Capítulo 08

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A morte é uma vadia cruel

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O garotinho de seus dez anos encarou a cama de hospital vazia, não lembrava de como chegou ali, só de ser chamado na sala do diretor pouco depois do horário do almoço e de receber a notícia:

Sua mamãe se foi.

Ele sabia que alguém tinha aparecido, que ele tinha pedido para vê-la e de assistir enquanto tiravam o corpo frio de mamãe do quarto.

Tudo isso tinha acontecido, mas ele só se deu conta do mundo agora, enquanto era levado por sua madrinha para longe.

Seu pai chegaria no dia seguinte, ele pediu para ir pra casa, não queria ficar com a madrinha, queria ir pra casa, mamãe faria katsudon e eles veriam tv até tarde, em casa tudo estaria bem.

Não ficou nada bem.

A casa estava fria e sem vida, mamãe não estava ali com seus sorrisos brilhantes.

Ele não quis jantar, sabia que a madrinha estava na sala, mas nada disse enquanto subia na cama de mamãe se enrolando no cobertor favorito dela e, finalmente, chorou.

Ele acordou com vozes altas, não notou quando dormiu, mas deve ter dormido por muito tempo porque a madrinha discutia com um homem sobre não o levar para longe.

Sem forças de seguir ouvindo, ele fechou os olhos novamente.

Tornou a abrir com o estômago doendo de fome, levantou e seguiu para a cozinha buscando fazer um sanduíche.

Devia se apressar para passar no hospital e ver mamãe antes de ir para a escola!

A porta da frente abriu, devia ser a madrinha então o menino seguiu com seu lanche até notar o homem na porta da cozinha.

Ele tinha os cabelos negros em um corte executivo e olhos verdes, usava um terno caro e olhava o menino como se fosse um problema.

- Menino, sabe quem sou? - A criança negou, confusa - Eu sou, legalmente falando, seu pai e, portanto, seu responsável agora que ela morreu, com isso mudanças ocorrerão, ouviu?

O menino assentiu, um tanto confuso.

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Dabi se desculpou com os amigos de quem se afastou no dia seguinte, as provas chegavam e todos resolveram estudar juntos.

A casa de Dabi foi a escolhida e, se isso tinha haver com os outros querendo saber como Present Mic era em casa, então ele fingiu não notar.

Kamaki, Saito e Himiko chegaram juntos e Dabi os guiou até seu quarto que foi decorado ao longo dos anos ali.

A cama de solteiro ficava rente a janela onde um cacto repousava no parapeito, o guarda roupa espelhado tomava uma parede inteira e prateleiras com livros, fotos e alguns artigos de heróis decoravam as outras, no chão ainda tinham brinquedos de gato e a cama de Soba colada à mesa de estudos que era perto da porta do banheiro anexado ao quarto, todo o quarto nas cores preta e dourada.

- Wow, Yamada-kun! Que quarto de play boy! - Kamaki brincou.

- No que vem estudando?! - Saito pegou um dos livros da mesa de estudos - Quimica quântica avançada? Cara, duvido que a gente veja isso antes do terceiro ano! Teoria da relatividade? Engenharia? Pedagogia básica? Análise peculiares?

- Você quer ser um herói ou rivalizar com Nezu? - Kamaki riu.

- Bom, eu gosto de estudar e eu pretendo fazer a prova para pular o segundo ano - Dabi recolheu os livros, corando.

- Vai nos abandonar? - Himiko fez bico.

- O-o que?! Não! Eu vou avançar nas matérias comuns, em heroísmo ainda tenho muito a aprender, além disso, não sei se vou conseguir passar.

- Claro que vai! Nenhum de nós têm duvidas disso! - Himiko declarou com firmeza.

Dabi sorriu pequeno, envergonhado.

- Vamos estudar?

Todos tiraram seus cadernos, animados com o estudo em grupo.

Passaram por história, gramática, política e ética quando a porta abriu.

- Hey, kids! I have cookies! - Present Mic anunciou.

- Ok! We are going! - Dabi respondeu com fluência, era difícil viver com alguém que misturava duas línguas e não aprender uma coisa ou outra.

- O que está acontecendo? - Saito indagou.

- Mic-sensei nos chamou para comer e Dabi disse que já vamos - Kamaki traduziu enquanto aceitava a ajuda de Toga para levantar.

Os quatro amigos lavaram as mãos e seguiram para a sala de jantar onde biscoitos e sucos os esperavam.

- Como estão indo os estudos? - Hizashi sorria animado e Dabi sorriu junto, adorava saber que o pai sorria assim pelo fato de ter amigos.

A sensação de ser amado era boa!

- Estamos bem, Dabi de longe é o que sabe mais, mas todos temos nos divertido bastante estudando - Kamaki contou, todos aproveitando os cookies caseiros de Hizashi.

- Hizashi - Da cozinha, Aizawa surgiu.

- Você entrou pela janela da cozinha de novo? - O herói loiro suspirou - A porta serve pra quê?

- É ilógico fazer o caminho mais longo, eu vim pelo telhado, não tem sentido ir pelo elevador.

- Tudo bem - Hizashi se deu por vencido - O que aconteceu para aparecer no meio da sua patrulha?

- Tsukauchi e eu pegamos um novo caso, devo sumir por um tempo, devo voltar para as provas e o Acampamento em duas semanas.

- Caso? Vamos para a cozinha.

Os dois heróis saíram.

- Por que não fiquei surpreso de Eraser-sensei preferir entrar pela janela? - Saito questionou os fazendo rir.

- Eles parecem bons amigos - Kamaki comentou - Ou seria algo mais?

- Eles são velhos amigos, desde que eram alunos na U.A. - Dabi olhou para o lugar vazio à mesa, ele não tinha deixado Himiko sentar ali quando eles vieram para a mesa

Com o tempo, ele acabou com a mania dos heróis de colocar um lugar a mais na mesa e, agora que sabia o que significava, ele fazia com muito mais carinho.

- Acho melhor voltarmos para os estudos - Himiko sugeriu e eles fizeram o caminho para o quarto.

- Himiko - Dabi a parou na porta - Midnight-sensei falou com Vlad-sensei, ele e a esposa fazem questão de ter você com eles, pelo menos até a formatura.

- Dabi, eu...

 - Mas a escolha é inteiramente sua, se não concordar então pode mudar para os dormitórios da U.A. destinados a alunos intercambistas...

- Eu preciso pensar - Himiko entrou no quarto e Dabi a seguiu.

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