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Complexo da maré, 2023📍

• Luanna

Levantei da cama e percebi que ainda estava escuro do lado de fora, fui até a cozinha e bebi água. Sentei no sofá e fiquei mexendo no meu celular.

Ouço a fechadura da casa ser destrancada, e fecho o olho já imaginando quem seria e fiquei torcendo pra ela passar direto e nem notar minha presença ali.

Rosângela: tá fazendo oque aqui? - disse tudo embolado.

Luanna: porra... - sussurrei. - você bebeu de novo?! - aumentei o tom de voz.

Rosângela: fala baixo, sua filha da puta! Não te devo satisfação da minha vida. - veio pra cima de mim e eu segurei o braço dela, joguei ela no sofá e fiquei na frente dela.

Luanna: mas que caralho mãe! Até quando vamos viver isso? Já vai fazer oito anos que você vive desse jeito, eu não aguento mais. Você vai realmente esperar as drogas e a bebida te matar, vai mesmo querer morrer desse jeito?

Rosângela: eu tenho dois empregos, sua ingrata. - se levantou. - trabalho que nem uma vagabunda pra não deixar faltar nada dentro dessa casa, e é assim que você me trata?!

Luanna: você está ficando maluca da cabeça! Quem coloca comida e paga as contas dessa casa, sou eu. Você tem dois empregos mas sempre usa todo o seu dinheiro pra gastar com porcaria na rua, o máximo que você me dar por mês pra "sustentar" a casa é 200 reais. - apontei o dedo na cara dela.

Rosângela: você não presta! Você não vale nem um centavo! - gritou. - contínua afrontosa desse jeito, Luanna, contínua... Quando você levar na cara, você não procura a otária aqui não! Fiz de tudo por você e pela sua irmã e é sempre desse jeito que você age comigo, age de má fé. - me encarou. - o seu pai tá lá, debaixo da terra, deixou você e sua irmã. Não tava nem aí pra própria família, vivia correndo atrás de piranha na rua, e depois eu era a errada. Eu sempre fui a errada né?

Luanna: para! Meu Deus, só para! - coloquei a mão na cabeça e encarei ela. - você não consegue ficar um sequer dia sem mencionar o meu pai nisso? Você não pode culpar alguém que já está morto a muito tempo, e se a gente tá vivendo essa vida foi porquê você quis assim. Você está errada sim! Do mesmo jeito que eu estou errada por não ser mais grata á você. - ela sentou no sofá. - eu não posso ser a grata á uma pessoa que me fez parar de estudar no ensino médio e me fez trabalhar que nem uma filha da puta.

Sair da sala e fui para o meu quarto. Eu dividia meu quarto com minha irmã e eu vi ela sentada na cama mexendo no celular dela.

Rebeca: isso já está ficando chato e cansativo, Luanna. - sentei do lado dela. - oito anos vivendo esse inferno! Não está dando mais pra conviver com as duas dentro dessa casa.

Luanna: vou dar um jeito nisso, o mais rápido possível. - dei um beijo na testa dela.

Peguei meu celular e vi que já estava na hora de começar a me arrumar e ir para o trabalho.

Tomei meu banho, coloquei minha roupa e fiz a maquiagem que não pode faltar e coloquei alguns assessórios.

Eu trabalho em um hotel no asfalto como recepcionista, o hotel é bem chique e eu preciso sempre está muito bem arrumada.

Sair de casa e fui andando até a entrada no complexo, tinha um portão gigante e vários homens com fuzis e coletes. Esse lugar parecia um presídio e não uma favela.

Th: bom dia dona. - olhei pra ele.

Luanna: bom dia Th. Você pode abrir o portão pra mim?

Th: posso sim, mas tu sabe as regras né? - confirmei.

Peguei um cartão que o dono do complexo deu para mim, sempre que precisasse passar pelo portão eu tinha que mostrar o cartão.

Luanna: faz nove anos que estou morando aqui e ainda preciso mostrar esse cartãozinho. - resmunguei.

Th: relaxa aí, dona. Tô só fazendo meu trabalho. - revirei os olhos. - abre o portão pra ela passa. - disse com o menor que abria o portão.

Luanna: obrigado garoto. - sorri pra ele e ele retribuiu.

Th: cuidado nessas ruas aí, dona. - olhei pra ele e fiz um joinha.

Fui caminhando até chegar no hotel, não era muito longe do morro mas também não era pertinho.

Jean: boa tarde, Luanna. - olhei pra ele e fiquei imóvel. - você pode me passar o fluxo de pessoas que veio no hotel esse mês?

Luanna: p... Poss... Posso sim. - gaguejo.

Jean: está tudo bem?

Luanna: está tudo ótimo, senhor. - sair do colapso que estava tendo e voltei a ter postura. - vou enviar o fluxo para seu e-mail. - ele agradeceu e saiu.

Respirei aliviada depois que vi ele saindo da recepção.

Não é fácil gostar do filho do seu chefe.

O Jean é um homem lindo pra caralho, super simpático e é um gostoso da porra. No dia que ele entrou no hotel de bermuda e sem blusa eu quase tive um infarto.

Se eu pudesse eu já teria pedido o número dele, mas ele é um playboy e deve gostar só de dondoca. Quem sou eu na fila do pão né?

[...]

Jean: Luanna? - olhei pra ele. - você vai ir fazer horário de almoço agora?

Luanna: vou sim, por quê?

Jean: é porque eu pedi duas marmitas, uma pra mim e uma pro meu pai mas ele vai sair pra almoçar com minha mãe e eu não sabia, acabei comprando as duas marmitas e eu não vou conseguir comer tudo sozinho. - se aproximou do balcão. - você aceita ir lá pra minha sala almoçar comigo?

Diz não Luanna, diz não!

Luanna: claro! Eu só vou arrumar minhas coisas e já subo. - ele saiu andando e entrou no elevador.

Puta merda, agora ele deve achar que eu sou uma aproveitadora.

Nada a ver Luanna, para de paranóia, foi ele que te convidou para almoçar. Para de ser emocionada.

Terminei de arrumar minhas coisas e eu fui para o último andar do prédio, onde fica as salas dos secretários, dos gerentes e do chefe.

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