Além dos palcos

CAPÍTULO 36 - 10° ANDAR

POV MEL

       Me desperto do nada, recuperando a consciência aos poucos e percebo que ainda estava escuro. Estico meu braço a procura do meu celular, e olho a tela: 5h da manhã. Me dou conta de que estou em volta dos braços de Chay, e lembro do que aconteceu. Levanto devagar e calço minhas botas, sem fazer barulho. No mesmo instante pego minha bolsa e saio logo dali. Pra minha sorte era domingo e ninguém trabalhava, só os seguranças do estacionamento, que estavam a essa altura dormindo, provavelmente. Então não teria como me verem sair parecendo fugitiva. Penso se devo realmente deixar o Chay ai, mas chego a conclusão de que ele sabe se virar.
       Chegando perto da saída de veículos, consigo destrancar o portão e saio do estacionamento tentando chamar um uber direto pra casa.

POV CHAY

          Acordo com uma dor de cabeça horrível, e o sol que bate no meu rosto só piora a situação. Sem ter noção de absolutamente nada, apenas procuro minha camisa com dificuldade e a coloco indo pro banco da frente. Procuro meus óculos escuros no porta luvas, e começo a me lembrar de Mel e da noite que tivemos ali mesmo, no banco de trás. Estranho sua não presença mais aqui, mas to péssimo demais pra pensar em alguma coisa. Preciso ir pra casa, preciso de um banho. Dormi malzásso e a única coisa que quero agora é a minha cama.
         Dirijo com dificuldade, mas consigo chegar em casa sã e salvo.

POV MEL

        Tento não pensar tanto na noite de ontem. E o pior de tudo, é que não posso culpar o Chay pela caipirinha. O que fizemos não se faz sozinho, e eu bem lembro de que eu também queria. Não posso negar que foi bom, mas agora, com a cabeça no lugar, eu não faço nem ideia de como olhar pra cara dele.

POV CHAY

         Mando mensagem pra Mel, assim que me recupero totalmente daquela festa. Eu queria pelo menos saber se ela ta bem. Fico me perguntando se eu não forcei a barra demais e ela acabou cedendo por impulso, mesmo no calor do momento, porque no calor do momento não pensamos em nada. Eu por exemplo não pensei em nada, fui tomado pelo desejo. Na verdade eu não sei o quanto Mel estava consciente também. Não me lembro da noite toda, mas me lembro de falar o suficiente pra gente se beijar e acontecer o que aconteceu.

        Tentei ligar pra ela umas 3 vezes, mas ela tava me ignorando legal. Desisto na 4ª chamada de voz, quando cai na caixa postal. Não faço ideia do que se passa em sua cabeça, mas eu logo saberia, porque amanhã teríamos nossa reunião.

POV MEL

         Chego na Capptive mais cedo, pra evitar de me esbarrar com o Chay por lá. Sei que seria impossível fugir dele hoje, mas eu queria ganhar tempo e coragem.
         Quando abro a porta da nossa sala de reunião e me junto a alguns colegas da nossa equipe, eles me olham estranho.

— Tem alguma coisa errada com a minha cara? – pergunto.

— A gente sabe. – Gabi diz e eu me retraio.