Capítulo 2 -

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Algo que Scaramouche conseguiu perceber após sair da sua temporária prisão, foi que Kazuha realmente tem uma mágica por cima de sua tripulação. Claro, ainda tem aqueles homens machucados o olhando torto nos cantos, mas o resto das pessoas chegaram a cumprimentar o novo membro a bordo com animação.

Se estão sendo cachorros em coleiras pelo Capitão, ele realmente não sabia dizer muito bem, mas que Scaramouche gostou do tratamento não se pode negar.

Kazuha observava de longe o criminoso interagindo com o resto do povo ali presente, um sorriso gentil colocado perfeitamente em seu rosto e um olhar doce para acompanhar. Seus traços escuros rebatiam no sol e ficaram suaves. Que máscara perfeita, Ballader. Impressionante. Ele não pôde conter o riso debochado que saiu dos seus lábios ao pensar nisso, mas era de se esperar que um Harbinger saiba usar as técnicas nas suas mangas.

As luzes solares se tornaram mais fortes desde que os dois caminharam para o convés. Sentindo a brisa quente rebatendo em seus cabelos albinos, que fizeram cócegas no pescoço, Kazuha percebeu que era um aviso do meio dia. Olhos vasculharam ao redor, porém a única coisa encontrada é água e mais água, o de se esperar.

Se fosse outra coisa, talvez tivesse sido um pouco mais preocupante.

Pode se dizer que um capitão também pode ser multi-uso, como um companheiro do braço direito de Beidou, Kazuha aprendeu também culinária marítima. O que, na verdade, nunca o incomodou de aprender, afinal estar em alto mar requer ter seus riscos igualmente. Além de poder ser ainda mais útil nas situações futuras.

Sua última checagem nas caixas do andar debaixo, vulgo o esconderijo do pequeno invasor, notou nenhum dano ou falta de suprimento dentro das mesmas. Estavam totalmente abastecidas, ainda em boa qualidade. Talvez esse pequeno ladrãozinho de meia tigela tenha um pouco de senso no fundo do seu cérebro, mesmo que não seja muito, pelo visto anteriormente.

Ele carrega consigo as brisas intensas das tempestades, não sendo aparente qualquer relaxo ou canto de pássaros juntos. Parece perigoso, mas ao mesmo não tanto. É peculiar, até requintado.

Kazuha virou seu corpo para atrás por um momento, apenas para observar Ferndinando segurando o timão firme e forte, na direção correta da viajem. Era bom ver que podia confiar no homem o suficiente para lhe deixar comandar as direções, ele quase podia sorrir para esse pensamento. Quase.

O fato era o seguinte: Scaramouche tinha a informações correta da real direção do tesouro, mas ele não falou nada sobre isso até agora. Ele nem sequer falou algo sobre o tesouro ou sua localização.

Com isso em mente, Kazuha se coloca na direção do ladrão, interrompendo educadamente a conversa com que o outro estava tendo com uma das moças. - Minhas desculpas pela interrupção. - A mulher abre um sorriso para seu capitão enquanto segurava mais firmemente as cordas entrelaçadas nas próprias mãos. O olhar despreocupado dela já dizia que não havia problema algum em ter te interrompido. - Eu precisarei conversar com nosso convidado, se importa se eu o "roubar" um pouquinho?

De resposta, Scaramouche o olhou em desaprovação. Certamente a conversa dos dois não estava sendo tão interessante para ele. Do que ele está reclamando agora? Por outro lado, ela apenas acenou com a cabeça, voltando ao trabalho do navio em seguida.

Kazuha agradece a mulher logo antes de que já estivesse se afastado da mesma, com um pequeno puxão na roupa alheia, um sinal de que era para o ladrão lhe seguir ao noroeste da embarcação. Foi totalmente audível o bufo "baixo" que recebeu em troca. - Não aja como se derrepente se importa de conversar com meus tripulantes. Sua máscara pode funcionar com eles, mas não comigo. - Ele sussurrou entre os dentes ao garoto o seguindo por trás.

Reis do Mar - KazuScaraOnde histórias criam vida. Descubra agora