Capítulo 2 - Missão de escolta

5 2 0
                                    

      E ele estava certo. Mono e Conan cumpririam essa missão de escolta acompanhados de um "veterano" da Guarda. Não se sabe como os superiores chegaram nessa decisão e porquê o chamado "veterano" era um cara inútil e preguiçoso de meia idade. Mas Conan disse que Salom, o veterano, possuía um talento inato... chamado autoconfiança excessiva. Era um homem de palavra que enxergava a si próprio através de uma lente grossa e embaçada, basicamente.

      Mono ainda não entendia como Conan, e ele, especificamente, foram escolhidos para a tarefa. Mas seu amigo, claramente desinteressado, avaliou:

— Somos jovens e fortes o suficiente para fazer isso, e também temos mais chances de sobreviver até o fim, pelo que parece. E, no caso de nosso companheiro veterano da Guarda, seria evidentemente a melhor escolha. Ele pode seguir em frente sem olhar para trás e se preocupar com a situação de constante perigo, já que nunca duvidou da própria capacidade.

      Depois de pensar nisso, primeiro Mono considerou seu velho amigo assustadoramente calculista e impassível, e depois pensou que ele provavelmente estava certo nisso também. Conan é mesmo um cara perigoso e inconsciente disso. "É melhor assim", concluiu. Sabe-se lá o que ele faria por aí se tivesse ambição na vida além de comer e dormir.

      E assim, lá estavam eles, a famigerada equipe de escolta e Lídia, se despedindo dos moradores da vila. Lídia não era familiar com ninguém ali, e simplesmente ficou parada no lugar parecendo perdida e insegura no meio de tanta gente. Conan não era muito diferente e exibia uma expressão tranquila no rosto. Salom era preguiçoso e confiante como sempre, e apenas Mono mantinha uma postura séria e rígida nessa ocasião.

      Essa era sua primeira missão oficial do lado de fora. É uma grande responsabilidade, então ele está nervoso e ansioso ao mesmo tempo. Nervoso porque tem medo de cometer um erro, e ansioso porque quer começar logo. Ele nunca se afastou tanto da vila e só ouviu falar do interior da floresta que a cercava, observando-a de longe. Ninguém que pisou lá fora voltou bem, e a maioria corria sérios riscos de morte e de enlouquecer com o tempo. Alguns sintomas e sequelas variam, mas em geral são bem ruins.

      Mono segue o caminho da lógica e do coração. Essa é a sua missão, seu dever, ele deve cumpri-la; e, para isso, superar os obstáculos, sejam quais forem. Se ele não voltar vivo mas concluir sua obrigação, poderá morrer satisfeito e orgulhoso de si mesmo. Se ele sobreviver e conseguir retornar, então é o seu destino e ele conseguirá continuar protegendo a vila no futuro! As consequências fazem parte da vida, é necessário aceitá-las e tratá-las com juízo e compostura. Essa é uma mentalidade importante para um membro da Guarda de Spectro, pelo menos na opinião de Mono.

— Eu vou te proteger até o fim, custe o que custar. Por favor, confie em mim para isso, tudo bem? – Perguntou à Lídia, esperando que ela lhe permitisse acompanhá-la nessa jornada. A garota apenas lhe devolveu um olhar conciliador, aliviando sua pressão.

      Depois disso, o jovem alto e sério saudou os anciões, seus superiores e os moradores da vila. E, por fim, seguiu o resto da equipe que já estava saindo. Quem guiou o caminho foi Salom, e Lídia era guardada no meio da formação em que Conan estava posicionado mais na esquerda, e Mono no lado da direita. De acordo com o veterano, essa parecia ser a forma mais segura de viajar, mesmo que não garantisse que não fossem amaldiçoados pelos demônios de pesadelos. Pelo menos, Lídia não seria afetada, e os membros da Guarda que deveriam sentir medo.

      Eles conseguiram caminhar por quase seis horas antes de terem que parar para descansar porque Salom sentiu o chamado da natureza lhe convocando. Conan e Mono não se afastaram de Lídia nem por um momento enquanto aguardavam o retorno de seu companheiro. Os jovens realmente eram muito resistentes e nem pareciam cansados. Mono estava focado e concentrado em Lídia, enquanto Conan vigiava os arredores, seus olhos paravam às vezes em Mono e depois voltavam a executar sua tarefa.

      O vento causou o farfalhar das folhas e as sombras projetadas por elas dançavam no chão. O sol brilhava forte no céu, mas mal dava para vê-lo. O mais evidente ali era a beleza selvagem da natureza em seu estado inexplorado e intocado por humanos. O lado de fora sempre foi tão lindo? Mono estava cada vez mais animado e um traço de calor cintilou em seus olhos prateados. Olhos cuja coloração sempre provocou comoção na vila por causa de sua raridade e elegância. Eram esfumaçados e possuíam um aspecto de névoa neles, que carregava frieza e seriedade durante o serviço, e uma neblina calma e inalterada nos dias comuns.

      Comparado aos olhos, seu cabelo castanho escuro era muito normal. Mas essas características e sua pele negra bonita compunham sua aparência requintada e desejada para chamar atenção. Quando confrontados por essa figura encantadora, todos exceto por Conan, se sentiriam levemente envergonhados. Mas a única exceção para essa regra também era muito bom, com seu cabelo preto, olhos verdes como esmeraldas e pele pálida. Um só vestia roupas de tons neutros e o outro apenas usava preto. Lídia contrastava em termos de cores no meio dos dois com seu cabelo vermelho vibrante. O trio era bem formado nesses quesitos.

Floresta dos Demônios de PesadelosOnde histórias criam vida. Descubra agora