go for it, michael × byler;

p.s. o reconquiste.

data de publicação: 10/07/2022
quantidade de palavras: 2.000

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Na mesa da cozinha jazia um prato com macarrão instantâneo, junto de uma dezena de sucos de laranja de caixinha.

Will se aproximou lentamente, confuso. Abaixo de um suquinho havia um papel amarelado, rasgado de forma desleixada. O garoto suspirou alto, pegando o papel com delicadeza.

"Querido Will,

Eu sei o que se passou pela sua mente, me desculpe por não ter conseguido tirar de vez essas ideias, e por favor, me dê a chance de fazer.

Você deve estar com fome, por isso esquentei o almoço, se quiser conversar vou estar no quarto.

Com amor, arrependimento e uma dor no coração, Mike."

Não havia música, não havia um som sequer, nem mesmo o cair de alguma poeira no ar, mas esse silêncio pareceu se alastrar pelo corpo de Will, como se o silêncio ecoasse dentro de si, se é que isso faz sentido. 

Levou o olhar novamente até a mesa, mas jamais conseguiria engolir qualquer coisa enquanto não encontrasse o Universo castanho escuro em si. Odiava se sentir assim, dependente, precisando de Mike mesmo que isso fosse quebrar seu coração e mais pequenos pedacinhos. 

Pegou dois suquinhos de laranja e com uma determinação antes desconhecida por si, caminhou até o quarto fechado.

Seus passos pareciam ecoar em contato com o chão gelado, gritando a sua presença, ou talvez fosse apenas uma sensação própria, em vista que seu coração batia freneticamente em seu peito, podendo ouvi-lo em seus ouvidos, sentido cada rápida batida ansiosa. 

Não queria perder o Wheeler, mas estava tão, tão cansado. 

Abriu a porta lentamente. As cortinas estavam abertas, trazendo uma pouca iluminação para o quarto, quentinho devido às janelas abaixadas, mas deixando um odor comum de peles e lençóis juntos. 

Mike estava sentado no chão, usando sua cama como encosto para as costas, com as pernas cruzadas, desenhando em um caderno bem gasto. 

Seus cachos escuros lhe caíam o rosto conforme passava o lápis pelo papel esbranquiçado, mordendo apenas a pontinha de sua língua, extremamente concentrado. Mas, felizmente, sua concentração pareceu se esvaziar com a chegada de Will.

Levantou o rosto, com uma feição assustada que teria arrancado risadas do Byers se estivesse no clima para tal, mas definitivamente não era a situação no momento. 

"Will." Começou, ainda desacreditado, como se imaginasse que o garoto à sua frente fosse um fantasma. 

"Oi." Respondeu, desconfortável, ainda parado comicamente na frente da porta.

"Você veio."

"Aparentemente." Revirou os olhos, finalmente caminhando até sua cama, sentindo suas pernas tremendo levemente como duas gelatinas. Realmente estava assim apenas por estar em torno do Wheeler? 

Patético, no mínimo.

Não, não era patético, era lindo, embora doesse admitir tal fato, estar apaixonado era tão belo que lhe emocionava às vezes.

Se sentou em seu colchão, estranhando minimamente a frieza pela falta de toque.

Havia acordado nos braços quentes de Mike, e aqui estava ele agora, sentado sozinho em lençóis gelados.

Furou uma caixinha de suco, começando a bebericar, olhando para qualquer lugar do quarto exceto para o garoto moreno no chão. Seu olhar caiu em seu pequeno vaso de ervas e flores, agora aproveitando o pouco Sol que passava pelas cortinas. Precisava regar as pequenas, e deveria fazer um chá de erva cidreira e menta, talvez fosse lhe ajudar a dormir naquela cama novamente.