Capítulo Único

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[...]

- Eu disse 'pra me parar antes. - o ruivo disse caindo de joelhos assim que recobrou sua consciência. Estava exausto. Seu corpo doía.

- Eu ia, mas 'tava tão divertido, de assistir você... - Dazai provocou. A verdade era que, no fundo, o detetive tinha um fraco por Chuuya quando o ruivo se deixava corromper. Aquele olhar louco e atitudes inconsequentes o deixavam um tanto quanto animado. Embora ele nunca fosse admitir aquilo em voz alta.

- Eu usei a Corrupção porque eu confiei em você. - ele fez uma pequena pausa e socou o peito do mais alto, apesar de não ter forças para tal. - 'Pra mim já chega, eu 'tô muito cansado. Me leva embora daqui, Dazai... - foi a última coisa que conseguiu dizer; e se desfez por completo sobre aquele chão.

- Pode deixar comigo, meu parceiro.

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Algumas horas haviam se passado (Nakahara não sabia ao certo quantas) quando tornou a abrir os olhos ao sentir algo úmido e frio tocar seu rosto. Acordou de sua dormência um pouco no susto, sua visão demorou alguns segundos para se estabilizar. Estava escuro, mas não breu total. Viu algo em sua frente que parecia se mexer e apertou os olhos como se tentasse corrigir sua visão. Assim que a nitidez melhorou, passou a ver aqueles cabelos escuros e sabia exatamente de quem eram.

- Dazai? - ele chamou com voz rouca e um pouco de dificuldade. O mais alto o fitou e deu um sorriso.

- Bom dia, flor do dia. - disse apesar de ser de noite. Chuuya começou a se situar melhor, como se seus sentidos estivessem voltando a funcionar. Percebeu que a umidade que tocava seu rosto era um pano molhado que Dazai usava provavelmente para limpar seus ferimentos. Percebeu também que estava com menos roupas, mas não tinha certeza se estava apenas de cueca ou se havia algo cobrindo seu abdômen. De qualquer forma, não estava se importando tanto para tentar descobrir. Olhou ao redor do ambiente, mas a escuridão dificultava seu reconhecimento.

- Onde estamos?

- Na sua casa. - Osamu respondeu calmamente.

- Como sabe onde eu moro? - perguntou antes de sentir Dazai retornar com aquele pano molhado ao seu rosto.

- Eu te trouxe em casa uma vez, lembra? - ele disse. - Nunca mais esqueci. - fez uma pequena pausa em seguida. Havia acabado de limpar o ruivo. Amassou o pano pouco ensanguentado com as mãos e o jogou em uma lixeira próxima. Haviam outros panos descartados dentro dela, pelo visto Dazai havia tido um pouco de trabalho. - Bom, - voltou a falar, se pondo de pé. - acho que eu já vou indo, é melhor você descansar.

Chuuya arregalou os olhos.

- Não! - disse segurando a mão do moreno, que parou para olhá-lo como se não estivesse esperando por aquilo. Nakahara continuou: - Não vai embora... - pediu.

Dazai deu um sorriso leve e se permitiu derreter um pouco com a cena. Uma pessoa sonolenta pode fazer as mesmas coisas que um bêbado faria e, quando se tratava do ruivo, o detetive sabia que a regra se aplicava com perfeição. Se agachou, diminuindo a distância entre ele e o rapaz.

- Mas eu não posso ficar, Chuuya. Onde eu vou dormir? - perguntou retoricamente, tentando mostrar ao mafioso que não havia como aquilo se concretizar. No entanto, para sua surpresa, Nakahara reuniu forças suficientes para se deslocar à extremidade do colchão de solteiro onde estava deitado e terminou por dar dois tapinhas na área livre, indicando que Osamu poderia se deitar ali. Dazai abriu um sorriso e se levantou uma última vez para tirar seu sobretudo. Não adiantaria continuar negociando: sabia que Chuuya não se aquietaria enquanto não se deitasse com ele, e assim o fez. - Tem certeza de que não se importa? - perguntou apenas por garantia.

Behind ep.21 (Soukoku)Onde histórias criam vida. Descubra agora