7 - seria bom se você saisse da minha vida.

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Pov - Kirishima Eijirou.

Mesmo dia.

— fizeram o que, Shoto? - Midoriya pergunta, com a mão no ombro de Todoroki.

— ... Nada, estão apenas arrumando a sala, porque foram instruídos á isso. Vamos, Midoriya. - o bicolor segura a mão de izuku e o leva embora.

— que gay. - Katsuki fala, e eu o encaro, apreensivo.

— que?! - volto a arrumar as carteiras.

— eles são muito gays, eu aposto que estão fazendo coisas gays, em lugares gay, de forma gay.

— meu Deus. - apenas termino a conversa, talvez eu esteja com raiva do Todoroki de ter entrado bem naquele momento, mas não posso deixar isso me consumir.

— Kirishima, esquece. - ele fala, arrumando o outro lado das carteiras, em quanto passa um pano nelas.

— do quê? - paro o que estava fazendo, assustado pelo motivo do rapaz ter me chamado pelo sobrenome, em vez de ser por algum apelido, ou até pelo primeiro nome.

— disso, esquece do que rolou hoje. - ele respira fundo, encarando a carteira.

— o quê? Como assim? - continuo o olhando, meio indignado.

— finge que nunca aconteceu, se você abrir essa boca e contar para os outros o que aconteceu aqui, vão me achar fraco e vão me subestimar.

Como pode ser capaz de dizer essas coisas de forma tão espontânea?

— do que você está falando?! - ergo a voz, e me arrependendo no mesmo segundo, mas respiro fundo e tento manter a calma.

— eu falei para você não ficar pensando no que aconteceu, e estou falando para você fingir que nada aconteceu.

— fingir que nada aconteceu, Bakugou? - olho para o chão, sem acreditar nas bobagens que estava ouvindo.

— Eijirou... - ele vem até mim, colocando a mão no meu ombro, que eu jogo para o lado.

— FINGIR QUE NADA ACONTECEU, BAKUGOU? VOCÊ ME BEIJA E CINCO MINUTOS DEPOIS, QUER QUE EU ESQUEÇA? COM QUANTAS PESSOAS VOCÊ JÁ FEZ ISSO? JÁ FOI BABACA COM QUANTAS DELAS, EIN?!

Bakugou respira fundo, com certeza está surtando por dentro, mas eu não estou ligando nem um pouco agora.

— EU NÃO TO ACREDITANDO NO QUE ESTOU OUVINDO, TEM IDEIA DA BURRICE QUE ESTÁ FALANDO? VOCÊ É IMBECIL?

— TALVEZ EU SEJA IMBECIL, KIRISHIMA, TALVEZ EU SEJA IMBECIL POR QUERER TER TIDO UMA AMIZADE COM VOCÊ, TALVEZ EU SEJA IMBECIL POR TE CONFIAR MEUS SEGREDOS MAIS OBSCUROS, TALVEZ EU SEJA IMBECIL POR AINDA INSISTIR EM CONVERSAR COM ALGUÉM TÃO INCOMPETENTE COMO VOCÊ. ENTÃO É, TALVEZ EU SEJA MUITO IMBECIL, KIRISHIMA.

— EU TAMBÉM SOU, TAMBÉM SOU MUITO IMBECIL POR TER QUE AGUENTAR VOCÊ E SEUS SURTOS INÚTEIS, NINGUÉM QUER CONVERSAR COM VOCÊ, MAS EU INSISTO NESSA PORRA, E EU DEVIA PARAR DE SEGURAR O QUE JÁ FOI EMBORA A MUITO, MUITO TEMPO.

— SERIA BOM SE VOCÊ SAÍSSE DA MINHA VIDA, SERIA ÓTIMO SE FOSSE EMBORA, QUEM IA REPARAR, CARA? FAZ ISSO, SOME DESSA ESCOLA PARA POUPAR OS OUTROS, SE VOCÊ SE IMPORTA TANTO COM ELES ASSIM!

Foi a última coisa que Bakugou disse, ele foi embora sem dizer mais uma palavra, em quanto eu fiquei lá, sem forças para me manter em pé.

Caí de joelhos no chão, e minha primeira reação foi começar a chorar, chorar muito, meu peito doía, eu sentia falta de ar e minhas mãos tremiam muito.

— Kirishima? - não consegui prestar atenção em quem tinha chegado, eu já não ligava mais para nada.

— Eijirou, é o Izuku, você tá bem? Respira fundo, se acalma, por favor... - Deku se ajoelha de frente para mim, segurando meu rosto, eu, por vez, não conseguia dizer nada, havia tantas coisas á serem ditas, mas não sabia nem por onde começar, eu apenas chorava, chorava como um bebê.

— Eijirou... - ele murmura, me puxando para um abraço forte, eu desmoronei em seu braços, em quanto não conseguia pensar em nada.

Minhas mãos ainda estavam trêmulas e eu apenas desejava não estar lá, desejava ter ido embora, igual Bakugou disse.

Eu fiquei lá mais uns minutos, até meus soluços se diminuírem um pouco.

— olhe para mim, nos meus olhos. - ele segura minhas bochechas, fazendo com que encare aqueles olhos verdes.

Os olhos dele transmitem tanta... Paz, não entendo, seu olhar me trás alegria.. Mas nesse momento, nem um sorriso dele me alegraria.

— ei, vem aqui! - ele me levanta, sorridente, e eu vou atrás.

Nós vamos até a janela, que dá a vista à uns ipês e à quadra da escola.

— meu Deus, eu to muito cego, Eijiro, me ajuda a ver o que você enxerga a partir dessa janela! - o rapaz diz de forma destemida.

Eu limpo as lágrimas dos olhos com as mãos trêmulas, arrancando força do nada para dizer as coisas mais simples.

— ... Olha, as árvores, estão cheias, e bem bonitas... Também... Tem os... Os bancos... Os alunos sentam muito... Muito lá... No... No recreio. - faço várias pausas, tentando controlar a respiração.

— entendi... - ele parecia pensar em algo, eu sabia o que era, mas não queria responder à tal pergunta.

— ei, vamos no meu dormitório? Tenho um monte de filme que to enrolando para ver, porque é chato assistir sozinho.

— ta.. - desvio o olhar, ainda me sentindo muito mal.

— se concentre em suas mãos. - ele segura minhas duas mãos, me lembrando de que ainda estavam trêmulas.

Eu sabia que Izuku tinha vários problemas com os dedos, ou até mesmo com os braços, pois já tinha quebrado e requebrado vários ossos, resultando em mãos trêmulas. Ele me disse que seu caderno tem ficado mais relaxado, e sua caligrafia tinha piorado, aquilo me partia o coração.

— desculpe. - murmuro.

— eu não sei o que houve, e não vou perguntar, mas olha, vai ficar tudo bem, okay? Eu to aqui para tudo o que precisar, Eijiro.

As palavras que Bakugou disse tinham sido como facadas, e o que Izuku disse, completou o assassinato.

— sou... Sou eu quem devia ajudar, sou eu... - coloco a mão no peito, sentindo a ansiedade voltar.

Eu não sou acostumado à isso, não sei reagir a pessoas falando essas coisas para mim, porque foi sempre o contrário, sempre sou eu quem falo...

Deku me abraça, mesmo sendo um pouco menor que eu, ele me abraça forte e eu retribuo, voltando a chorar em seus ombros, me sentindo destruído com o que aconteceu.

UM GAROTO!/ kiribaku [Concluída].Onde histórias criam vida. Descubra agora