede nobiliárquica em Porthos, uma ferida secreta em Athos, o gosto da intriga e do segredo em Aramis.

Os Três Mosqueteiros - Alexandre Dumas (Clássicos Zahar)Onde histórias criam vida. Descubra agora