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Matheus, Lobo

Vidigal, 2023 📍

Eu estava descendo o morro de moto quando vejo minha mulher brigando no meio da rua com um dos vapor.

Paloma era uma ótima esposa, não me arrependo de ter me casado com ela mas pensa numa mulher barraqueira, desbocada e metida.

Lembro de quando nós nos casamos, ela tava linda pra caralho. Se eu pudesse descrever o melhor ano da minha vida, com certeza seria 2019. O ano em que eu casei com minha princesa e ter responsabilidade de um marido.

Todo mundo julga, até o meu pai e minha mãe, eles ficam falando que Paloma já tem 30 anos e que já está velha pra ficar com novinho mas eu também tô quase chegando nos trinta. A idade dela não importa pra mim, o importante é que eu gosto dela.

Fui me aproximando com a moto e parei do lado dela.

Lobo: que bagunça é essa aqui?

Paloma: esse desgraçado do seu vapor é um infeliz, idiota, babaca! - gritou.

Lobo: calma aí amor, me fala o que aconteceu que eu vou resolver.

Paloma: não precisa, Lobo. Eu acho que já deixei claro quem é que manda nessa porra. - falou alto. - vamos logo pra casa.

Subi na moto e ela montou na garupa. Subir pra minha casa que era no alto do morro.

Depois que virei o dono, eu me mudei pra casa do meu avô e meu pai mora na minha casa antiga. Minha casa atual é umas das maiores que tem no morro e depois da reforma que eu mandei fazer, ela ficou bem bonita também.

Paloma: Matheus! - me chamou.

Lobo: fala preta.

Paloma: eu tô querendo fazer uma carne de panela com batatinha, mas não deu pra comprar batata porque aquele desmiolado do seu vapor não quis me levar no mercadinho do Senhor Zeca.

Lobo: precisa ficar estressada não, pô. Vou ir lá rapidinho.

Sair de casa e fui comprar as batatas. Voltei pra casa e a Paloma estava toda esticada no sofá.

Lobo: comprei suas batatas. Vou deixar em cima do balcão. - ela resmungou alguma palavra e eu ignorei.

Subir pra laje e e acendi um baseado de maconha.

Papo reto, não estava sendo fácil cuidar do morro não. Se eu pudesse escolher entre ficar e sair, eu sairia. Sete anos que estou no comando e eu ainda não me adaptei com isso.

Tenho medo. Quando peguei essa responsabilidade, eu sabia que minha vida não seria mais a mesma. A vida de qualquer pessoa que é importante pra mim corre um grande risco.

Paloma, meu pai e minha mãe, são tudo oque eu tenho e se algum dia alguém machucar eles, eu nem sei oque faria.

Ficar aqui na laje olhando meu morro enquanto eu fumo é uma sensação muito gostosa, apesar das minhas preocupações eu amo essa favela e só saio daqui morto.

Paloma narrando

Acordei hoje com o capeta no corpo, já me levanto estressada e ainda vem os engraçadinhos perturbar minha mente, já saio metendo o louco mesmo. Sou mulher do chefe e eu posso tudo e aí de quem tentar bater de frente comigo.

Hoje eu e Lobo estávamos fazendo 4 anos de casados. Conheci o Lobo quando ele tinha 20 anos, eu morava no asfalto e subia pro morro pra ir pra baile e eu sempre ficava olhando ele de longe no camarote.

Depois de um tempo parei de subir pro morro, mas acabei ficando desempregada e foi aí que eu falei com o Lobo pela primeira vez. Tava precisando de um lugar pra morar porque não tinha como pagar meus luxos e fui até o morro pra procurar casa pra alugar, Lobo me levou pra andar pelo morro e me mostrou as casas que estavam disponível mas eu nem precisei alugar casa porque o Lobo já me chamou pra sair.

Nós ficamos por um mês e depois ele me chamou pra morar com ele e eu fui. Eu sabia que assim meus luxos voltaria e minha vida boa também.

Lobo nem parece dono de morro, papo reto mesmo. Nunca me traiu, muito romântico e nunca me tratou mal, as vezes acho ele até muito paradinho e sem graça mas eu amo né? Largo ele nunca!

Lobo: vou pra boca resolver umas paradas. De noite eu volto pra te levar no restaurante, tá bom maluca? - sorrir pra ele e concordei.

Paloma: cuidado amor. - fui pra garagem de casa pra dar um selinho nele. - pode me dar dinheiro pra eu comprar uma roupa nova? - beijei ele.

Lobo: pode pegar lá no guarda-roupa. - montou na moto e saiu.

Fui pegar o dinheiro e liguei pra marcar com a Victória pra fazer minhas unhas e meu cabelo.

[...]

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@patty_paloma: e me esqueci como é não ter você do meu lado 😴💸🧡

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Postei foto no insta e ouvir o Lobo chegando, já fui descendo as escadas e fui fechando a casa.

Lobo: tá gata pra caralho, gostosa! - me abraçou e eu fui logo entrando no carro.

Paloma: porra Matheus, o salão da Victória tá fazendo sucesso, tem umas meninas de outros lugares vindo pra cá. - olhei pra ele enquanto ele dirigia. - e tem que ter cuidado, ultimamente tá tendo muita invasão no morro.

Lobo: tô ligado, preta. Mas não posso fechar o morro igual no complexo da maré e não posso ser muito rígido porque o vidigal é famoso por ter liberdade. - parou o carro no semáforo e me olhou. - se eu tentar ser rígido com isso agora, os moradores da favela vai vim em cima, tá ligado? Pessoal já se acostumou com a liberdade.

Paloma: entendi Lobo. Só fico preocupada com isso por que é uma ótima brecha pra confronto e invasão.

Lobo: nem ligo não, tenho pena de nego que acha que vai tomar o vidigal de mim. - parou o carro. - chegamos, desce e vai pegando uma mesa que eu vou fumar rapidinho. - concordei e fui entrando no restaurante.

A noite no restaurante foi normal, como todas as outras. Comemos e depois fomos para casa.

Como de costume, não rolou nada depois disso, só uns beijinhos. Lobo deve tá cansando de mim apesar de continuar me tratando bem e continuar fazendo minhas vontades. Já fazia tempo que eu não tava muito afim de transar mas mesmo assim ele sempre fala que tá tudo bem e fica por isso mesmo.

Mas sinto que a qualquer momento a gente vai acabar brigando por conta disso.

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