8 - uma história tem dois lados.

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Pov - Katsuki Bakugou.

Mesmo dia.

Sai daquela sala sem dizer mais uma palavra, deixando Kirishima sozinho, andei um pouco sem saber o que fazer, até chegar nos armários e ter um tempo para respirar.

— olá. - ouço uma voz conhecida.

—... O que você quer, todoroki?!

Me sentia tonto, não sabia direito o que fazer, não queria parecer fraco.

Mas eu estava querendo chorar, chorar muito.

— parece perplexo. - ele vem até mim, me olhando igual olhou daquela vez, como se soubesse todos os meus pecados.

— é, culpa do filho da puta do Kirishima. - respiro fundo, tentando não explodir tudo.

— vocês não pareciam estar brigando quando fui na sala de aula.

— e você? Tava fazendo o que lá com o Deku, ein?

Todoroki sorri de canto, e eu fico surpreso por nunca ter visto o garoto sorrir.

— o que houve, Bakugou? - ele muda o assunto, e eu sinto meu estômago revirar só de lembrar.

ele aconteceu.

— você não parece bem. - ele questiona, se encostando na parede.

— CALA A BOCA!.

Abaixo a cabeça, meu peito dói muito, sinto o sangue correndo pelo meu corpo, e vejo minha visão embaçar.

Algo aconteceu, mas eu não vi, porque cai no chão.

. . .

— ... sim, pai, eu já entendi... Não, não preciso que me treine novamente... Eu não posso, pai, estou ocupado aqui. Com o que? Eu não tenho pausa, pai, não adianta. Porque quer tanto me ver?...
Mas não dá, eu estou sendo since....
Tudo bem, fim de semana, pai, até.

Ouço um longo suspiro, eu sabia que estava em meu quarto, e sabia que a voz era de Todoroki, e sabia também que ele estava brigando com o pai, mas decidi ficar quieto.

Não demorou nem dois minutos, alguém ligou para o celular dele novamente.

— ahn... Alô?... Ah, olá senhora Bakugou.

O QUE?! É O MEU? O QUE EU FAÇO? NÃO POSSO LEVANTAR, MEU DEUS PORQUE MINHA MÃE ESTÁ ME LIGANDO?!

— sim, está tudo bem, eu e Katsuki estamos treinando, ele foi beber água, desculpe a intromissão, posso dizer que ele te ligou, e ai ele retorna. Não, tudo bem, eu aviso... Ah, me chamo Shoto Todoroki. Obrigado... Tudo bem.. Não, não foi nada. - ele desliga.

Ta, acho que não era nada demais.

— não é mais fácil dizer que acordou? - ele murmura.

— tsc, eu só não quero levantar. - disfarço, repreendendo á mim mesmo de tomar mais cuidado.

Quando me sento na cama, vejo Todoroki no final dela, apoiado na parede.

— o que aconteceu? - questiono.

— você desmaiou no corredor.

— devo ter caído de mal jeito, porque to todo dolorido...

— acha que eu te carreguei no colo? Peguei seu braço e fui da U.A até seu dormitório, tipo levando um saco pesado de lixo.

— O QUÊ?! E SE EU MORRESSE?

ele deu de ombros, com o mesmo olhar de peixe morto de sempre.

— vai falar agora o que houve? - ele questiona, de perna de índio.

— não. - desvio o olhar, sentindo a mesma vontade de chorar de antes.

— eu te trouxe até seu dormitório, é o mínimo que eu mereço.

— vai me falar porque seu pai tava te obrigando a encontrar com ele? Porque a gente não pergunta, ein? - chego perto de seu telefone.

— ligar para Dad. - sorrio satisfeito, quando percebo que seu celular ligou.

— Bakugou.... - ele apenas ameaça, o que me faz querer mais ainda que seu pai atendesse.

ligando para Daddy. - o celular responde.

— TODOROKI? - o encaro, rindo.

— TA, CHEGA. - ele fica mais vermelho que seu cabelo, e tenta tomar o celular, mas pego o telefone primeiro.

— oi, Shoto? - Por mais que eu tivesse uma suspeita, fiquei de queixo caído ao ouvir a voz de Deku.

— oi, Izuku, não é nada demais, desculpe. - Shoto toma o celular de minha mão, e coloca a mão na minha boca, para não me fazer falar nada.

— tudo bem! Ainda vai na casa da minha mãe hoje, né? Ela quer muuuito te conhecer! - ele comenta com voz doce.

Eu podia ter rido, podia ter tirado a mão de Todoroki e ter zombado deles, mas fiquei cabisbaixo, porque eu fiquei pensando em como seria eu ali, eu e o... O moleque que eu deixei sozinho na sala depois de gritar com ele por um motivo bobo.

Shoto acabou conversando com Deku, e eu fiquei lá, pensando na merda que fiz, sem perceber, comecei a derramar diversas lágrimas, tentava respirar fundo e controlar aquele sentimento horrível, mas não conseguia, eu perdi o garoto mais legal porque fui um imbecil, eu não sabia lidar com aquilo, eu baixei a guarda ao beijar o Kirishima, eu adorei e esse foi o problema, as pessoas vão me ver como vulnerável, eu não quero parecer vulnerável...

— vem. - shoto segura minha perna e me faz cair da cama.

— O... O QUE!? MAS QUE PORRA É ESSA?! - eu tava chorando, tava triste, mas agora, tava querendo matar Todoroki.

— vamos sair. - ele fala.

— ME SOLTA, CARALHO!

— agora vamos descer as escadas, Bakugou.

— TODOROKI, SEU...

UM GAROTO!/ kiribaku [Concluída].Onde histórias criam vida. Descubra agora