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CAPÍTULO 13
JADE PALLAVAN

A mancha escura no teto próxima da porta do banheiro do meu quarto parecia mudar de forma quanto mais eu a encarava.

O gosto amargo da vodca estava preso em minha garganta. Meu cérebro parecia estar derretendo dentro da minha cabeça.

Eu sabia que Matteo já estava atrás de informações com Cam, logo teríamos que agir sem levantar suspeitas, mas eu não podia mais correr riscos de deixar a Dharmani a mercê de traidores, eu precisava me resguardar de todas as formas possíveis.

Visitar o tumulo da minha mãe sempre me deixava melancólica e o álcool sempre era meu melhor aliado. Eu não me orgulhava disso, mas eu não conseguia fazer nada a respeito também.

Irritada eu me sento na cama e sinto o mundo girar e balançar me fazendo cair de volta no colchão. Devagar eu coloco meus pés pra fora da cama e me forço a levantar, ando com as pernas bambas até o banheiro e lavo meu rosto na pia.

Ainda não satisfeita eu ligo a água da banheira. Tonta eu cambaleio e me apoio na parede enquanto vou tirando a roupa. Solto meu cabelo que estava preso num rabo de cavalo e massageio o couro sensível.

Eu sentia meus movimentos em câmera lenta, parecia que gritos ecoavam em minha mente, eles pareciam vir de uma montanha russa com o som se aproximando e se afastando diversas vezes.

Depois da banheira encher eu me jogo na água morna e solto um suspiro sôfrego. Eu só conseguia pensar em minha mãe, na decepção que seria para ela ver a Dharmani desse jeito, na dor que ela sentiria ao ver meu pai vagando pela máfia sem propósito e em ver a pessoa que eu acabei me tornando.

Meu coração doía de uma forma torturante e eu queria poder arrancá-lo do peito, para respirar um pouco sem sentir absolutamente nada. Mas antes de tudo eu resolveria as coisas.

Eu sempre resolvia. Algumas coisas demoravam mais que outras, mas eu resolveria. Eu tinha que resolver.

Deslizo o corpo pela banheira até ficar submersa. A água envolta de mim parecia deixar o barulho mais ensombrado. Eu podia ver flutuando na água a catástrofe que tudo tinha se tornado. Eu tinha me tornado uma catástrofe.

Emerjo e puxo o ar com força.

— Srta. Jade?

Ouço a voz de Luísa vindo do quarto.

— Estou no banheiro Luísa. Precisa de algo? – Falo alto o bastante para ela me ouvir.

— Trouxe uma xícara de chá para a senhorita. – Luísa fala parecendo preocupada. – Gostaria de algo para comer também?

— Não, obrigada Luísa.

Ouço ela fechar a porta e o silêncio que se segue no quarto.

Minha mente parecia estar recuperando suas faculdades. E o peso da realidade era ainda mais devastador.

Eu não tinha para onde correr e nem mesmo queria isso. Eu queria resolver tudo o quanto antes para poder respirar tranquilamente e deitar a cabeça no travesseiro e conseguir ter uma noite de sono tranquila.

Imagino como seriam as coisas se minha mãe estivesse aqui. Eu posso visualizar ela se opondo aos comandantes, ela entrando no escritório do meu pai exigindo respostas, sua voz forte fazendo todos endireitarem as posturas e por fim seu sorriso satisfeito e amistoso.

A falta que ela fazia doía na alma e eu deixei que essa dor me guiasse por muito tempo. Eu me vi viciada na melancolia que me aproximava da presença dela toda vez que eu ia até seu túmulo e hoje ajoelhada ao lado da lápide eu me senti miserável.

REDENZIONE I Livro 03 - Série Obscuros Nova EraOnde histórias criam vida. Descubra agora