capítulo único • amante a moda antiga.

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    O carro esportivo côr de vinho percorria para fora da cidade de Hawkins há algumas horas seguidas. Dentro dele, Steve dirigia para uma cidade vizinha que fosse segura o suficiente para que o metaleiro no banco de passageiro pudesse tocar a vida em paz. Eddie agora encontrava-se com os pés apoiados na parte da frente do carro, enquanto suas mechas cacheadas balançavam conforme o vento da janela adentrava o carro e batia contra seu rosto. Havia meio cigarro entre seus dedos; o cheiro de tabaco já incensava o carro.

     Steve desistiu de reclamar com o Munson sobre os cigarros e os pés no seu belo carro recém lavado. Ele nunca escutava, era pior que Dustin que, pelo menos, o obedecia sem hesitar só com o olhar.

     O rádio do carro tocava I Want To Break Free da banda de rock, Queen. Eddie cantarolava baixinho a música, era a sua favorita da banda, levando em consideração a letra composta por John Deacon que, sem dúvidas, o descreve por completo.

   Eu quero me libertar
   Eu quero me libertar
   Eu quero me libertar das suas mentiras
   Você é tão egocêntrico, eu não preciso de você

   Eu tenho que me libertar
   Deus sabe, Deus sabe que eu quero me libertar

   Eu me apaixonei
   Eu me apaixonei pela primeira vez
   E desta vez, eu sei que é de verdade
   Eu me apaixonei, sim
   Deus sabe, Deus sabe que eu me apaixonei

   É estranho, mas é verdade, sim
   Eu não consigo superar o jeito que você me ama

   Mas eu tenho que ter certeza
   Quando eu sair por aquela porta
   Oh, como eu quero ser livre, amor
   Oh, como eu quero ser livre
   Oh, como eu quero me libertar

     Ser um homem gay nos Estados Unidos em pleno anos 80 não era uma missão fácil para Eddie. Tanto que eram poucas as pessoas que sabiam sobre sua sexualidade

— Apenas o seu tio Wayne sabia e não foi porque Eddie resolveu contar, mas porque um dia, o mais velho encontrou um garoto na frente de sua casa, chorando, implorando para que Eddie voltasse com ele.

      O Queen sempre o ajudou muito a se autoconhecer e perceber que, estava tudo bem gostar de garotos sendo um. Se Freddie Mercury, rei do rock, gostava de garotos, por que ele não? Ah, a vida era curta demais para fingir que Roger Taylor não era um grande gostoso.

    Enquanto Eddie cantava a música sem sentir vergonha, Steve o encarava de relance às vezes, sem tirar a vista da estrada. Era uma cena exótica, tal qual tinha certeza que nunca mais veria algo parecido novamente. O pôr-do-sol já adquiria sua passagem no carro, dando à Eddie um contraste magnífico. Parecia que ele pertencia àquela paleta de cores avermelhadas e alaranjadas, o filtrava tão bem.

    Steve balançou a cabeça, piscando algumas vezes enquanto ignorava o metaleiro ao seu lado: ele precisava aprender a disfarçar mais. Se a música não estivesse tão alta, ele tinha certeza que Eddie escutaria seus batimentos cardíacos a milhões.

    Faz algum tempo desde que Steve assumiu para si mesmo que sim, ele está inegavelmente e incondicionalmente apaixonado por Eddie Munson. Foi estranho no começo, ele não queria acreditar e tampouco aceitar que estava mesmo apaixonado por um garoto, e que esse garoto era o esquisito do Eddie, o metaleiro repetente do 3° ano.

    Ele não sabia dizer quando esse sentimento começou e porque começou, mas quando percebeu, já estava se voluntariando para cuidar dos seus ferimentos, comprar suas comidas e até mesmo o levar para a casa de praia abandonada dos seus pais em Indiana. Steve nunca fez isso por ninguém, nem por si mesmo, mas estava fazendo por Eddie. Ele estava fazendo por aquele maluco de olhos cor de whisky tão inocentes.

𝐒𝐀𝐋𝐓𝐘 𝐌𝐄𝐌𝐎𝐑𝐈𝐄𝐒 | steddieOnde histórias criam vida. Descubra agora