Seokwoo

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No sábado, acordei bem cedo e segui para o endereço que Chae Soobin havia me entregado. Ela estava usando uma camisa de mangas lilás e só conseguia pensar em como aquela cor combinava com seu tom de pele. Levamos tudo o que restava em seu apartamento para sua nova moradia.

- Como vão suas notas, Seokwoo-ah? - ela me perguntou enquanto dirigia.

- Ótimas, noona. Tenho que me sair bem se quiser continuar no time de futebol.

- Verdade - concordou, estacionando em frente a uma bela casa - Bom, é aqui que irei morar agora.

Retiramos parte por parte as caixas de papelão que guardavam seus itens e fui levando cada uma para dentro, deixando-as na sala de estar conforme Soobin noona me pedira para o fazer.

- Muito obrigada por toda a ajuda Seokwoo-ah! Você sempre é super solícito.

- Não por isso, a senhorita sabe que faço qualquer coisa que me peça.

Sorri para a senhorita Chae, e me aproximei dela para beijar-lhe o topo da cabeça. Queria poder ficar mais um tempo com ela, porém, me parecia que Soobin-ah estava com um pouco de pressa para fazer algo. Acenei para a mulher e me virei para seguir o caminho até a parada de ônibus, contudo, percebi Sohee-ssi parada na calçada me olhando.

- Sohee-ssi, o que faz aqui? - caminhei em sua direção.

- Eu moro aqui - ela apontou para a casa atrás de si - Legal de sua parte ajudar a professora com a mudança. Finalmente, ela se mudou oficialmente.

- Oficialmente? - estranhei o termo.

- Sim, oficialmente porque enfim trouxe suas coisas. - ela apontou com a cabeça para a casa ao lado - A senhorita Chae praticamente já mora na casa do namorado mesmo. - ela deu de ombros.

- Namorado?

Eu estranhava o fato de uma mulher sozinha morar em uma casa grande como aquela, porém não havia se quer cogitado a ideia de que ela estaria se mudando para morar com outro homem. Aquilo parecia sério demais.

- Sim, namorado. Ele trabalha no aeroporto de Incheon.

- Eu... eu não sabia que ela tinha namorado - engoli em seco e forcei um sorriso tentando não olhar para Sohee.

Eu queria voltar para casa ou ir para algum outro lugar e ficar sozinho, mas quando Sohee me convidou para entrar em sua casa eu não exitei em acompanhá-la.

A casa dela era meio antiga, ainda assim, parecia bem bonita e organizada. Por conta do silêncio, perguntei a ela de seus pais ao passo que Sohee me respondeu vagamente que estavam no trabalho.

A garota estava atenta a uma chaleira então apenas mudei de assunto:

- Já que eu estou aqui porque a gente não finaliza logo esse trabalho?

- É uma ótima ideia. - ela voltou-se para mim.

Assim que o chá de ginseng ficou pronto, Sohee me conduziu até o seu quarto e nos sentamos no chão ao pé de sua cama.

Peguei o livro Atos Humanos com a intenção de começar a falar sobre a obra mas só conseguia pensar em Soobin-ah. Não tinha pretensão de desabafar nada sobre aquilo mas quando percebi, estava contando para aquela garota quieta do colégio, como a senhorita Chae cuidou de mim quando eu era criança e ela apenas uma adolescente do ensino médio. Agora era eu quem estava no ensino médio e completamente apaixonado por ela.

- Quando eu falei que entendia como você se sentia... - fixei meus olhos no rosto da menina - No dia em que vimos o senhor Kim com a namorada... era sobre isso que queria dizer.

Para minha surpresa, Sohee deu um leve sorriso.

- Quem diria, não é?! Que teríamos algo em comum?!

Sorri também e conversamos sobre nossos sentimentos não correspondidos até o anoitecer. Era bom finalmente dizer para alguém aquilo que eu vinha sentindo há tempos e mantia em segredo.
Era tão fácil conversar com ela que entendia exatamente o que me matava por dentro porque era o mesmo motivo que também a matava.

Fui embora antes de seus pais retornarem do trabalho, porém, fiquei pensando na conversa com Sohee o restante da noite e o domingo inteiro. Na outra semana, nos aproximamos mais. No intervalo da segunda e terça-feira finalmente nos concentramos no trabalho de Literatura finalizando-o na biblioteca.

Nas aulas de História, ela me lançava olhares de soslaio e eu fazia o mesmo com ela, em Literatura. Era um segredo que compartilhávamos e que nos conectou de uma maneira que nem meus amigos entenderam direito.

- Do nada você começou a andar com essa garota. Estão juntos? - meu amigo Hwiyoung de outra turma também percebera.

- Nada a ver. Ele não está com ela - Chanhee balançou a cabeça descrente - Ela é super estranha.

- Você acha? - arqueei uma das sobrancelhas lembrando de Sohee - Eu até pensava que ela era mesmo meio estranha, mas depois de conhecê-la, acho que ela me entende muito bem.

- Hmmmmm, tá caidinho por ela, não é? - Hwiyoung me zoou e Chanhee bufou alto.

Os boatos de que Sohee e eu estávamos namorando começaram a correr pelo colégio. Diziam de tudo. Que nos apaixonamos enquanto fazíamos o trabalho sobre Atos Humanos do professor Namjoon. Que nos beijamos a primeira vez no ponto de ônibus. E eu até ouvi certa vez falarem que Sohee e eu tínhamos tentado transar na biblioteca.

A maioria do falatório eu ignorava, mas um boato como aquele me fazia pensar que estar na companhia da garota poderia custar-lhe certa dignidade. Quando perguntei a Sohee sobre o que ela achava daquilo, me disse que não se importava porque quando andávamos juntos pelos corredores ou conversávamos, era como se estivéssemos dando forças um para o outro de maneira sutil.

A confiança que cresceu entre nós surgiu sem empecilho algum e fortalecia-se a cada vez que compartilhávamos coisas ainda mais profundas, como quando eu perdera minha virgindade com minha prima mais velha pensando na senhorita Chae o tempo inteiro. Sohee me disse timidamente que era virgem porém, que sempre sonhava que sua primeira vez fosse com o senhor Kim.

Nossas conversas se tornaram tão particulares que falar sobre aquelas coisas na escola estava se tornado perigoso de alguém ouvir. Então, na quinta-feira, Sohee me chamou para ir na sua casa.

SUBSTITUTE | RowoonOnde histórias criam vida. Descubra agora