A cidade sem amor!
Sem amor?
Mesmo com sereias,
diabas
e corpos sem juízo flutuando por aí?
Com pães de Lancellotti e sheik aquecendo corações ralos?
Chavosos afroeducando?
Benças e axés das tias no adeus do busão?
Ewertons Carvalho justiçando Luizes e Gustavos?
O aço que cresce nos portões
parece aquela pequena flor
Que deseja a vida
mais que o concreto persiste em ser duro
mas esse aço
Ah, não!
Esse aço não busca a vida,
não busca o sol
Ele repele o calor,
principalmente o restinho nos corpos sem casa
Esse é o não-amor da cidade?
Os pixos gritam:
EU RESISTO!
EU EXISTO!
Eu não vou morrer!
Eu não vou morrer!
Eu não vou morrer!
Cidade linda?
Essa cidade não tem amor!?
Porque parece que a dor
persiste mais fácil que o amor?
Será porque é preciso do outro para construir um lar,
mas morrer,
morrer se faz sozinho?
Porque só se precisa de um para usar uma lampada
mas quantos de nós para retirar os estilhaços?
O que é um terreiro sem seus filhos?
Um território sem sua memória?
A amizade sem correspondência?
O que é a cidade sem o amor?
Se um buque são flores mortas
Sejamos estaquias!
Sejamos slams!
Poesias
e
Amor.
