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Uma nostalgia tomou conta de mim ao ver a casa onde cresci e passei bons momentos. Fazia muito tempo. Olhei para o jardim, sem flores, e as que tinham estavam mortas. As flores que Doha tanto amava cuidar, passávamos horas naquele jardim. De fato eu não fazia nada, só fazia companhia para ela.

Agora estava seco, vazio e triste.

Parecido a mim quando saí daquela casa.

- Se sente bem para ir?- agarrei a mão da minha namorada e assenti.

Saímos do carro com uma grande expectativa em ver os meus pais. Dar a notícia que eles seriam avós. Mas o que aconteceu de fato, foi totalmente diferente.

- O que você faz aqui?

- Ah... oi, Jennie.

- Cadê os meus pais?

- Seus pais? Oh, eles saíram para fazer as compras.

Olhei para Kai, me sentindo meio enjoada, ele cheirava a cigarro e a álcool, aquilo me dava dor de cabeça.

- Por que você está aqui, Kai? Poderia me falar o por que minha mãe não me ligou?

- Meio que agora eu moro aqui agora, o seu pai me contratou para administrar algumas coisas. E o celular da sua mãe quebrou.

- Vou esperá-la aqui.

- Hum, ela me disse que passaria em um lugar antes, chegará tarde em casa. Se eu fosse você voltaria outro dia.

- Jen, melhor irmos... não me sinto bem nesse lugar, nem perto desse cara...

- Isso Jennie, escuta a branquinha, melhor irem mesmo.

- Voltamos outro dia, amor, quando ele não estiver aqui.

Eu me senti tonta por alguns segundos, a imagem dele naquele estado na minha frente me fez sentir algo estranho, como se não fosse desse mundo. Me permiti ser puxada pela Jisoo, respirando fundo quando entramos no carro.

- Se sente bem para dirigir, Jennie? Posso ligar para a Lisa -

- Não... estou bem, só quero sair daqui logo.

O resto daquele dia resultou em mim jogando tudo o que ingeria para fora, e um mal estar gigantesco. Jisoo estava ao meu lado o tempo inteiro, calada, eu queria que ela ficasse daquele jeito.

Eu tinha que voltar para o hospital, ainda tinha alguns assuntos pendentes para resolver, incluindo a tal aparição da "mãe de Jisoo". Mas fui brutalmente interrompida de levantar por ela.

- Não, não. Você não vai voltar a trabalhar. - eu abri a boca para protestar, mas ela logo me interrompeu. - Nem adianta falar que está melhor, você não vai e ponto. Tzuyu vai entender o seu estado, vou ligar para ela.

Seria inútil tentar discutir com ela, eu também não estava nem um pouco afim de ir mesmo, foi apenas um bônus - indesejado - porém, um bônus.

- Estou no outro quarto, vou começar a tirar algumas coisas de lá.

- Jichu, ainda está muito cedo para fazermos qualquer coisa, fica aqui comigo...

- Você viu o tanto de coisa que tem naquele quarto? Acho que você tem sérios problemas com acumulação, Jennie.

Imaginem qual foi o resultado da sua resposta?

Isso aí, eu chorando mil oceanos desenfreada, com direitos a gritos manhosos e arremessos de travesseiros em direção a ela.

- Tudo bem, tudo bem, tudo bem! Para de chorar, Mandu, pelo amor de tudo que é mais sagrado! Para de chorar! Olha, eu estou aqui! Viu só! Estou aqui deitada ao seu lado. Agora pare de chorar, por favor!

Vê-la tão desesperada me fez querer rir, ela fazia de tudo para que eu apenas parasse de agir como uma criança birrenta no supermercado. Eu acharia engraçado e fofo, se não sentisse dó dela. Os papéis se inverteram de um modo bem bruto. Agora eu que precisava de cuidados redobrados, não ela.

A encarei ainda sentindo as lágrimas caindo, sua feição desesperada, seus olhos tão arregalados que me assustaram por um momento. Ela jogou a sua cabeça para o lado, tentando fazer com a sua franja não caísse em seus olhos, e eu achei aquilo extremamente quente. Jisoo se sentou na minha frente, secando os vestígios de lágrimas que tinha em minhas bochechas.

- Melhorou?

- Uhum...

Acabei esquecendo o que havia acontecido quando sem motivo algum a beijei, puxando os fios de sua nuca enquanto a minha língua ia invadindo a sua boca de um modo quente. Suas mãos automaticamente foram para a minha cintura, e eu fui transferida do colchão para o seu colo. 

Mas por algum motivo, encerrei tudo aquilo.

- Estou com sono, quero dormir. - então eu a empurrei para longe e me enrolei entre as cobertas.

Que ela tenha paciência comigo, amém.

Ao chegar no hospital no dia seguinte, Lisa e Chaeyoung me receberam com um lindo e delicado presente. Acabei chorando ao tirar um macacão branco do embrulho, tão delicado, pensando que daqui a pouco tempo, estaria em uma loja comprando aquelas roupas menores que o meu braço.

- Como a Jisoo lidou?

- Ela foi compreensiva. É claro que ela aceitou tudo perfeitamente, e quase não me deixou vir trabalhar hoje. Acho que estamos bem em relação a tudo.

Ao seguir para o meu consultório, me sentia bem e elétrica de uma forma que a muito tempo não ficava, fui à enfermaria, dando uma olhada em uma garotinha acompanhada pelo o irmão mais velho, chequei a sua pressão, os seus batimentos, e logo informei ao garoto que em pouco tempo, ela regressaria para casa. Foi lindo ver os dois comemorando, acompanhei aquele pequeno caso de perto, aquele menino cuidava da irmã depois da morte do tio, que havia perdido uma batalha contra o câncer. Aquilo me tocou, e eu mais uma vez me encarreguei em ajudar aquela pequena doce garota.

Qual foi a minha surpresa, no exato momento que sentei em minha cadeira, uma mulher de cabelos grisalhos, uma postura intimidadora, e céus, parecida com a minha namorada, entrar em minha sala sem pedir licença ou algo assim.

- Cadê a minha filha? Me leve até ela. Agora.

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Wake up, my dear - Jensoo VersionOnde histórias criam vida. Descubra agora