8. Amor orgulhoso

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Odeio minha família.

Odeio o fato de não me respeitarem e me tratarem como um objeto que eles podem locomover de um lugar a outro.

Como bons pais ricos que não se importam com os filhos, eu vivi nas custas de babás, sem conhecer minha própria mãe ou meu pai.

A rejeição me fez fazer coisas para chamar atenção deles. Qualquer coisa para ser notada e olhada como filha. Não apenas uma das suas milhares de posses.

Fiz das minhas férias de verão um grande evento. Festas, escândalos. Logo, o sobrenome tão requisitado e discreto deles estavam em todos os jornais.

Achava que iria fazê-los prestarem atenção em mim. Finalmente.

Mas o que ganhei foi o pior tipo de castigo que nem poderia imaginar.

Para calar os boatos, limpar o sobrenome deles de sites de fofocas tendenciosos e limpar a minha ficha, fui mandando para uma das bases do exército.

Eu. Uma garota. Eu nem sabia limpar um prato direito.

Com apenas uma mochila, sem celulares, chapinha, meus produtos de higiene, nada, fui mandada sem nenhum privilégio para ficar 3 meses em um lugar cercado de homens e mulheres brutas.

Vejo meu motorista partir com lágrimas nos olhos.

— Srtª Cooper. — Ouço o homem de alto porte à minha frente chamar a minha atenção.

Kim Namjoon era o Tenente responsável por me receber. Meu pai e ele eram amigos pelo que entendi. Mas eu nem conseguia olhá-lo sem sentir ódio. Ódio de mim. Ódio daquele lugar.

— Troque suas roupas e vá para o seu alojamento. Recomendo que descanse. Aqui acordamos cedo.

Respiro fundo e sigo para o maldito local que ele indica.

É tudo horrível. Parece um rancho com lona e está lotado de mulheres de expressão ruim.

Eu sinto que elas podem me bater a qualquer momento.

Mas todas se alinham imediatamente quando vêem o Tenente.

— Senhoritas, essa é a nossa novata. Vamos chamá-la de Cooper. Sem confusão.

Uma sequência de movimentos robóticos que me fizeram sobressaltar.

— Sim, senhor.

Ele me dá as costas, me deixando no antro daquelas mulheres que parecem ter mais testosterona que um maromba de academia.

Abraço minha mochila, seguindo a passos lentos até o fundo do alojamento, onde vejo uma única cama livre. Uma beliche. Seu colchão fino me dará grandes dores nas costas, já consigo ver.

— Pode tocar nas coisas, Cooper. Ninguém aqui tem sarna não. — Uma loira, peituda diz.

— Não estou com nojo…

— Essa sua carinha de barbie já fala por si só. Se não parar de nojinho, vai ganhar muita porrada aqui. — Diz outra morena de cabelo curto.

— É assim que vocês lidam com as coisas? Na ameaça? — Inquiro.

Eu tive muitas emoções nas últimas 24 horas. Simplesmente não iria ficar ouvindo sermão de gente estranha. Ainda mais daquelas garotas.

— A gente só não gosta de dondoquinha. É melhor calar essa sua boca. — Outra disse. E ela tinha o triplo do tamanho das primeiras.

Se ela resolvesse me bater, eu realmente estava ferrada. Engulo o meu orgulho e deixo minha mochila em cima do fino colchão.

Me deito naquela tira. Sem trocar de roupa. Não tenho forças.

10 beijos de vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora