Capítulo 01

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Seu celular tocou e ele se atrapalhou entre abrir o carro, segurar sua pasta e atender a chamada.

— Alô?

— Oi, senhor.

Ele quase deixou sua pasta cair. Até mesmo o celular quase escorregou dos seus dedos.

— Rebecca.

— Olha só, ele lembra de mim.

— Sim, eu lembro, mas achei que você tinha esquecido. Já faz duas semanas — ele apontou, tentando esconder sua decepção. E sua ansiedade crescente.

Controle-se, homem.

— Estive ocupada com o trabalho. Pessoas bonitas também trabalham.

Ele riu, o comentário fazendo voltar semanas atrás quando se encontraram. Ele estaria mentindo se dissesse que não visitou essas memórias várias vezes nessas duas semanas.

— Está livre esse final de semana? — perguntou, sem qualquer enrolação. Ele tinha a impressão de que ela era sempre assim, direta.

— Estou. — Talvez, só talvez ele tenha respondido rápido demais.

— Quer fugir esse final de semana comigo?

— Fugir? O que quer dizer com fugir? — Ele finalmente conseguiu abrir a porta do carro sem derrubar tudo, incluindo a chave do carro. Ele tem certeza que não quer pagar pelo concerto da chave, pois não é nada barato e ele estava economizando para o presente de aniversario de Ariel, sua sobrinha mais velha.

— Vamos sair da cidade, é isso que significa — disse como se fosse simples, como se ela não fosse uma des-co-nhe-ci-da.

— Rebecca, isso é loucura. Eu mal conheço você. E se você for uma sociopata? — Ele sentou no banco do motorista e jogou a pasta para os bancos de trás.

— Eu não sou uma sociopata.

— Não é isso que uma sociopata diria?

Uma risada alegre soou no seu ouvido. Sociopatas teria uma risada tão doce?

— Isso é um não? Está negando meu convite? — pelo som das palavras, ela provavelmente estava fazendo um biquinho.

Quão absurdo é fato de ele poder imaginá-la perfeitamente fazendo isso?

Muito, respondeu a si mesmo.

— Por que não podemos nos encontrar na cidade?

— Porque eu quero sair da cidade.

— Eu não sou do tipo aventureiro, caso não tenha percebido — disse, fazendo pouco esforço para reusar a proposta.

— Deixe eu ser sua mentora. Vamos lá, Aaron. Você não vai gastar nada, já está tudo pago.

— Como assim está tudo pago? Você nem sabia se eu ia aceitar.

— Sou consciente do meu poder de persuasão — disse com arrogância.

— Tenho certeza que isso é coisa de sociopata.

— Então? — quis saber, apesar de seu tom ser bastante presunçoso, certa de que já o tinha convencido.

Sua mãe o mataria se soubesse disso. Dessa loucura. Nem mesmo ele estava acreditando.

— Tá bom. Eu aceito fugir.

Palmas. Ele com certeza escutou ela batendo palmas.

— Eu vou te ligar para te atualizar. Esse é meu número, pode salvar. Tchau.

Eu não estava procurando por vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora