Prólogo

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Aaron odiava voar, não por medo de turbulência ou algo assim. Odiava o simples fatos de viajar. O destino, é claro, é quase sempre maravilhoso, mas o trajeto, as longas horas insuportáveis sem ter o que fazer, o sono que não vem ou vem em horas inconvenientes, ele odiava.

E tinha alimentação, sempre tinha que ser algo embutido ou gorduroso, com muito sal ou muito açúcar. Ou tudo em uma refeição só. Comida de viagem já tem o cheiro e o gosto da morte. Ainda assim ele caminhava para as máquinas de salgadinho do aeroporto. Hipócrita. Mas comida com gosto da morte eram mais baratas, gastar em restaurante de aeroporto não vale a pena.

Havia uma mulher em uma das máquinas, batendo no vidro e ordenando que a barrinha de chocolate caísse.

— Máquina estúpida! Eu só queria uma barrinha de chocolate, caramba.

— Você tem que apertar duas vezes seguidas e na terceira vez manter o dedo pressionado.

Ela ficou tensa, ao que apareceu. Talvez só se assustou por não ter visto ele se aproximar. Ela não falou nada, mas fez o que ele disse e oh, a barrinha caiu.

Aaron reparou no cabelo dela, que batia quase na lombar, escuro e com ondas artificiais, feitas em um salão ou por ela mesma. Ela estava vestida elegantemente para uma tarde tão comum e para está no aeroporto. O boné e o óculos escuros enormes contradiziam todo esse visual, não que ele entendesse de moda ou algo assim, mas até ele sabia que os elementos não combinavam.

Ele foi para a máquina ao lado e pegou alguns salgadinhos, essa não precisava de truques, mas era apenas essa, a de refrigerante também precisava que batesse na lateral.

Ela finalmente virou na direção dele, mas nada ele pôde perceber de suas feições, pois além do óculos enormes que ele tinha conseguido perceber enquanto estava de costas, ela também tinha uma franja.

— Obrigada pela dica — disse lentamente e baixo, mas não era timidez, ele percebeu. Era cautela — Com que frequência você viaja para saber os truques dessa máquina?

Ele não pôde evitar a leve risada que lhe escapuliu.

— Eu não viajo muito, mas um amigo meu trabalha aqui, ele me deu essa dica. — Limpando a garganta, ele continuou — Eu sei que não é muito relevante, mas eu me chamo Aaron.

Ele sentiu que ela o avaliava, sentiu o peso do seu olhar mesmo eles estando coberto por óculos de sol.

— Rebecca. Com dois C.

Isso arrancou outra risada dele.

— Tudo bem Rebecca com dois C, parece que está tendo um dia ruim. Odeia aeroportos também?

Ele sentiu que ela o avaliava novamente, como se tivesse medindo sua sinceridade.

— Na verdade eu adoro viajar. Mas tem razão, não estou tendo um dia muito legal. Problemas com o trabalho, só isso.

Com uma mão Aaron segurava os salgadinhos e com a outra um refrigerante, ele hesitou um pouco querendo por algum motivo conversar mais um pouco, mas não tinha um motivo ou qualquer desculpa para prolongar isso.

— Bem, espero que seus problemas no trabalham se resolvam. Tchau Rebecca com dois C, nos vemos por aí quem sabe.

Ele começou a fazer seu caminho para longe dela, quando a escutou chamar.

— Aaron. — Ele virou-se — Aceitaria o convite de uma desconhecida para dar um volta?

— Isso vai contra tudo que aprendi com minha mãe sobre desconhecidos. — Ela esperou — Mas sim eu aceitaria se o convite fosse feito.

Eu não estava procurando por vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora