Encontros

Capítulo 5 - Não posso contar

Após aquela noite cansativa, Andrew tinha ido embora, Megan continuou em casa e minha irmã foi dormir na casa de sua amiga. Ainda estava tensa com o que andava acontecendo comigo, e por conta de meus pais terem falecido... Entrei em um sono longo.

A noite caiu silenciosa, e eu andava tranquilamente pelas ruas de meu bairro, havia uma intensa neblina sobre o céu e que percorria sobre meu corpo a cada passo que eu dava. Ela estava cada vez mais esbranquiçada naquela noite de lua cheia. Vi uma casa abandonada em uma esquina, nunca tinha prestado atenção nela, é como se ela nunca tivesse existido. Caminhei de encontro, e não sentia medo. Estava ouvindo muitos ruídos e muito barulho, como se alguém estivesse sofrendo por algo. Parei na entrada da casa, a porta era velha e a madeira estava desgastada, lentamente peguei na maçaneta dela e fui abrindo-a aos poucos. Arregalei os meus olhos e vi que era Andrew se tornando um lobisomem... Aquilo era real?! Via o sofrimento e a dor no fundo do olhar de Andrew, mesmo não tendo uma amizade forte com ele eu tentei ajuda-lo, controlava a dor dele com o meu pensamento. Como assim? Eu amenizava a dor das pessoas com meu pensamento? A respiração dele era totalmente ofegante, a dor foi passando mais a transformação ocorreu. Ele por inteiro era um lobisomem, um lobisomem forte e grande aparentemente. Virei minha cabeça e apenas vi sua sombra correndo pela floresta...

Megan me chacoalhava para me acordar, íamos na escola naquele dia chato e chuvoso. Me levantei da cama com a cabeça confusa e ia para o banheiro, fazendo todas minhas higienes. Liguei para saber de minha irmã, e estava tudo bem! Megan começa a conversar comigo...

- Bom diaaaaa. - Ela deu uma empolgação grande naquele ''dia''.

- Bom dia, Megan. - Sorria gentilmente para a mesma.

- Você dormiu bem? Vi que ficava se virando toda hora na cama.

- Eu dormi. Mas tive um sonho não muito agradável...

Precisava contar para Megan o que andava acontecendo comigo, aliás ela era minha melhor amiga, e o namorado dela apareceu em meu sonho.

Megan já queria saber logo quando eu terminei de dizer sobre o ''meu sonho não muito agradável''. Eu virei para ela e me sentei na cama, respirei fundo e indaguei:

- Olha, eu vou te contar Megan, não vou esconder nada de você. Antes dos meus pai morrerem eu já estava sentindo alguns pressentimentos muito ruins, não conseguia dormir bem, e tudo me assustava. Hoje novamente tive um sonho, que possivelmente vire minha roti...

- Tá bom Tessa, conta logo! - Ela me interrompeu de tanta curiosidade.

- Calma Megan, não é assim porra! Eu vou contar pra você, mas sossega tudo em partes... Possivelmente vire minha rotina - Completei. - Era á noite, e eu vi uma casinha velha no final da rua. Eu como estava curiosa fui até a mesma e encontrei o seu namorado virando um monstro, não... Virando um lobisomem, sim um lobisomem. Ele se contorcia e podia ouvir o barulho dos ossos dele se quebrarem, ele estava sentindo muita dor. Eu aparentemente estava mais forte.

- Ah qualé Té, esse sonho não passa de bobagens. Foi só um sonho, cai na real! Não precisa se sentir mal.

- Tudo bem Megan, acredite se quiser, mas nesse instante tem uma pessoa atrás de você. - Dei um riso bem macabro e via a reação de Megan. Ela pulou direto pra cama, e nós caímos na gargalhada.

- Filha da mãe. Eu te mato!

Fui me levantando da cama sem ligar para o que ela tinha dito. Logo fui me arrumar para o colégio.

Chegamos lá, como sempre o mesmo tédio. Aliás, minha vida era um tédio. Eu via as pessoas com um cartaz na mão em tipo de um folheto. Sem ligar muito para aquilo Megan veio me avisar, e disse que haveria uma festa na casa da Sarah, umas das riquinhas do colégio, tinha convidado todo mundo.  Ela me entregou o folheto da festa,  mas não estava com animo, os acontecimentos que houveram tinha me deixado sem astral para nada.

- Vamos Té, por favor! Vai ser legal, e quem sabe você anime um pouco e possa esquecer os fatos de ultimamente.

Eu pensei bem, e logo respondi:

- Tá bem, eu aceito!

Ela sorriu como uma boba e correu no corredor, caçando algo para fazer.

Eu fui direto para o meu armário, arrumando algumas coisas e pegando uns livros para o horário das aulas seguintes. Olhei para o lado e fitei Andrew, arqueei uma sobrancelha e disse:

- Nunca tinha reparado que seu armário era do lado do meu.

- Mas nunca foi. Mudei hoje para cá. A diretora ordenou isso.

- E por que a diretora ordenou isso?

- No corredor que eu estava, sempre eu me metia em alguma confusão.

- Entendi Andrew, agora vê se toma juízo. Você pode perder sua vaga!

- Pode deixar Té. Ah, e aliás eu tive um sonho bem esquisito com você essa noite.

O Andrew não deu tempo de eu perguntar nada e logo deu de ombros, indo para a sala pois o sinal acabava de tocar.

Fechei meu armário e corri para a sala de aula também, me sentava na cadeira mais próxima do Andrew e a vontade de perguntar como foi o sonho estava incontrolável, afinal, eu também sonhei com ele.

Quando a professora estava virada para a lousa passando a matéria, eu peguei meu celular e encaminhei um SMS para ele:

Eu: Que tipo de sonho você teve comigo?

Andrew: Eu não posso contar.

Eu: Porque não? Agiliza ai pô!

Andrew: Eu não vou contar, Tessa.

Eu: Você pode estar ajudando á si mesmo, se me contar.

Andrew: Porque? Você sabe de algo?

Eu: Não sei, não posso contar...

Andrew: Tá bem, você venceu! Me encontra no ginásio depois da aula.

Sem responder nada, desliguei meu celular e dei um breve sorriso para Andrew. Podia ver a curiosidade dele sobre mim, e aparentemente a minha curiosidade sobre ele. Comecei a copiar a tarefa que estava na lousa, mas mil coisas vieram em minha cabeça, bloqueando o meu raciocínio...