Fourth

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Quando ela começou a se afastar, eu percebi. Mas tentava enganar a mim mesma dizendo que era temporário.

Mas toda vez que eu tentava conversar, eu não conseguia. Eu não sabia mais o que sentir. Não sabia mais o que ela sentia. Eu tinha medo de ter sido eu o motivo do "termino".

Eu queria perguntar o que tinha acontecido com a gente, mas toda vez que eu tentava me aproximar, eu a sentia distante. Me sentia como num jogo. Tinha medo de demonstrar e ser demais, de não demonstrar e perder. E eu tentava ignorar a minha intuição, as minhas paranoias dizendo que a cada dia que passava, estava mais próximo do fim. E o que quer que seja o que a gente tinha, estava acabando.

Se eu sou muito ou sou pouco, me deixa saber. Se enjoou, fala. Se acabou, seja sincera. Se não é amor, termina. Eu fico perdendo tempo tentando entender.

Só não me deixa aqui. Quebrada, sem respostas.

As vezes eu me sentia estúpida. Como perguntar sobre algo, se não tínhamos nada rotulado? Como terminamos algo que nem tinha começado?

Eu tenho essa mania de criar pequenas histórias na minha cabeça. Sabe aquelas fantasias que você imagina antes de dormir? Eu faço isso o dia todo. Me chamam de lesada por que eu sempre to no meu mundinho. Mas só na minha cabeça, você é minha e eu sou sua. E só nesse momento, me deixa viver na minha imaginação. Eu tinha certeza dos meus sentimentos. Talvez isso poderia ter dado certo.

Até que um dia eu vi ela de mãos dadas com outra.

E as conversas, risadas, o grude, tudo com a garota. Igual o que a gente teve. O brilho no teu olhar, e o sorriso que antes eram destinados a mim, agora eram para outra pessoa.

Citando Olivia Rodrigo: Você tem Deja Vu quando está com ela? Eu odeio pensar que eu era só seu tipo.

Não queria falar sobre o clichê de que a vida não é um mar de rosas. De que o amor nem sempre é bom. Mas é verdade. Eu nunca duvidei disso, eu só não sabia que ia doer tanto. Eu achei que tinha maturidade suficiente, que conseguiria separar as situações, achei que era forte, sabe? Eu nunca achei que ia me ver nessa posição vulnerável. E ela me provou o contrário. E me trancar na cabine do banheiro pra chorar tinha virado rotina. Não conseguia prestar atenção na aula, porque tudo que eu queria era correr dali. Uma pressão em cima de mim, como se eu não conseguisse ficar no mesmo ambiente que ela.

Mas aquela sensação, por mais que fosse ruim, pelo menos me lembrava de que eu ainda estava viva, de que eu pelo menos sentia alguma coisa ao invés de nada.

Eu já tinha passado por tanta coisa, tinha sobrevivido tanta coisa. Mas nada comparado a isso. Ela me deixou de joelhos, literalmente. Eu era completamente apaixonada naquela mulher.

E a minha mente ainda se forçava a não pensar nela, a não querer saber dela, e nunca funcionava. Era como se ela tivesse sido gravada em mim, como uma cicatriz. E a cada vez que alguém mencionava seu nome, cada vez que eu a via, que nossos olhos se encontravam ou encontravam as suas mãos entrelaçadas com outra que não eram as minhas... Eu sentia como se tivessem jogado álcool nessa cicatriz aberta.

E o meu coração? No chão. Debaixo dos seus pés, onde pisoteavam.

Eu não estava preparada pra ela, pra isso.

Eu era verdadeira, o que eu sentia era verdadeiro. E eu a queria pra toda vida, mesmo que ela não quisesse o mesmo. E eu ainda penso, como você pode trocar a minha verdade, por uma de todas as outras?

Parecia tão perfeito. Mas acabou, tão rápido. E eu perdi algo que eu nunca tive. E mesmo assim, dói pra caralho.

Eu sou tão fácil assim de esquecer?

Amor & IntensidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora