Eu não queria me apaixonar, muito menos me apegar, mas eu me perdi nela. Nos olhos castanhos, no abraço gostoso, no perfume cheiroso. E quando vi, eu já estava imersa. E quando ela demonstrou que era recíproco, eu não tive como controlar, e nem queria. Eu já estava apaixonada.
Os olhos dela me atraindo, me afogando. Eu sempre achei azul a cor mais bonita pra olhos. Mas depois dela, percebi que olho azul nenhum se comparava aos seus olhos castanhos.
Eu sempre ficava muito nervosa perto dela. Tentava puxar um assunto qualquer, mas muitas vezes não conseguia. Os seus olhos roubavam todas as minhas palavras.
Seu olhar era como se me visse, por inteira, como eu sou. Esse era o meu medo. Odeio me sentir frágil. Odeio que me vejam, embora goste de atenção. E por mais que seu olhar fizesse com que eu me sinta única, eu me perguntava se eu realmente era. E isso me machucava, mesmo que eu não tivesse o direito. Mas como controlar o que sinto?
Eu queria saber. Mas eu não sabia se eu tinha essa liberdade de perguntar, eu não sabia o que a gente era. E ficava adiando aquela pergunta com medo de parecer emocionada, grudenta, desesperada.
Tínha pouco tempo desde que começamos a ficar, mas eu ja a queria como minha. As brincadeiras, os ciúmes de mentira, os apelidos, as piadas internas... se não éramos um casal, o que estávamos fazendo? Brincando de ser um?
Eu odeio isso por que eu sinto tudo e demonstro facilmente. Eu sou transparente, nunca consigo disfarçar os meus sentimentos. É nítido quando gosto de alguém, quando tenho ciúmes, raiva. E eu sou compreensiva, comunicativa, eu converso sobre tudo e sempre sou sincera. Sou sincera sobre o que quero, sobre o que estou sentindo, sobre tudo. Acredito que tudo se resolva na base do diálogo.
Mas em algum momento, ela se distanciou. E o que tínhamos, eu senti indo embora, se esvaindo cada vez mais. Embora eu tentasse me iludir com a ideia de que eram problemas dela, e que ela ia resolver, e ia voltar pra mim. Mas não era.
Eu lembro da gente naquele dia. A adrenalina correndo, e o coração batendo forte. Nós duas naquele banco, com medo de sermos pegas.
Sussurros e beijos.
- Eu nunca fiz isso antes, beijar as escondidas - ela sussurrou.
Embora eu lembre de ter ouvido boatos sobre você, uma menina e aquele mesmo banco.
- Nem eu - sussurrei de volta.
E era como se eu estivesse sonhando, como se estivéssemos em câmera lenta. Cada detalhe, cada olhar, nesse beijo, devagar, se encaixando. Você me fez sentir especial, mesmo que só por alguns instantes.
Eu me apaixonei, nunca na certeza de que você ia me segurar se eu caísse. Eu cruzei as linhas, quebrei as regras, eu arrisquei tudo pra estar com você, pra estar aquela noite com você.
Mas eu quebrei por você amor, então tudo bem.
Você lembra? Por que eu lembro da gente, perdidas em minha memória.
Lembro do que você me fez sentir, da sensação incrível que era estar com você. Eu lembro de pensar que você ia me mandar mensagem. De querer conversar, fazer planos pra te ver. Eu lembro de pensar que eu tinha você, que você era minha. Minha ilusão.
Estávamos em tempo de mudanças, coisas novas. E com isso, nós também estávamos mudando. Tentando ser melhores.
Mas eu nunca precisei de nada mais do que eu e você. Querer era suficiente. Pelo menos pra mim, era suficiente. E eu tinha medo de te perder. Mas na verdade, você nunca realmente foi minha pra eu te perder.
Eu adorava chama-la de minha, mesmo que ela não fosse. Não era como se eu fosse possessiva, pelo contrário, eu queria que ela fosse livre, mas escolhesse ficar comigo. Não é sobre necessidade, nem precisão de ficar com ela. É sobre a escolha de poder ir, mas querer ficar. E eu escolhi, que pena que não foi a mesma escolha que ela.
Eu gostava dela, muito. E esperava que ela fosse sincera comigo, Esperava que a gente desse certo.
Mas ela não foi. E nem quis que desse certo.

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Amor & Intensidade
RomanceEu vou te contar o que você faz comigo. O que você me faz sentir. Mas traga lenços, algo pra beber e profundidade, por que esse abismo que eu senti por você é profundo e intenso.