Prólogo

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Grace

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Grace

A única coisa que permaneceu completamente intocada depois do fogo foi o anel da chama da minha falecida mãe.

Era um anel barato. O tipo que você consegue em um ovo de plástico quando você coloca um real na maquina do shopping. Vovó Savvy disse que a mamãe sem quis me dar isso.

Fogo simboliza beleza, fúria e renascimento, ela explicou. Também maldade em meu caso, isso simboliza nada menos que minha morte.

Vovó me contou histórias para dormir sobre fênix ressuscitando de suas próprias cinzas. Ela disse que era o que minha mãe queria para ela mesma — superar suas circunstâncias e ficar.

Minha mãe queria morrer para começar de novo.

Ela só teve um dos dois.

Mas eu? Eu consegui ambos.

17 de novembro, 2015.

16 anos de idade.

A primeira vez que eu acordo em uma cama de hospital, eu pedi para a enfermeira me ajudar a colocar o anel de volta em meu dedo. Eu trouxe o anel até os lábios e fiz um pedido, como minha vó tinha me ensinado.

Eu não pedi pela estabilidade financeira para entrar em ação rapidamente, ou o fim da pobreza do mundo.

Eu pedi minha beleza de volta.

Eu desmaiei um pouco depois, exausta de minha pura existência. Dormindo, eu ouvi um pouco das conversas dos visitantes no meu quarto.

"... garota mais bonita em Sheridan. Pequeno nariz elegante. Lábios cheios. Loira, olhos azuis. Coração chorando de vergonha."

"Poderia ser uma modelo."

"A coitadinha não sabe o que ela tem ao acordar."

"Ela não está mais no Kansas."

Eu saí do coma induzindo lentamente, sem certeza do que estava me esperando do outro lado. Parecia estar nadando contra a parede. Até o menor movimento doía. Visitantes — colegas de classe, minha melhor amiga Karlie, e meu namorado Tucker — foram e vieram, acariciando e ofegando enquanto meus olhos estavam fechados.

Sem saber da minha consciência, eu os ouvi chorando, gritando, gaguejando.

Minha vida antiga — jogos da escola, ensaios de torcida, e trocas de beijos com Tucker debaixo da arquibancada — parecia inalcançável, surreal. Um feitiço doce e cruel no qual estive que evaporou.

Eu não queria ver a realidade, então eu não abri meus olhos até quando eu pude.

Até o último minuto.

Até Tucker caminhar para meu quarto no hospital e colocar uma carta entre meus dedos, sentando na cama.

— Perdão. — ele resmungou. Essa foi a primeira vez que eu o vi esgotado, inseguro. — Eu não posso fazer isso mais, e eu não sei quando você vai acordar. Isso não é justo comigo. Eu sou tão jovem para... — ele parou, e a cadeira dele arrastou no chão quando ele se levantou. —Só me perdoa, okay?

Brincando com FogoOnde histórias criam vida. Descubra agora