Chegada

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Quarta - feira, 06 de Janeiro de 2021

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Quarta - feira, 06 de Janeiro de 2021

O vento bateu contra o rosto calmo de Himari assim que ela pisou para fora do jatinho.

O aeroporto particular era simples, a pista escura com as marcas que indicavam o caminho, a torre de controle ao sul, como um prédio grande e impessoal. O chão era de concreto escuro, sujo e com algumas pinturas pretas e amarelas.

O cheiro das árvores tomou as narinas dela assim que respirou fundo o ar gelado. Ela finalmente estava em Tóquio outra vez.

- Himari - Inui chamou da ponta de baixo da escada do jatinho - o carro já chegou, vamos.

Inui a encarava com os olhos azuis frios e claros, lembrando-a gelo. Ele usava um terno preto de risca de giz, que apenas deixava seus cabelos loiros-palha mais claros, assim como sua pele, como se fosse um anjo ou algum ser divino. Mas a cicatriz de queimadura em seu rosto e a feição gélida quebravam por si só qualquer rastro delicado que ele tivesse na aparência.

Ela concordou com a cabeça, mas não disse nada. Segurando o corrimão, ela desceu a escada com leveza, de forma com que os saltos de sua bota longa mal tocassem o chão e deslizassem pelos degraus. A escada era branca, assim como o pequeno avião, era simples e parecia frágil, um contraste interessante com todo o luxo e imponência que o interior do jatinho tinha.

Quando encontrasse Makoto não deixaria de dizer a ele sua humilde opinião sobre aquelas escadas.

Assim que pisou em terra, Inui a encarava.

- O que foi? - Himari perguntou com as sobrancelhas erguidas. A bolsa preta de couro estava em seu braço direito, enquanto seu corpo era agraciado por um casaco de imitação de peles que mostrava-se ineficaz em mantê-la aquecida do clima gelado. Provavelmente porque por baixo do casaco ela estivesse com um vestido preto liso de mangas compridas.

Inui ponderou por alguns instantes, encarando o rosto dela.

- Tá tudo bem? - ele perguntou e Himari não pode evitar o sorriso irônico.

- É só uma cidade, Inupi - ela respondeu enquanto negava com a cabeça -- Eu não sou uma descontrolada.

Ele a encarou por alguns segundos, o rosto duro e frio como sempre.

- É, você não é.

Os dois caminharam em silêncio em direção ao Cadillac CT50 onde o motorista já estava posicionado.

A postura dele era impecável, costas retas, queixo erguido, rosto inexpressivo ao mesmo tempo que carregava olhos cordiais. O terno era preto, abotoado da forma correta e a gravata preta bem posicionada. Os cabelos eram curtos e bem aparados, enquanto a barba estava bem desenhada, emoldurando a mandíbula.

- Bom dia, Iekami-Sama - o motorista disse enquanto fazia uma reverência, dirigindo-se a Inui - Bom dia, senhorita. Bem-vindos à Tóquio.

Himari encarou os olhos cordiais do homem à sua frente, que abria a porta traseira indicando para que eles entrassem. Ela desceu os olhos por toda a postura do homem, impecável e bonita, ele era um motorista profissional que sabia se portar, era o tipo de pessoa que ela aceitava contratar. Porém, Himari não tolerava erros.

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