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"Apague as luzes, amor, apague as luzes"
RM


Londres



Crio coragem para escolher um vestido, na mala que já  está pronta. Amanhã cedo embarco para meu próximo destino.
Coloco o vestido verde escuro de seda levemente drapeado, a fenda profunda mostrando um bom pedaço da minha coxa esquerda. Caminho até o espelho sentindo o salto algulha da minha sandália penetrar os pêlos do tapete branco, me sinto realmente linda.
Escolho um batom na necessaire, meus lábios grossos recebem a cor intensa, meus olhos já estão delineados, minhas bochechas coradas por conta do vinho.  Prendo meu cabelo em um coque frouxo, alguns fios se soltam.
Quem me vê assim nem imagina que a  poucas horas atrás, estava usando uma camiseta branca, calça jeans, converse branco, e óculos redondos.
Sou programadora e viajo o mundo inteiro auxiliando novos clientes, realizo a instalação do sistema de segurança que minha empresa oferece e vez ou outra acabo oferecendo atendimento extra, principalmente quando preciso dar treinamento à equipe que usará o novo sistema. Eu sei que sou muito boa no que faço, acho que por isso sempre recebo gratificações. Hoje finalizei com sucesso mais um trabalho, nada mais justo do que aproveitar a noite usando o convite VIP que o Gerente Geral me presenteou em gratidão. Conhecer a boate mais visada de Londres não estava nos planos, mas por que não?


São 22:45h quando entro no táxi e imediatamente sinto o olhar da motorista. Uma mulher na casa dos 40 talvez, meus olhos encontram os dela pelo retrovisor, dou um sorriso leve, mas ela fica constrangida e volta a se concentrar no trânsito. Chegamos em 10 minutos, as ruas estão movimentadas. 

Saio para o frio de Londres com o convite nas mãos.
A fila está gigantesca, mas sigo direto para a  entrada VIP,  sentindo os olhares seguindo meus passos.
Deixo meu casaco com o concierge e sigo para a área VIP que fica no mezanino. As luzes do local, a música tocando tem uma batida gostosa, está alto demais, lasers demais, pessoas demais, mas gosto disso. A Área VIP é dividida em setores privativos, segundo o Gerente Geral, os convidados para o VIP são selecionados a dedos, normalmente são pessoas famosas ou milionárias. Me sinto  um peixe fora d'água, mas ninguém precisa saber.

Meus dedos correm pela balaustrada, enquanto caminho pelo mezanino,  olhando as pessoas na pista de dança, a boate está cheia, vejo as pessoas dançando, movimentando seus corpos de forma sensual, alguns casais se pegando num canto mais escuro. Caminho até um local afastado onde ainda não tem muitas pessoas. Um garçom jovem demais, vem rapidamente trazer uma taça de champanhe. Aceito e peço para ele trazer uma taça de vinho branco.
Tomo minha champanhe, admirando atentamente o movimento sincronizado das pessoas lá embaixo, as luzes fazem todos parecer dançar em câmera lenta.  Tomo o restante do meu champanhe e coloco a taça em cima de uma mesa redonda. Levanto as mãos no alto da cabeça e deixo meu corpo se movimentar livremente, sentindo o ritmo da música, quase esqueço que estou em uma boate. Ao final da música o garçom volta com minha taça de vinho.
Por cima do ombro do rapaz vejo que um grupo de amigos  se acomodou na mesa ao meu lado, eles riem, enquanto brindam com seus copos de whisky, todos são asiáticos e lindos. Um deles me pega no flagra olhando o grupo, mas  sorri e me cumprimenta, levantando o copo de whisky. Eu retribuo o cumprimento levantando minha taça. Seus sorriso é enigmático e brincalhão ao mesmo, tempo e suas covinhas são tão sex.. fofas.
Me viro e volto a dançar, mas sinto que um belo par de olhos puxados estão queimando minhas costas.

—Posso pagar uma taça de vinho para você vizinha?- ele para ao meu lado.
Sorrio para ele e concordo.
Ele pega minha taça, delicadamente seus dedos longos tocam a pele do meu pulso e mão. Meu olhar levanta rapidamente  e encontra um sorriso... travesso?  Ele vai em direção ao bar,  e eu sigo com os olhos. Fico surpresa  com o  arrepio que seu toque meu causou.
Suas costas são largas, consigo ver os músculos fortes quando se apoia no balcão com os cotovelos. Ele ri com o barman, que prepara rapidamente seu pedido. Quando ele pega as bebidas eu me viro rapidamente.
Droga o que estou fazendo.

 Mono - Kim NamjoonOnde histórias criam vida. Descubra agora