Capítulo 7- Síndrome de Superman

68 13 0
                                    

Palavras. Um conjunto de letras reproduzidas em união através de uma série de fonemas anunciados ao vento. Palavras foram o motivo de minha ansiedade durante esses últimos dias, o anseio pelo inesperado e a aspereza da curiosidade. Mesmo sendo sobre algo banal, já faziam toda a diferença. Nos últimos dias tem se tornado recorrente Edward nos contar tudo sobre Elizabeth, uma vez que ele era o único que realmente se aproximou dela de maneira furtiva. Para meus pais era importante saber como uma forma de estudo, uma tentativa de sair da ignorância que os habitavam quanto as distintas capacidades da humana e, dessa forma, garantir a segurança dela e de nossa família. Para Rosalie era um total desperdício de tempo, do qual ela não fazia a mínima questão de ouvir, reclamando a todo momento, e Emmett fazia-lhe companhia.

No entanto, para mim e Alice, essas informações nos valiam mais do que apenas como alívio de curiosidades, nos causavam arrepios e uma ansiedade corrosiva avida por mais, principalmente por estarmos a um bom tempo longe da escola. Não era algo que eu estivesse reclamando, ter que sustentar a imagem de um adolescente era frustrante, mas era a vida que escolhi viver quando decidi ser um Cullen. Entretanto, nesses dias eu preferia estar entre todos aqueles sentimentos transbordantes apenas para poder ter um vislumbre daqueles cabelos negros.

Nos dias que se sucederam a sua chegada eu não fui a escola, Alice, no entanto, persistiu por mais uns dias antes de desistir, completamente frustrada e irritada de toda a situação. Ela odiava estar no escuro e a sensação de incapacidade que isso lhe trazia. Limites sendo testados, dons ineficazes e fome constante, não eram coisas que confortassem o temperamento hiperativo de minha esposa. Passamos todos esses dias nos esforçando para nos controlar, caçando mais vezes do que o necessário, fortificando nossos instintos e ensaiando como seria estar permeados pela presença de Elizabeth novamente.

Carslie nos ensinou desde o inicio a visualizar os humanos como eles eram; seres cheios de vida, com perspectiva, consciência e com um futuro pela frente para ajudar a controlar a sede, não poderia negar que, com tudo o que tenho ouvido, Elizabeth se encaixava em todos esses aspectos. Fazia várias atividades extra curriculares, tinha vários talentos, a mais inteligente da turma; sempre tão perspicaz que percebia os erros dos professores antes deles mesmos, ela inegavelmente teria um grande futuro. Mas era difícil seguir os ensinamentos de Carslie quando apenas a lembrança do cheiro do sangue nos causava um ardor insuportável em nossas gargantas tamanha a fome. Diante de tais fatos, eu e Alice passamos a observar a garota, inicialmente foi apenas para podermos testar nossas forças de vontade e nos prepararmos adequadamente. Ficávamos ancorados em meios aos galhos da árvore robusta e antiga que habitava seu quintal dando uma vista perfeita da janela de seu quarto, escondidos em meio as largas e lustradas folhas, observando a luz que emanava por suas janela por longas horas. Eu tento total ciência que isso era loucura e irracional, mas poder observá-la durante horas realizando suas atividades rotineiras de maneira tão livre era fascinante, ela ser tão humana era extremamente agradável. Ela conseguia ter tantos talentos e os executar com tanta destreza e determinação que me fez, por diversas vezes, a invejá-la. O perfeito controle sob a música, a leveza ao dançar - mesmo que eu não pudesse ver tão perfeitamente como gostaria, minha audição me permitia criar imagens perfeitas em minha mente) - além do som de sua risada quando falava com amigos do Brasil ou brincava com seu cachorro. Era tudo milimetricamente perfeito, tudo o que ela fazia era impecável.

Por mais que eu odiasse ter que admitir isso para mim mesmo, eu estava completamente viciado no cheiro dela, como uma droga da qual eu não queria realmente ficar sóbrio.
Observá-la apenas durante esses pequenos momentos não foi o bastante, não para mim; passei a segui-la, um lado psicopata que eu estava aprimorando, e Alice me acompanhava, muitas vezes.
Vê-la andar de bicicleta, segui-la ao longo da trilha atrás de sua casa todas as manhãs, o seu caminhar nas ruas da cidade para a aula de dança (algo que eu ainda queria ver, mas que por conta do grande movimento nos corredores e a falta de possíveis esconderijos, eu não consegui) ou folhear os livros na livraria que ela ia com frequência logo após as aulas, ficando escondidos entre as estantes.

My Eternal Loves ☆ TwilightOnde histórias criam vida. Descubra agora